sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Nas margens do Amazonas

E o mosquiteiro deu resultado, porque aquela baratinha que estava na casa-de-banho nao nos veio visitar durante a noite! E quando fomos tomar a nossa banhoca de balde, ela tambem já nao estava la :)
Acabámos por só passar um dia na cidade de Iquitos, pois a vontade de pisar a verdadeira selva amazónica falava mais alto.
Dissémos um "até já" à tia da Lupe e partimos de barco com o senhor Carlos até à casa do Lucho e da Maria, em Fátima, nas margens do Amazonas, já a caminho do Brasil.
Ficámos encantadas com aquele lugar. Uma casa toda construida com madeira e folhas de árvores, quase sem paredes e portanto uma vista panoramica verdejante desde o nosso quarto.
Foi uma experiencia bastante intensa. A selva vive-se intensamente.
Fizémos muitas caminhadas guiadas pelo Carlos de catana em punho, que nos ia explicando todos os perigos escondidos por detrás daquelas folhagens. Quase todos os animais sao venenosos. Quase todas as plantas sao medicinais. Os passeios tornavam-se em verdadeiras aulas descritas por alguém com anos de experiencia naquelas paragens e muitas peripécias com turistas para contar. As histórias eram sempre bastante assustadoras, mas nós nunca nos deixámos intimidar! Armadas de botas e repelente estávamos sempre prontas para a aventura! E água, muita água, porque com esta temperatura e humidade aqui transpira-se a valer!
Os bichos mais perigosos (felizmente?) tivémos mesmo que acabar por vê-los em locais seguros e preparados, onde eles vivem em semi-cativeiro (porque nao estao encerrados em jaulas e podem movimentar-se livremente) e se deixam tocar. Apesar de tudo achamos que vivem bem ai e esses lugares nao têm qualquer comparaçao com os tradicionais e tristes zoológicos.
Estivémos entao com papagaios, tucanos, macacos, serpentes, anacondas e até uma capivara! Para nao falar de todos os insectos e rastejantes que fomos encontrando ocasionalmente pelo caminho e que aqui têm dimensoes impressionantes. E de todos aqueles que vinham à noite visitar-nos à nossa casinha e que deixavam a Claudia bastante saltitante :)
E à noite? É impossível descrever o ruido nocturno da selva. Quanta vida escondida naquela escuridao, que apenas era agitado pelos bichinhos luminosos voadores.
E devo dizer que fiz uma pequena caminhada nocturna e admiravelmente nao tive medo do breu! Confesso que normalmente nao me sinto muito confortável sem luz. Começo a imaginar todos os monstros que poderao estar a perseguir-me e que irao surpreender-me a qualquer momento. Mas ali estive sempre tranquila e sentindo-me em perfeita comunhao com a natureza à minha volta. Foi muito bom! Também ajudou o facto de nao termos encontrado nenhuma criatura assustadora. Bem que procurámos as tarantulas, mas elas fizeram greve.
Também tomámos banho no Amazonas, perto dos golfinhos e das garças e fizémos muito mais coisas. Gostámos tanto que a nossa estadia se prolongou por mais uma noite. Mas é impossível contar tudo aqui.
Amanha esperamos apanhar o barco que nos levará até à fronteira com o Brasil. E depois daí ainda seguiremos uns diazinhos... sempre de barco.. sempre lentamente... contemplando....
Talvez tao cedo nao poderemos dar novas noticias, mas prometemos um post para quando chegarmos ao outro lado do gigante Brasil!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Está quase!!!

Um pulinho à praia...a intençao era de facto essa, mas nao foi o que encontrámos em Sta Rosa, mesmo, mesmo ao lado de Chiclayo e onde se faz surf em Totoras (pranchas em palha)...parece interessante, nao?! Pooooiiiissss...

Passo a contar:
Chuva, praia de areias cinzentas e barcos de pescadores em reparaçao e um restaurante acolhedor com petiscos marinhos mesmo à mao de semear...será necessário dizer algo mais!?
Cedemos à tentaçao e do mergulho no atlantico rápidamente abraçámos a causa culinária e nos dedicámos a saborear uma deliciosa tortilla de raia e um belo suadito de peixe congrio!! Dai para o artesanato local de Monsefu foi um pulinho e eis-me de rede (Amaca) em punho, prontinha para a aventura das lanchas amazónicas de viagens intermináveis e wc's cujos relatos de outros turistas nao permitem sonhar com nada de idílico...Já vos dissémos que nos aconselharam uma dieta de frutos para evitar ter de ir fazer...aquilo!?!?!?

Bem, mas antes de aí chegar, tenho de vos falar de Chachapoyas! A cerca de 10 horas de Chiclayo fica a cidade de Chachapoyas. O nome deixa um pouco a desejar, mas o local foi sem dúvida um dos nossos favoritos em todo o Perú! A publicidade à zona nao é muita, o que ajuda a reduzir o número de turistas e nos permitiu estar tranquilamente entre os locais, que, ao contrário do que se passava em Chiclayo, nao nos assustavam constantemente quanto aos "rateros" e aos seus ataques aos turistas deprevenidos! Em Chachapoyas o ambiente é outro! Colonial, e perdida no meio de uma zona pré amazónica de 2000m de alttura, a regiao de Chachapoyas conserva ruinas imponentes, uma flora e fauna digna de visita e umas paisagens marcantes. Se algum dia alguém se inspirar neste blog para visitar o Perú, por favor nao se esqueçam de lá ir!
O nosso tempo nao era muito e de tanto que havia para ver, reduzimos os tours a uma cascata de 771 m de altur (a 3 maior do mundo), a Huancas, terra de cerâmica e com um desfiladeiro impressionante e à propria cidade...
...muito ficou por ver, e as ruinas de Keulap ficaram-nos atravessadas pois paracem ainda mais impressionantes do que foi Machupichu...mas enfim, nao se pode ter tudo, e tínhamos vôo de Lima a Iquitos marcado para dia 24!!

Conclusao, e até porque isto já vai longo e nao quero que os corajosos que chegaram até aqui dedistam de ler as cenas dos próximos episódios... depois de 23h de autocarro, 2h de espera de aeroporto e mais 1h30 de aviao, conseguimos chegar até Iquitos onde a familia da Lupe nos esperava!!! Foi a primeira vez que tivémos recepçao à chegada!!!!

Lembram-se dos 4 estarolas nos terem visitado em Maio? Nessa altura ainda ponderámos vir até Iquitos, mas a distancia e tempo de viagem de barco obrigaram-nos a desistir dessa proeza que agora nós, lá conseguimos finalmente atingir!!!

É verdade amigos, voltámos à luta dos mototaxis!! Pó, poeira e mosquitos atirados a grande velocidade contra os dentes...os olhos semicerrados para tentar ver alguma coisa, e buzinas por todos os lados... calor...muito calor, e finalmente redes mosquiteiras postas a uso!!! Nao que houvésse grande vontade de passar por isto, mas se pensarmos que já as tinhamos desde maio na mochila à espera deste dia...já para nao falar dos repelentes...ainda no outro dia a Inês deitou um fora por estar ultrapassado o prazo de validade! Há que cumprir os prazos, né?

Seja como for, a verdade é que chegámos finalmente a um dos ponto altos da viagem...a selva amazónica e a viagem de barco até à costa atlântica brasileira!! 9 meses depois de iniciada a viagem, aqui estamos!

Infelizmente com as ligaçoes de net que temos apanhado nao conseguimos ainda pôr fotos de nada desde o reencontro das ventosas, mas nao esta esquecido... estejam atentos...

...e assim me despeço...com amizade...até ao Brasil!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

As ventosas estao juntas outra vez!

É verdade, depois de uma pausa, cada uma em seu cantinho do mundo, cada uma atarefada com diferentes coisas, uma no campo e outra na cidade, as mochileiras voltaram a encontrar-se em Lima no dia 14 de Outubro.
Despedi-me de Uspallata e de todos os seus encantos de inicio de primavera e rumei ao norte, para me reunir com a minha amiga que deu um pulinho a Portugal mas voltou para me acompanhar neste ultimo pedaço da viagem.
As saudades eram grandes e havia (e continua a haver) muito para contar!
Fomos acolhidas por uma familia muito simpática em Lima e a nossa estadia acabou por se estender um pouco mais do que o previsto. Tivémos direito a muita música nativa e boa comida.
Neste momento estamos em Chiclayo e entretanto já fizémos uma paragem em Trujillo.
Continuamos a conhecer o legado de antigas civilizaçoes. Em termos de preservaçao do patrimonio cultural, de sociedades incas e pre-incas, o Peru tem-se demonstrado imbativel.
Ontem visitamos a ruinas de Chan Chan e hoje a tumba do senhor de Sipan, um lider que governou nesta zona nos séculos I a V.
Amanha vamos dar um pulinho a praia. Será que é desta que mergulhamos no Pacifico? O tempo aqui ainda nao esta grande coisa...
Estamos contentes e entusiasmadas por estar novamente com o pé na estrada e cheias de energia para esta etapa.
nao percam os proximos episodios porque em breve estaremos na selva. 40 graus e muita bicharada :)

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Vindimas a Voigny!!

A verdade é que não há como o trabalho do campo para descansar o corpo e a mente... ou melhor, a mente, porque o corpinho andou uns tempinhos a resvalar os limites da dor!!

Que o diga o meu amigo Luis, que este ano aceitou o convite para se juntar a mim em mais um ano de vindimas em Voigny, uma pequena aldeia localizada na região de champagne de França.

Para mim, já se trata de uma tradição, algo que faço há anos e onde cada ano torno a reencontrar pessoas que já se tornaram parte da minha familia e de quem gosto imesurávelmente.

Este ano pensava que não conseguiria comparecer, mas quis o destino que o meu estômago adepto de gastroentrites juntamente com a necessidade de ganhar dinheiro para seguir a viagem, me proporcionaram o regresso à Europa, e com ele, o regresso a estas terras que tanto adoro!

O Luis, coitado, apesar de avisado da dureza do esforço fisico necessário e da resistência que se tem de ter, acabou logo no segundo dia por sucumbir a uma tendinite no pulso!! Apesar disso, é de louvar a sua persistência e os Ibuprofenos que todas as manhãs e todas as tardes se predispôs a tomar para conseguir chegar ao fim dos 9 dias e meio que este ano vindimámos.

Ainda nos viéram visitar e dar uma mãozinha a Guida e o Hugo, cuja curiosidade por esta façanha era alguma e que, apesar das dores, também se puderam aperceber do que me motiva a regressar quase todos os anos desde há 9 anos.

A Guida e o Hugo já não conseguiram aproveitar tudo e tiveram azar essencialmente no tempo, mas eu e o Luis ainda apanhámos dias de sol escaldante e infelizmente também alguns de chuva...encontrámos gente que ainda não tinha tido a oportunidade de conhecer e pelo caminho reencontrei outros quantos... Fizémos festas e convivios e bebêmos champagne até enjoar do cheiro, comêmos as delicatéssens da Irene ao ponto de eu me dar ao luxo de engordar os quilos que tinha perdido com o stress Lisboeta e hoje, posso finalmente dizer, que apesar do cansaço estou pronta para seguir viagem!

Tivémos ainda oportunidade de assistir, ainda que meio adormecidos pelo cansaço, a uma noite de caça ao pato!! A caça por estas zonas é intensa. Dos javalis, aos veados, passando pelos patos, coelhos... enfim, não fosse assim e nunca teria a oportunidade de experimentar pratos que só por cá se cozinham frequentemente e com aquele toque caseiro que nenhum restaurante consegue imitar!! Isto para já não falar das tartes, sopas carregadas de queijo Gruyére e natas, entradas requintadas, molhos e molhengas, crepes, uma variedade enorme de cogumelos e tudo o mais que aqui se come em doses generosas para compensar a dor aguda que pica nas costas cada vez que nos levantamos na vinha e acreditem, que compensa mesmo!

Posto isto, e como tudo o que é bom também acaba, hoje pusémos as rodinhas das nossas malas carregadas de garrafas de champagne de volta à estrada e seguimos até Paris, onde ficaremos a aguardar o dia do regresso a Lisboa em casa de mais uns amigos/"familia".

Vai ser bom regressar e rever todos novamente, ainda que seja por uns poucos dias mais...