terça-feira, 29 de junho de 2010

Bolivianísses...

Na clínica de saúde, numa recaída de gastro (again!):
Médico- Entäo diga-me lá, de onde é?
Eu- Portugal
uns minutos...
Médico- Entao diga-me lá, de onde é no Canadá?
Eu- Sou de Portugal...
Médico- Ah, pois, já me tinha dito!
Depois de fazer umas coisas..
Médico- Percorreu uma grande distância para chegar até aqui. EU gosto muito do Canadá!
Eu- Pois...mas eu sou de Portugal...tb é uma grande distancia...
Médico- Hummm
um pouco mais tarde:
Médico- Isto aqui até näo está mal de tempo, no Canadá agora é inverno, näo é?


No dia em que eu e a Soléne resolvemos ir à boleia até Sucre no terminal de Samaipata perguntámos:
Nós- O bus para Sucre quanto custa?
Sr.- 90 bolivianos
Nós- Entäo e há outro bus mais barato?
Sr.- Näo, só este.
Nós- E se formos até Vallegrande e de lá tentarmos apanhar um bus para Sucre, será mais barato? Existem autocarros de lá?
Sr.- Sim, de lá podem facilmente ir até Sucre.
Nós- Boa!

Apanhamos boleia de um camiäo até Vallegrande...chegamos de noite e dirigimo-nos ao terminal:
Nós- Boa noite, há autocarro esta noite para Sucre? Queríamos viajar de noite...
Sra.- Näo, para ir para Sucre têm de ir por Mataral..
Nós- Nao?!?! Mas existe uma estrada no mapa!
Sr.- Sim, mas essa rota é muito má, e só há colectivos (mini-bus cheios de gente!) ao domingo e segunda e hoje é terça!
Nós- É que nós acabámos de passar por lá! Nao queríamos voltar para trás e muito menos ter de esperar pelo próximo domingo...Existe alguma outra possibilidade de sair de Vallegrande em direcçao a Sucre?
Sr.- Nao

Dormimos essa noite em Vallegrande e resolvemos tentar no dia seguinte boleia pela estrada má, rumo a sul para nao ter de voltar atrás na rota. No mercado, depois do pequeno almoço:

Nós- Bom dia, sabe se há colectivos hoje para Sucre?
Sra.- Humm...nao sei...ò maria, há colectivos hoje? Sim!? têm de ir até villa Serrano primeiro? Ah, entao têm de ir até à rua X
Nós- sim?!?! entao e a que horas passa?
Sra.- Deve ser lá para as 12h30/13h

Chegadas à rua X somos abordadas por uma taxista:

Taxista- Para onde väo?
Nós- Estamos à espera do coletivo para ir até Villa Serrano..
Taxista- Isso hoje näo väo conseguir! Os colectivos para lá säo só aos domingos e segundas! O melhor que têm a fazer é ir de taxi até XPTO e de lá depois irem de colectivo, que de lá hoje há!
Nós- Nao há colectivo? Disseram-nos que sim!
A Taxista insiste, junta-se gente...cada um opina num dia em que o colectivo passa, mas o que é certo é que nao existe hoje!
Infelizes vamos até à loja do canto ver se havia pilhas, que näo tinhamos...um sr à porta pergunta:

Sr- Para onde väo?
Nós- Queríamos ir até Villa Serrano para chegar a Sucre. Existe colectivo hoje, ou alguma maneira de ir em direcçäo ao sul hoje?
Sr.- Sim, podem apanhar o colectivo até Villa Serrano nos arredores da cidade!
Nós- Mas há hoje?
Sr.- Sim...deve passar lá para as 14h.
Nós- 14h? Disseram-nos 13h!
Sr.- Näo...sigam até à escultura do cavalinho esperem lá e por volta das 14h há-de passar o colectivo!

Seguimos de mochilas ás costas e didge em punho, como havíamos estado desde o início rumo aos arredores da cidade, à procura da escultura do cavalinho.
Esperamos... Passa uma sra:

Sra.- Estao à espera do colectivo?
Nós- Sim!
Sra.- Hoje nao há! Só Domingos e Segundas!
Nós- Mas disseram-nos que havia hoje e que passava às 14h.
Sra.- Olhem que nao...

Resolvemos esperar e ir pedindo boleia até as 15h e se nao passásse nenhum carro desistiamos e andavamos para trás, para Mataral e de lá ir a Sucre! Esse existia de certeza!
15h...pegamos nas coisas e pomo-nos a caminho do terminal. Estado de espírito: Sentimento de frustraçao e de um dia perdido!
A caminho do terminal resolvemos perguntar a uns srs. que nos dizem para esperar até às 17h, que nesse dia havia de certeza 3 companhias que passavam até Villa Serrano e que de lá havia bus de noite até Sucre.
16h30 aparece um bus...negociamos o preço e lá entramos rumo a Villa Serrano! Afinal existia! Perguntamos a uma Suiça que estava no bus até que horas era suposto chegarmos. Diz-nos que no terminal lhe disseram que seria às 19h, mas que quando entrou no bus o motorista lhe disse que seria só as 24h!!!

Nós- E há bus para sucre à noite?
Ela- Näo, parece que o primeiro é às 5h da manhä!
Nós- Bem, com o atraso que o bus deve ter, só devemos chegar à 1h da manhä...näo deve valer a pena pagar quarto...esperamos 4 horas no terminal e dormimos depois no bus!
Ela- Ficarei com voçês!

Chegadas a Villa Serrano à praça central da vila, ás 24h30...perguntamos a um sr. a que horas saem os bus para Sucre. Responde que só as 6h da manhä
Resolvemos esperar na praça e entretemo-nos o resto da noite a conversar na praça, enroladas nos saco-cama.
5h30 da manhä aparece uma sra. Perguntamos a que horas abre o mercado para podermos ir tomar o peq. almoço. Diz-nos que só as 6h. Perguntamos a horas sai o primeiro bus para Sucre...diz que será as 7h da manhä...
6h vamos até ao mercado comer... 7h vamos até ao guichet do bus para Sucre que entretanto abriu com o nascer do sol:

Nós- A que horas sai o bus para Sucre?
Sra.- às 7h30

NO COMENTS!!!!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Êxodo urbano

Finalmente cá estou eu a dar noticias. Nao foi por falta de vontade que nao o fiz mais cedo...simplesmente o acesso à internet tem sido limitado...afinal de contas estou enfiada num Vale no meio do campo :)
Enfim, as saudades apertaram e resolvi revisitar a Argentina, mais precisamente Uspallata. E por aqui tenho estado nesta terra lindissima (é uma pena nao poder mostrar-vos mais fotos deste lindo lugar, mas já sabem o triste fim que teve a minha máquina fotográfica...)a entreter-me com uma série de coisas nomeadamente ajudar (entenda-se que apenas com apoio moral) a preparar um programa de uma rádio comunitária, ir assistir a corridas de galgos com uma família bem campesina que tem 3 niños bem listos, ir passear junto ao rio com o Amador, que é um cao que parece uma ovelha de tao felpudo (e que cresceu imenso desde a ultima vez que o vi!)... correr atrás da porca, quando ela está com as regras e se enfurece e decide fugir da sua "residencia"... enfim, acima de tudo disfrutar desta calmaria e desta rotina "gringa" que tanto me agrada.
Mas entretanto, vale a pena voltar um pouco atrás, para vos dar conta da minha visita ao Museo de la Coca, ainda em La Paz. Foi das poucas coisas uteis que consegui fazer naquela cidade onde nao senti boas vibraçoes...
Enfim, nao quero tecer grandes comentários, mas apenas dizer que,apesar de pequenito e um pouco pelado (já foi vitima de alguns furtos), o museu está bastante completo. No início a pessoa tem a impressao de que está presente apenas uma perspectiva: a da defesa acérrima daquela folha milgarosa, utilizada já desde o tempo dos incas para efeitos médicos (imaginem como era preciso anestesiar o corpo para fazer cirurgias naquela época), espirituais (era também um símbolo de contacto com o divino)e mais tarde como alento para os trabalhos forçados que eram impostos pelos espanhóis.
Mas afinal fala-se também dos tratamentos químicos,da produçao de cocaina e dos efeitos nocivos desta droga no cérebro do homem branco, que a transformou em veneno (claro que sempre segundo a optica de que os países ricos do Norte vieram apropriar-se deste tesouro e sugar todos os seus dividendos (a industria farmaceutica é disso um exemplo paradigmático). A exposiçao termina com a ligaçao directa entre a folha de coca e a Coca-Cola, com a assunçao de que inicialmente esta marca de refrigerante utilizava a coca na confecçao da bebida. Parece que isto é um dado adquirido e eu era das únicas tontas que ainda nao sabia... mas sinceramente nao fiquei convencida... apesar de tudo é demasiado fácil associar este símbolo do capitalismo a uma adiçao mal afamada. Por outro lado o nome é realmente comprometedor...enfim, cada um que retire as suas conclusoes...
Entretanto, por falar em coca, registo ainda outro episódio: o facto de, na minha viagem rumo ao Sul, ter ficado retida durante duas horas na periferia de La Paz, devido ao controle da mercadoria. Aparentemente tinha havido uma denuncia. Aparentemente estava a sair da Bolivia mais coca do que era permitido. Todos os veículos tiveram que ser inspeccionados.
Depois desse contratempo, todo o resto da viagem se desenrolou pacificamente. Intrigou-me particularmente o facto de, no sul da Bolivia, o percurso do autocarro acompanhar e cruzar várias vezes a Panamericana, mas raramente seguir sobre ela. Avistamo-la longa e pavimentada ao nosso lado, mas o motorista insiste em seguir pelos trilhos de terra batida aos solavancos... E de tempos a tempos avistam-se operários que trabalham na sua construçao. Quando tiver mais tempo hei-de investigar mais sobre esta famigerada estrada, projectada desde há tanto tempo, que tanta polémica tem gerado... e que se teme interminável...como as obras de Santa Engrácia!
E por falar em Santa Engrácia, viva Lisboa e vivam os Santos Populares!
Lembrei-me bastante da minha cidade nestes dias e imaginei as ruas cheias de gente, o cheirinho a sardinha assada e a música do bailarico popular.
Espero que todos se tenham divertido muito! A Bica é linda!
E amanha a ver se consigo ver o jogo de Portugal! A vitória será celebrada pela única tuga que circula por estas bandas. prometo dar o meu melhor :p

domingo, 6 de junho de 2010

Segue a aventura...

Pois é...uma semana após, muita coisa já passou e nós sem darmos sinal.
Motivos?
Por onde começar...?
Chegámos a La paz na quinta passada. Cá encontrámos o nosso amigo Alexis e muito rapidamente fizémos mais amigos...Tom, Josú, Cristian, Lorena, Xani...em pouco tempo La Paz revelou-se uma cidade difícil de largar...de tal maneira, que ainda cá estou! :D

Nos primeiros dias tivémos a felicidade de apanhar a festa do Gran Poder, onde infelizmente o Alexis ficou sem carteira e a Inês sem a sua máquina fotográfica...Afinal é verdade a fama que tem esta cidade!! Felizmente que a máquina tinha um cartao com poucas fotos, e já tinha alguma idade...nevertheless, foi uma pena!

Tive oportunidade de ir dançar a uma "Peña" (discoteca local) onde os autóctones nos acolheram com grande meiguice, nao se cansando de nos tentar ensinar a dançar como eles, abanando a cabeça e os braços como uma galinha louca!! Parece estranho, mas cheguei à conclusäo que deve ser a única maneira de conseguir dançar as músicas bolivianas! Já no cortejo da festa do Gran Poder, que tivémos o prazer de apreciar no dia seguinte à nossa chegada, e que dura das 8h da manhä até as 24h, todos dançavam dentro deste estilo mas desta feita com trajes coloridos e máscaras!
No meio da confusäo ainda reencontrámos um casal françês que também esteve connosco em Säo Pedro de Atacama, o Greg e a Cecile.

La Paz revelou-se um ponto de encontro e toda a gente mais tarde ou mais cedo vem aqui parar e estranhamente tem dificuldade em sair!! Eu sou exemplo disso!
Depois das festas e de entretanto também eu ter ficado sem o meu cartäo de multibanco porque uma máquina o resolveu engolir (felizmente parece que o vou reaver na segunda!) resolvi dedicar-me à aventura!

Nada como começar a semana com a famosa estrada da morte de bicicleta!!
Ruta de la Muerte!!
Famosíssima por ser uma estrada de montanha que desce dos 4700m até aos 1200m por entre vegetaçao tropical, onde muitos acidentes aconteceram até que o governo finalmente resolveu pôr apenas um sentido na dita cuja, e mais tarde impedir o trânsito que lá circulava e fazer outra estrada... Posso dizer que mete medo sim sr...Eu ainda por cima apanhei tempo de chuva e neblina.

Éramos 4 (eu, o Josú (basco), e um casal de franceses, Marion e Romain), equipados a meio gás (nada como fazer as coisas na empresa mais barata, ver os outros de capacetes fechados e impermeável e nós de capacetezinho de bicicleta, e molhados até aos ossos!! Ninguém avisa!!!!!) mas sempre de boa disposiçäo!
Eu, como nao podia deixar de ser, era a última! Sempre antes do carro patrulha...chegaram-me a doer os dedos de tanta força a agarrar o guiador, mas fiz tudo, e vale realmente a pena! Nada como uma estrada de pedra, areia e precipício para nos mostrar que a vida vale demasiado!
Para complementar esta sensaçao, tínhamos um guia muito porreiro (de seu nome Elvis) que ia contando as histórias da estrada e referindo os locais onde no ano passado morreu uma pessoa em maio, um guia em agosto (altura em que parece que a terra tem sempre fome e precisa de carne!) por se ter desiquilibrado enquanto tirava uma foto ao grupo, e este ano, há cerca de dois meses uma Israelita...muitas cruzes pelo caminho e eu nem queria imaginar onde acabava o precipicio, pois a neblina impedia que se visse tudo...Felizmente que os travöes nunca falharam!! :D

Depois disto, e uma vez que a grupeta formada para esta aventura funcionou, fui convidada, juntamente com o Basco a juntarmo-nos ao casal françês e fazer um treck de 3 dias pela famosa Ilha do Sol no lago Titicaca! De referir que esta seria a terceira vez que tentaria lá ir, pois com a minha irmä já havia tentado 2 vezes...escusado será dizer que neste momento só posso concluir que só me estava destinado a mim fazer tal visita, pois finalmente os astros permitiram o meu acesso a esta fabulosa ilha localizada neste lago sagrado a cerca de 3800m de altura. O pico mais alto da ilha foi a cerca de 4100m.

No final de 3 dias passou a 4 e foi muito muito bom! As vistas eram fantásticas, as ruinas muito bonitas e a experiência do camping selvagem foi do melhor! E o pôr-do-sol e o amanhecer säo indescritíveis!
Cozinhámos sempre na bela da fogueira feita com o que se encontrava no local onde resolvíamos acampar...nem sempre foi fácil, mas comêmos sempre!! heheh
Ao todo conseguímos o milagre da multiplicaçao, e fizémos render 2 abacates, 0.5kg de kenua, 0.5kg de arros, 5 salsichas frescas, tomate, pepino, 20 päes, duas sopas instantâneas e 4 cebolas para os 4 dias para as 4 pessoas!! Eu näo achei nada mau!!

Agora, de volta ao aconchego do hostel em La Paz, continuei as visitas e hoje fui ver as ruinas Pré-Inkas de Tihuanaku. Valem a pena, mas näo estäo no seu melhor estado de conservaçao e säo muito caras!
Mais...ainda pensei em fazer parapente aqui na fabulosa e autêntica cidade de LA Paz, cuja configuraçao deve valer bem a pena ser vista de cima...mas o preço... :( ...é que isto aqui é barato...mas o meu orçamento começa a ficar reduzido e com tudo oque ainda falta ver neste pais tenho de ser comedida!

Já estäo cansados de ler?
Entäo vá, deixo para o próximo post a descriçao deste povo...que embora muito parecido ao peruano vale a pena uma pequena descriçäo!