terça-feira, 27 de abril de 2010

Rumo à fronteira com o Perú

A sensaçäo é de que näo escrevo aqui há séculos...as coisas têm sido intensas, e muitas, muitas mesmo!

Saímos de Pisco Elqui e daquele vale fantástico para seguir rumo a San Pedro de Atacama...e perguntam voçês, valeu a pena? Bolas, se valeu!!!

ALém de se localizar num vale desértico, ao lado da cordilheira do Chile, mesmo, mesmo perto da fronteira com a Argentina e Bolívia, ainda contêm paisagens indescritíveis e gente "muy buena onda"!

Chegámos numa quarta há noite e a intençäo era de seguir para Salta, na Argentina, umas 2 noites depois...acabámos por ficar 4 e Salta, devido ao prazo apertado que temos para chegar até Lima dia 31, acabou por ter de ficar para o nosso regresso daqui a um mês aproximadamente...e posso dizer que apesar de inicialmente näo haver qualquer intensäo de cruzar novamente a complicada fronteira Chilena, esta terra seca, árida e quase lunar conseguiu semear nas duas a vontade de cá voltar...

O camping onde acabámos por ficar quase a preço de chuva e com oferta de tenda montada e colchäo (sim, porque nós näo transportamos tenda...as pessoas "ofereçem-nos" a tenda!), estáva repleto de gente impecável, desde franceses a chilenos näo houve quem nos desapontásse...muito pelo contrário, foi dos lugares onde quase derramámos uma lágrima ou duas nas despedidas...o que nos vale, é que existe a esperança do reencontro, pois tal como aqui pudémos rever amigos que fizémos no sul do pais, também existe a possibilidade de voltar a reencontrar muita desta gente no Perú e na Bolivia, e os que lá ficaram, quem sabe se näo os veremos se resolvermos regressar áquele lugar de onde todos têm dificuldade em sair!

Vejam as fotos e väo perceber a paisagem...o fenómeno da convivência e ambiente do camping näo dá para descrever, mas posso-vos dizer que tivémos desde churrascos, a "fogatas" (fogueiras) rodeadas de gente de várias nacionalidades e até um tocador de didgeridoo (sim, porque eu ainda näo dou uma para a caixa, mas o meu amigo didge faz amigos com muita facilidade!), a passeios de bicicletas extenuantes em que tempestades de areia se levantam ao ponto de näo ver um palmo à frente do nariz, a sair da cidade à boleia no carro de um Atacameño que além de ser uma simpatia incrivel, ainda nos ofereceu um completo italiano (cachorro quente com abacate e tomate picado) e que ao fim de apenas uma hora e pouco de percurso já nos custava a abandonar, chegando ao ponto do sr., ao se ir embora passar com o dedo debaixo do olho em sinal de tristeza! E acreditem quando vos digo que era um sentimento mútuo que pena näo o termos conhecido antes! Näo há como explicar o fenómeno, mas há qualquer coisa naquelas terras e no modo como influência a relaçäo das pessoas, mesmo nas que se cruzam no caminho de saida da cidade. Sem dúvidam se lá regressarmos, o Sr. Galvarino será uma das minhas visitas!

Entretanto, e apesar do custo em sair de Atacama, já estamos em Iquique. Numa tarde fizémos cerca de 350km há boleia, quase sem esperarmos nada entre boleias...mais um fenómeno...nem um "tusto" gasto em viagem...e ainda bem, porque estou sem dinheiro Chileno e vivo só da boa vontade da minha companheira de viagem que felizmente está cheia da "guita" e possibilita que näo tenha de levantar mais pesos chilenos uma vez que estamos quase a sair do Pais!

A única coisa complicada do dia foi o hostel onde erradamente fomos parar, e do qual acabámos por fugir depois de já termos feito o registro, comido calmamente e ido à net. Claro que tudo isto näo aconteceu sem antes alterar delicadamente os nossos dados antes de partir...digamos que houve uns números de passaporte que se transformaram noutros, uma Inês que se transformou em Inêsi e uma Valadinhas que passou a ser Volodinhes! A realidade é que além de quarto sem janela e camas com colchöes encovados, sem pequeno almoço(até aqui nada de anormal!) ainda fomos recebidas com alguma aldrabice e pouca disponibilidade, preço caro, e ainda ficámos completamente abandonadas na casa! Nem vivalma para nos abrir a porta se quiséssemos ir dar uma volta...ora, as meninas vinham mal habituadas de Atacama que apesar de ter um camping cheio de poeira, cozinha badalhoca, e dormirmos em tenda conseguíamos sentir-nos quase em casa, coisa que aqui parecia difícil e assim sendo "ala que se faz tarde" e fomos em busca do hostel onde o nosso amigo Inglês já estava instalado e esperava por nós. Agora estamos intaladas em caminhas com bons colchöes, óptimo ambiente, e a preço mais baixo, já para näo falar na varanda que temos ao lado do quarto, virada para o mar e com cadeira de baloiço!!

Bem...e assim vos deixo...com um cheirinho à maresia de Iquique, um bocadinho do pó mágico de Atacama e a projecçao do futuro...mais boleia até Arica e quem sabe um quimbóiozito até Lima para encontrar a trupe de 4 estarolas que aí vem a caminho! "A ber" como dizem aqui...Continuem sintonizados, que apesar da falta de tempo continuaremos a dar o nosso melhor para que näo percam "pitada" da nossa grandiosa aventura!

Muitos beijos e saudades de todos!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Elqui

Aproveito a calmaria do Valle del Elqui (mais precisamente Pisco Elqui) para actualizar o blog.
As ventosas já estao juntas e já reiniciaram a subida para Norte. Estamos agora neste lindo Vale, perto de La Serena, no Chile. Hoje estivémos a matar saudades do trekking e fomos subir um pequeno cerro, com uma bela vista sobre a Vila. Nao imaginam o calor que faz aqui durante o dia! Mas à noite vem um friozinho! Ui!
Esta, tal como Uspallata, tambem se trata de uma zona energética, com muito quartzo e um céu lindíssimo. Escontrámos o David, um inglês que tínhamos conhecido em Ushuaia e hoje vamos fazer uma parrilada todos juntos no quintal do nosso hostal. Até tem piscina! Estas mochileiras tratam-se bem :)

Mas quero voltar um pouco atrás:
Nao cheguei a mencioonar que quando passei por Mendoza, fui também ao Aconcágua, a grande sentinela de pedra. Nao pude subir, pois já encerrou a estaçao veranil, mas pude fazer uma pequena caminhada na base e ver o gigante bem de perto. E como aquilo é lindo! Agora percebo o fascínio de alguns amigos meus que já lá estiveram. Agora percebno porque um deles teve necessidade de lá voltar. Agora percebo porque foi este o cenário para o filme "Sete Anos no Tibete".
Ainda em Uspallata tive o prazer de assistir ao filme argentino "El secreto de tus ojos", de Juan José Campanella. É muito, muito bom. Penso que ganhou o ultimo oscar de melhor filme estranjeiro. Recomendo vivamente.
Nao posso tambem deixar de referir mais uma vez as aventuras da fronteira, uma vez que já tive que cruzá-la umas quantas vezes. É um ritrual. Primeiro vamos todos mostrar os passaportes. Depois vamos todos buscar as mochilas e algumas sao aleatoriamente abertas. Depois passa um copo, onde deixamos a gorjeta para o pessoal. E agora tenho problemas sempre que passo na aduana. O meu passaporte tem um numero igual a outro que foi alegadamente roubado no Paquistao.... estao a ver o filme né?

Enfim, entretanto os ultimos dias em Santiago foram muito bem passados. Serviram para recorrer a serviços práticos, que só existem nas grandes cidades e também para alguma folia. Adorei conhecer a Pilar (a mexicana que as Claudia tinha conhecido na Ilha de Pascoa e que nos recebeu em sua casa) e os seus amigos peruanos, euqtorianos, bolivianos... enfim, uma salganhada de imigrantes sul americanos abastados que escolheram esta cidade para trabalhar por uns tempos.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

De volta à realidade

A minha ausência deveu-se a bons motivos, mas de vez em quando também tenho que dar notícias:)
Enfim, depois de Valparaíso, cidade que me encantou (apesar da falta de sol), rumei a Mendoza, já novamente na Argentina, para nao perder o gosto a este saltitar entre os dois países.
Mendoza desiludiu-me. As expectativas eram demasiado altas e afinal trata-se de uma cidade grande e feia, que apenas vive do turismo de aventura nos seus arredores.
Entao fugi para Uspallata.
E aí sim encontrei a tranquilidade que procurava.
É um pueblito pequenino, com apenas 7000 habitantes. Lindíssimo e cheio de boas energias.
Fartei-me de passear, contemplei as estrelas, conheci algumas pessoas da terra e também alguns porteños que fugiram da ruidosa Buenos Aires e se refugiaram no campo. Fiz meditaçao, dei de comer a galinhas e porcos, cuidei de cavalos... renovei-me, no meio da natureza. Fez-me muito bem. Atrevo-me a dizer que foram dias mágicos :)
Agora sigo, com novas forças e a alma mais pura.

Estou de regresso a Mendoza e parto daqui a pouco para Santiago, para me reencontrar com a minha querida companheira, de quem tenho muitas saudades!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Santiago, Viña del mar e Valparaiso

A minha Inês anda entretida em terras Argentinas, e isso deixa-me com a responsabilidade de näo deixar os nossos fäns mal...portanto aqui vai mais uma vista de olhos, mais uma descriçäo e um bocadinho do que os meus sentidos absorvem por estas terras!

Santiago, até agora pouco vi, mas já fui a uma festa com "asado" na cobertura de um prédio localizado na zona a que os santiaguinos chamam de Sant'hathan, numa referência a Manhathan (täo a ver o género?) e ao Bairro da Bella vista onde assisti a demonstraçoes de cumbia e fui abanar o esqueleto numa disco! Quarta à noite há festa prometida no cerro de Santa Luzia, e eu já estou preparada!

Tenho andado acompanhada por uma mexicana (Pilar) que conheci na minha primeira manhä na ilha de páscoa e que aqui me acolheu em sua casa...com ela descobri que os Chilenos näo dançam em festas e nunca se penteiam!! :D Nada como uma colónia de Perúanos, Colombianos, e Mexicanos residentes em Santiago para nos ficarmos com um outro ponto de vista sobre os Chilenos!

Entretanto na ilha de páscoa também conheci LuisFe, um Boliviano que mora em Viña del mar e acabei por aceitar tb o seu generoso convite e para cá vim por duas noites, enquanto aguardo o regresso da minha mais-que-tudo companheira de viagem!!

Estas terras, já descritas pela Inês, fazem-me lembrar Cascais e o Estoril...e ao mesmo tempo däo-me umas impressöes de Lisboa, talvez pelo facto de se desenvolver ao longo de uma encosta por onde as casas descem, e os elevadores tipo eléctrico de lisboa por ela sobem!! É bonita e colorida, e até agora um bálsamo para a minha alma saudosa...Houvésse mais sol, e eu estaria feliz!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Mais um bocadinho de Rapa Nui...

Os dias de tour com o Jhonny foram intensos, mas os outros nao foram menos, embora a um ritmo diferente.
Consegui, depois de lá ir duas vezes, ver o museu da ilha na totalidade...posso dizer que o museu é apenas uma sala, mas como consegui chegar sempre tarde, tive de dividir a visita em dois!

Nesses dias, acabei por aceitar a generosa oferta do Jhonny para dormir em casa da filha dele, que estava desocupada, e que fica ao lado da casa dele, onde na verdade acabei por passar a maior parte do tempo!
Nao consegui ter tempo para artesanatos, nem lojas...acabei por gastar os ultimos dois dias a correr entre o museu, a cidade de Hanga Roa, Orongo e a revisitar a pedra cósmica para testar a teoria de que bússula ali nao funciona( e nao é que é mesmo verdade!? Poe-se louca!!), e regressar a Hanga Oteo, onde jantámos mais uma vez na cabana do Jhonny.

Orongo é um dos ex-libris da ilha! Só consegui chegar lá ao fim do dia, para ver o por do sol e tirar umas fotos muito a correr, mas a sensaçao de estar no local onde esta vila cerimonial do tempo do Homem pássaro (Tangata Manu) se desenvolveu, é algo mais uma vez inexplicável.
A cratera do vulcao está separada do oceano pacífico apenas por uma parede, que está já um pouco derrubada...Consegue-se ver o oceano e o lago no interior da cratera quase sem separaçao fisica, e lá no cimo, num dos lados da borda da cratera, entre o oceano e o vazio da cratera, nasceu esta vila, cujo objectivo era acolher os "chamans" desta altura para assistir à competiçao dos homens que iam a nadar até ás ilhas pequenas, onde estavam os pássaros Manú, que vinham para nidificar anualmente, e depois regressar com um ovo intacto através do mar, que nessa época de ano continha tubaroes e fortes correntes! Só imaginar já é algo de impacto, mas ver...bem...só vos digo para verem a foto e calcularem o nível de exigência desta prova para seleccionar o novo rei da ilha. Esta foi uma fase posterior á dos Moais que representavam os antepassados e que existiam e todos os clas, sendo que cada cla governava uma parte da ilha, que estava totalmente recortada e dividida. O culto a Tangata Manu durou cerca de três séculos, até à chegada dos navegadores europeus. Huuum, andei a ler bem os textos do museu!! valeu a pena ir lá duas vezes!!

O povo da ilha, claramente veio dos polinésios, e têm todos traços fortes e expressoes cerradas que se abrem em sorrisos após uma palavra, mas até lá, percebe-se bem de onde vem a expressao que os Moais têm! Há flores por todo o lado e as mulheres enfeitam-se com elas e usam-nas em colares para receber os familiares e amigos que chegam à ilha. O corpo de cores castanhas exibe-se sem problemas e com roupas coloridas e despreocupadas. Anda-se de mota para todo o lado e a cidade tem um ar pobre, e onde se vê que nenhum investimento foi feito por parte dos chilenos que governam a ilha...nao admira que os Rapa Nui se queiram libertar e unir ao triângulo do pacífico!! Os preços sao caros comparando com os do Chile no continente, e á chegada e partida no aviao, vêm-se muitas geleiras daquelas de levar para a praia ou para o pic-nic, levando-me a crer que tentam sempre a trazer produtos mais baratos do continente.

Conclusao, a viagem foi curta, e infelizmente acabou rápido, mas fica a sensaçao de que apesar de pequena, é uma ilha intensa, cheia de segredos e forças sobrenaturais em que todos os locais acreditam, mas acima de tudo, com paisagens naturais lindíssimas onde se tem constantemente a sensaçao de estar isolado no meio de um oceano imenso no centro do mundo. É um pequeno paraíso e eu sinto-me feliz por ter tido a oportunidade de lá ir! Mas da próxima, pelo menos 7 dias!! :P

terça-feira, 6 de abril de 2010

Jhonny Tucki Hucke

Falar do Jhonny no fundo é falar da minha experiência nesta ilha de Rapa Nui e ao mesmo tempo descrever a essência desta terra...
De expressao fechada ele aproximou-se ao fim do meu primeiro dia de chegada, enquanto esperava de um espectáculo de dança e música com jantar de Curanto feito debaixo da terra ali mesmo onde estava e nessa mesma noite (foi sem duvida uma sorte!)...o sol quente aquecia enquanto comia uma torrada, ouvia o mar e via a linda visto do hostel onde acabei por ficar...
De pele escura, cabelos longos meio ondulados, lenço enrolado no topo da cabeça... os traços do rosto nao negam de onde é, Rapa Nui com muito orgulho e garra! Disse-lhe que estava a pensar fazer uma longa, longa caminhada à volta de toda a ilha mas que nao sabia se havia onde dormir, pois o caminho era longo e teria de o dividir em dois dias, mas o único local habitado é Hanga Roa, a Cidade onde tudo está e acontece...propôs-me, por entre olhos indecifráfeis a ser meu guia, jurou-me que era guia à anos quando duvidei da experiência e hesitei muito em aceitar, porque estou sozinha, sou um alvo fácil e pior ainda para fazer uma viagem de dois dias, dormir algures num local inacessível só com este homem que acabava de conhecer e cuja dureza do rosto nao me permitia sequer perceber se era simpático, interesseiro, se as intençoes eram boas, ou se podia estar nas maos de um qualquer louco...Só no dia seguinte, depois de quase gritar aos sete ventos de que ia fazer a viagem com este homem, avisar uma amiga daqui de que o ia fazer e fazer uma sondagem com as pessoas de cá, é que resolvi aceitar!
Posso, sem dúvida, afirmar neste momento que foi uma das melhores decisoes que tomei até hoje...
No dia em que aceitei levou-me de carro até Rano Raraku, onde se fizéram tantos Moais que até custa a acreditar...consegue-se imaginar que devia ser monstruosa a quantidade de gente que ali trabalhava por dia para talhar aqueles Seres gigantes da rocha...eram vários os que estavam a ser talhados ao mesmo tempo e a sensaçao é de estar perante uma imponencia do Homem, se é que isso se pode dizer!! Fiquei só até tarde, e desci até á costa, para ver o por do sol diante dos únicos 15 moais de pé na ilha.
A casa dele, onde me propôs dormir a primeira noite situa-se entre o vulcao de onde estraiam os moais e a praia com os 15 moais...o local nao tem descriçao e a casa dele, toda aberta para as árvores, completamente feita por ele, com pedra, plantas, animais, cama de rede no exterior, onde depois fomos ver a lua por tras dos moais...nao tem descriçao, nem por foto! Foi uma noite de música, conversa e onde pude depois conhecer o filho, a namorada e cunhada deste.
No dia seguinte, de chuva, seguimos de carro para ver a pedra que era tocada cada vez que nascia uma criança na ilha e o umbigo do mundo, Te Pito Kura, uma pedra magnética, cósmica, redondíssima, usada pelos sábios da ilha no passado...de lá, fomos taé Anakena, praia paradisiaca, onde pude ver corais enquanto o Jhonny foi apanhar cavalos!! Literalmente! Disse-me que esteve com um primo a correr atras de um cavalo, a tentar enganá-lo até que o apanharam com o laço...o objectivo desta luta que infelizmente nao presenciei foi arranjar um cavalo para nos transportar aos dois, e ao material que iriamos precisar para a noite...afinal a coisa prolongou-se para duas noites e acabámos por mudar para cavalo para podermos bater toda a zona de fio a pavio...
Ainda estou com dores nas pernas, de cavalgar sem sela, na parte de trás do cavalo...mas tenho mais pena do bicho que foi um valente a guentar aquele percuros por entre a costa verde, cheia de pedras vulcanicas usadas antigamente pelos Rapa Nui para fazer as suas casa, galinhieros, zonas de cultivo, casas, monumento, cemitérios...um mundo feito de pedra hoje reduzido a uma paisagem linda e ao mesmo tempo triste por deixar antever a civilizaçao que um dia ali houve, e que hoje nada resta...
Acabámos a noite a dormir em Hanga Oteo (mais uma vez indescritivel...tenho esperança que as fotos vos deixem ver um pouco o que é este pequeno canto do mundo!), a chuver, onde o Joni pescou em pouco mais de 20 min nada mais que 4 peixes, um deles de um azul turquesa lindo, jantou-se como se quer, e depois dormimos ali memso ao relento, debaixo apenas de uma cobertura para nos proteger da chuva...teria sido tudo perfeito, se a ilha nao tivésse imensas baratas que saem durante a noite, e que nao me deixaram dormir só de as imaginar em cima de mim, ou a entrar pelo saco-cama...nevertheless...foi uma das melhores experiencias da minha vida estes 3 dias com o Joni, nestas terras deserticas, mas com historia infindável, segredos por descobrir e uma lingua que o Joni quis á laia de insistência que eu fixásse, mas da qual apenas posso dizer que fixei o nome do primeiro rei que aqui veio (Hotu Matu), e que Ana quer dizer gruta...
Entretanto ofereceu-me a casa da filha que esta vazia para dormir estas proximas 2 noites e está neste momento a esculpir-me uma peça de madeira para eu levar comigo nem sei muito bem onde, uma vez que nao me cabe nem mais uma ervilha na mala!! Mas como nao aceitar!?!?
Ainda tenho muito mais para contar, os pormenores sao tantos que nao posso contar todos senao ainda esgoto o espaço de escrita para a Inês contar como têm sido estes dias no continente...
Da minha parte, e daqui deste ponto de terra no meio do pacífico, só posso dizer...que experiência!!!!!

domingo, 4 de abril de 2010

outro (val)Paraíso

Cá está entao a outra ventosa a dar notícias.
Eu nao estou numa ilha paradisíaca mas sim na confusa (mas fantástica)Valparaíso. Cheguei hoje já da parte da tarde e ainda nao consegui ver muita coisa... mas aquilo que já vi promete... é uma cidade cheia de colinas e artistas e grafittis... e também muitos malandros;) E é também muito fotogénica. Assim que puder deixo umas fotos. Deixei o cabo da máquina fotográfica em Santiago...
Ontem passei o dia a passear por Santiago. Caminhei, caminhei, caminhei. Nao consegui sentir o veradadeiro ritmo da cidade pois está tudo a meio gás por causa da Páscoa...mas mesmo assim foi intenso. Acho que gostei mais de Santiago do que de Buenos Aires... mas enfim, é apenas a sensaçao de um dia. Nao dá para comparar. A verdade é que descobri recantos bem especiais, principalmente no bairro da Bellavista. Entrei no mercado central, onde todos os vendedores assediavam os clientes com o seu belo pescado e subi ao Cerro Santa Lucía que tem uma vista poderosa sobre esta cidade gigante que está abraçada pela cordilheira. Aí conheci um senhor de 60 anos que me falou nas conquistas de Pedro de Valdívia, me contou toda a história da sua família e me disse que no seu entender a música dos Beatles mudou o mundo. Rematou com uma frase: "Esteve a falar com um homem feliz" :)
Ao entardecer tive direito a uma excursao privada. Negociei um preço com o moço do turismo e ele levou-me no seu coche a conhecer alguns lugares mais emblemáticos da cidade. Conversámos imenso sobre a história, a política, a educaçao no Chile. Aprendi imenso com o Diego. Acabámos a beber uma cervejinha num bar!
Hoje de manha ainda fui visitar o novo e moderno centro cultural, construido há dois anos no subterrâneo do Palácio La Moneda.
Depois pus-me a caminho de Valpo. É domingo, todos os postos de turismo estavam fechados... estava a ver a procura de alojamento uma tarefa bastante difícil e todos me falavam em preços exorbitantes, mas com um tiro de sorte entrei num cafeziho acolhedor onde me recomendaram um hostal bem porreiro e barato. O edifício é especial e bastante colorido. Depois mostro-vos.
Amanha vou calcorrear! Agora vou fazer a janta e confraternizar com suiços e alemaes...

sábado, 3 de abril de 2010

Rapa Nui

Eis senao quando o vento bate forte fortemente, como quem chama por mim, e nem a ventosa me agarrou ao continente!
Nao satisfeita, lá vim eu espreitar estas terras meu polinésicas, meio chilenas perdidas no meio do pacífico e a 7horas de diferença horária de Portugal!
Queria muito por fotos, mas a net é muito lenta e cara! Portanto vai ter de ficar para mais tarde...para já fica apenas a noticia de que as ventosas foram oficialmente separadas e que esta que aqui vos escreve veio de férias para a Ilha de Páscoa! :D
Posso-vos dizer que já vi Moais, que ja estou instalada num belo hostel, mas em vias de me mudar para um camping por ser mais barato...é que isto é tudo muito bonito, mas custa tudo mais 3 vezes que no continente!!
Para já, primeiras impressoes...o aeroporto é super familiar...sai-se a pé do aviao e quando se chega ao tapete das bagagens, 2 min a seguir, já há familiares felizes a levar colares de flores aos que chegam...o ambiente é quente e solarengo, cheira a erva, a mar e a flores!
No tapete das bagagens chegam imensas geleiras de praia, imagino eu, carregadas de frescos directamente da terra mae!
A ilha é pequena e vê-la do aviao foi uma sensaçao que nao esperava...senti-me ansiosa e expectante...e até agora só posso dizer que corresponde á ideia de férias que esperava ter!
Já marquei o meu batismo de mergulho para terça feira, e as praias de rocha basaltica e este sol fantástico estao a chamar por mim!
Prometo em breve dar mais noticias e por umas fotos...
Até breve...ah...uma curiosidade...sabiam que Rapa Nui é o ponto geográficamente oposto a Jerusalém?!!? Imaginem!! Great expectations meus amigos...great expectations! ;)
Beijos!!!!

Precisa-se título suficientemente abrangente para esta teia

A seguir à desilusao de Puerto Montt, nada como rumar até Villarica. Tínhamos uma ideia fisgada: ir passar um dia às termas. E assim foi. Fomos com uma miuda do Quebec que conhecemos pelo caminho - a Miriane - a qual acabou por nos acompanhar durante alguns dias, revelando-se uma optima companhia! E que bem que nos soube aquelas banhocas quentinhas com águas termais! E o banho de lama!Ui! Daquela que seca e demora imenso tempo a sair do corpo e só lá vai com uns bons esfreganços :)
Estávamos mesmo a precisar de um dia assim, de molho, de sorna junto à piscina.
Entretanto conhecemos uns músicos de rua e ainda passámos uns bons momentos com eles. Numa primeira noite levaram os instrumentos para junto do lago e estivémos a ouvir Vitor Jara e Violeta Parra na doce voz da Mirilyn. Numa segunda noite fomos bailar um pouco de "cumbia" para o pub da terrinha. Eu e a Claudia ainda nos entusiasmamos com o fabuloso mundo do karaoke. Havia imensa música portuguesa para escolher! Imaginem!Aventurámo-nos no célebre "Afinal havia outra" da Mónica Cintra. Achámos que seria o tema perfeito para marcar a passagem destas portuguesas por esta regiao. Qual nao foi a nossa surpresa quando a melodia começa e nos apercebemos que apenas conhecíamos o refrao... ficámos mudas a olhar para o monitor e nao saiu um pio. Esse momento vergonhoso está gravado. Quem quiser assistir ao tesourinho deprimente poderá solicitar. Uma pérola. Catchai?
Enfim, mas repostas as energias com o ar das termas, estávamos prontas para subir ao vulcao Villarica. E lá fomos nós escalar o monstro. Começamos bem cedinho (7h da manha em Pucón), pois existe uma lei que proibe a permanencia de pessoas no topo para além das 14h. E ainda sao umas 4h a subir! Nao é brincadeira! Principalmente quando começa a parte da neve e os pés começam a escorregar e evitamos olhar para as ribanceiras brancas de gelo deslizante. Mas a cratera compensa tudo! É impressionante olhar para a garganta aberta de um vulcao! Principalmente deste, que de vez em quando ainda dá um ar da sua graça e que nos brindou com gemidos e muito vapor. E as cores! Sao lindas as cores da cratera! Uma autentica força da natureza. E a vista que tínhamos lá em cima! Que espectáculo imponente! Muitas vezes comentámos como nos sentíamos privilegiadas e sortudas por estar a viver tudo isto.

Depois seguimos novamente para a Argentina. A nossa amiga Miriane quis acompanhar-nos, pois ainda nao conhecia o país vizinho e achou que seria um bom sítio para comemorar os seus 23 aninhos. Ela é uma aprendiz de biologia marinha que se preparava para vir estudar para Concepcion durante um ano. O terremoto destruiu a Universidade e ela viu-se obrigada a regressar ao seu país. Nao sem antes fazer uma pequena tour com nosotras. Festejámos o seu aniversário (28 de Março) em San Martin de los Andes. Um povoado pequenito e bonitinho, com um lago cheio de veleiros. Comemos um peixe (peixinho!!) divinal num restaurante muito catita e fizémos-lhe uma surpresa com um bolo e uma prendinha. Foi bonito.

Já o meu aniversário foi passado em El Bolson. A estrada até lá é a chamada rota dos sete lagos. Sao todos lindíssimos. Especialmente com a luz do entardecer. Adorámos a paisagem. El Bolson é um pueblito menos turístico, mais a sul. Teoricamente um dos últimos bastioes das comunidades hippies dos anos 70. Conhecemos uma dessas personagens. Um rapazinho que largou a carreira promissora na Plata para vir viver em comunhao com a natureza e tomar banho na água gélida do rio. Está a construir a sua casa segundo métodos artesanais, com bosta de cavalo.
Foi um dia bem passado. Enfeitámo-nos com bijuteria comprada na feira de artesanato dos artistas da terra (a minha companheira ofereceu-me um super colar com uma pedra verde)e depois fomos fazer um belo petisco ao ar livre no pátio do refúgio onde estávamos alojadas. Digo-vos que o repasto foi maioritariamente composto por guloseimas :) Com direito a vela e tudo! Foi um momento emotivo, que recordarei no futuro com bastante prazer.
Ainda ponderámos aceitar um convite para ir fazer a festa com uma grupeta de músicos, mas acabámos por nos distrair com a nossa conversa e o nosso vinho e ficámos por ali na pura palheta (ainda temos assunto depois de 2 meses!). Será que estamos a ficar demasiado velhas? Enfim, os 29 já cá cantam! Por um mesito temos a mesma idade.

Hoje chegámos a Santiago depois de uma viagem interminável e cansativa. Atravessámos a zona mais afectada pelo terremoto mas apenas durante a noite e nao vimos nada. Começamos a ficar habituadas ao folclore da fronteira, de tantas vezes que já a cruzámos. As autoridades chilenas sao muito rigorosas com os produtos que podem entrar no país. Sempre que entramos assinamos uma declaraçao, jurando que nao transportamos fruta, vegetais, sementes, ou derivados de leite. Cuidado com as doenças contaminantes que essas coisas podem esconder! Quanto à minha faca do mato, nao causa estranhesa. Sempre na minha mochila de mao. Mas eu que me atreva a tentar traficar uma sandes de queijo! Que infame! Sou olhada como uma criminosa e segue directamente para o lixo! E no más! O que vale é que o sistema é tao falível que lá conseguimos ir passando umas iguarias camufladas. No minuto a seguir à aduana já se vêem pessoas dentro do autocarro a comer maças.

Amanha a minha companheira segue para a Ilha de Páscoa durante uns dias e eu vou ficar aqui a dar outras voltinhas. Cada uma irá contando as suas novidades. Vao aguarndando. No máximo a partir de dia 10 já estaremos novamente juntas.

Termino com uma curiosidade: até agora encontrámos um único português durante toda a nossa travessia: um guia que se exilou nas Torres del Paine. Mais nenhum sinal de tugas por estas bandas. Conhecemos um trio de franceses em Calafate (com quem marcámos novo encontro no Perú) que estao a dar a volta ao mundo. Já andam há seis meses a viajar pela Ásia, África e agora América do Sul. Nós fomos as primeiras portuguesas que eles encontraram. E assim vos deixo com este facto que dá certamente que pensar.

Até já!