terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Volver

E cá estou eu de regresso ao meu país. Contente e triste.
Contente porque as saudades já eram muitas. Tantas que a ansiedade quase tomou conta de mim nos últimos dias de viagem.
Triste porque chegou ao fim a experiência mais enriquecedora da minha vida.
E é neste misto de emoções que lá vou tentando habituar-me à minha velha (e agora nova) realidade.
E aos poucos lá vou digerindo tudo aquilo que me aconteceu ao longo deste ano. Precisava de parar para conseguir fazer bem esta digestão :)
Tenho vontade de escrever aqui também sobre tudo isso. Mas por enquanto ainda não consigo. Vai ficar para mais tarde.
Entretanto deixo o caminho livre para a minha companheira continuar a relatar as suas aventuras. É que para ela a viagem ainda não terminou. Mulher corajosa, mesmo depois de todo este tempo ainda continua com energia para manter o pé na estrada!
E despedir-me seria repetir as gratas palavras dela de uma outra forma. Coisa que também já me fartei de fazer pessoalmente.
Só nós duas sabemos que somos umas vencedoras :)

Espreitem só as fotos de Salvador e São Paulo. Já actualizei o álbum com as minhas também!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O último capítulo? Será?

As tartarugas foram marcantes...tanto, quanto desgastantes!
A directa que fizémos na busca de rastos e ninhos e do vislumbre de alguma carapaça enorme a arrastar-se do mar em direcção à terra foi algo inesquecível e quase doloroso! A rendição ao espectáculo do Tamar e a entrega das tartaruguinhas ao mar foi inesquecível e ao mesmo tempo exasperante pela quantidade de gente e crianças e...e...e tudo o mais que um espectáculo daqueles abarca!
Assim, a viagem de ida para Salvador e depois para Lençóis foi cansativa e originou (pelo menos da minha parte) a rendição ao doce conforto da cama durante toda uma manhã!!

Seguimos para Lençóis directas de Salvador, sem sequer parar para conhecer a cidade, na companhia de Pedro, um Português...o nosso primeiro Português!!!!!! E tivémos sorte, porque além de "gente boa" ainda nos apresentou a sua anfitriã couchsurfer de Lençóis, a Joana!
Residente em Lençóis já há uns bons meses, a Joana guiou-nos um pouco pelas maravilhas das regiões que definem Lençóis como uma das cidades mais belas da Chapada Diamantina! Já para não falar da aula de Birimbau e de todas as explicações, e ainda de um jantar de caril de côco (mas côco a sério, do género de ter de partir a casca e pacientemente retirar a carne do côco à faca!) e abóbora! Não nos podemos queixar!
Além destes dois Portugueses, ainda conhecemos Luis, mais um Português, desta vez ás voltas num tour a grutas e rios muito bonito como podem comprovar pelas fotos já colocadas no Picasa!

Os dias em Lençóis fluiram rápidamente e de lá decidimos seguir para Rio Real, onde nos esperava Rafael, um contacto da Inês. O Rafael trabalha numa coperativa de produtores que estão associados ao comércio justo.

Eu, verdadeira leiga no assunto do comércio justo só posso dizer que valeu bem a pena o desvio da rota para passar estes 2 dias na companhia de Rafael e da sua família.
Tivémos a oportunidade de visitar um dia de grande actividade do mercado da cidade. Ver o mercado com um guia que conhece tanta gente a trabalhar lá é um previlégio! Pudémos aprender um pouco sobre a actividade das pessoas, experimentar coisas novas e aprender bastante. Ainda passámos pelo pequeno espaço da associação onde pudémos conhecer o actual director. Um personagem bastante interessante e bastante comprometido com a sua tentativa de melhorar as condições da coperativa.
Démos uma espreitadinha a uma reunião de produtores, e ainda fomos com um deles, cuja agricultura biológica está bem implementada, fazer uma visita ao seu terreno, onde além de aprendermos sobre a forma astuta como planta e cuida da terra, ainda tivémos o previlégio de provar laranjas directamente da árvore e água e carne de côcos colhidos no momento!
Foi óptimo e digo sinceramente que fiquei encantada ao ponto de já me imaginar a ter um cantinho de terra onde pudésse também eu fazer crescer da terra produtos biológicamente criados! O prazer que é comer sem nos preocuparmos em lavar a fruta!! Ainda se lembram da última vez que fizéram isso sem medo?

Durante o periodo da nossa curta estadia em Rio Real fomos ainda a uma formatura de alunos de uma escola agrícola, que luta por crescer sem grandes apoios, e de onde saem todos os anos cerca de 25 alunos que ali chegaram após rigorosa escolha dos vários municipios dos arredores. Foi memorável, quanto mais não seja pelo facto de nos termos apercebido que estávamos sem a menor hipótese de sair dali (devido ao facto da nossa boleia ser uma das mais importantes personagens da festa e que tinha de permanecer até ao final).
Assistimos uma celebração de gente vestida em traje de festa, com direito a missa, crisma, a um intervalo imenso para colocação de luzes nas tendas, entrega de diplomas um a um, e discurso de todas as pessoas sentadas na mesa (que eram cerca de 8!)...que mais vos posso dizer?...foi memorável! De tal maneira que não hesitámos em apanhar a nossa primeira oportunidade de obrigar o nosso anfitrião a levar-nos a casa! Felizmente, e para amenizar, tivémos direito a um óptimo churrasco brasileiro na companhia do Rafael, esposa e amigos.

Seguimos para Salvador.

O Rafael arranjou-nos um cantacto dele para nos receber, Kiko. Conseguimos encaixar-nos no pequenino apartamento que "simpáticamente" dividiu connosco e ali permanecemos por umas 4 noites.

Passeámos por Itapuã/Itapuan/Itapoan e démos de caras como caloroso Vinicius, perdido no meio de uma praça solarenga. Fomos ao centro, subimos e descemos durante os dias todos que lá estivémos o elevador Lacerda vezes sem conta, passeámos pelas "seguras" ruas do centro e ainda tive o previlégio se ser aldrabada por um dos rapazes pedintes! Pediu-me leite...Para a pequena irmã...e eu, sempre céptica, mas desta vez crente, assim o fiz...e comprei!
Viémos mais tarde a saber que eles depois trocam as embalagens de leite que custam uns 8 reais, por cerca de 2 reais para poderem comprar droga! Uma realidade triste...
Quem nos contou isto da troca do leite por droga foi uma das personagens que nos descobriu no largo do pelourinho!
O nome não me lembro, apesar de nos ter mostrado inúmeros artigos que compilou num caderninho e onde o seu nome aparecia com frequência...apesar de nos ter tentado impingir as xilografias que fazia e que, segundo ele eram apreciadas pelas maiores celebridades do mundo...apesar de ter uma capacidade incrível de contar histórias, fazer rir e ainda de nos fazer perder horas numas escadas de onde só saímos quase ao fim da tarde impossibilitando visitas a museus ou a qualquer outra actividade turistica!

Perdemos demosntrações de Candomblé, e de Olodum...não chegámos nos dias certos...mas tivémos a sorte de ser convidades pelo nosso anfitrião para ir a uma festa de aniversário de um amigo dele, músico percursionista!
Chegámos lá e ao entrar na sala démos de caras com um palco onde os amigos soltavam os dedos na corda de uma guitarra, faziam percursão, cantavam à vez e improvisavam ritmos em instrumentos feitos pelo dono da casa. Uma festa de músicos, onde a música sem dúvida reinou a noite toda e nos encantou!
A Inês teve ainda direito a aula de samba e tudo!!
Ficou combinado que no dia seguinte iríamos assitir a um concerto em homenagem a Aderbal Duarte, um compositor digno de registo. Valeu a pena!
O intérprete, presente na noite anterior na festa de aniversário, embora nervoso, realizou a proeza com grande destreza e adorei descobrir este compositor! A música brasileira tem realmente muita coisa para se descobrir e estou sempre a descobrir novos ritmos!

Que mais posso dizer de Salvador...ah...já sei...foi também a cidade onde nos perdemos a comprar tecidos com flores e mais flores, de corres garridas e cheias de vida!!! "Ele" eram calças, saias, toalhas de mesa...a imaginação voou alto naquela loja de tecidos!! :D

Com a ajuda do Kiko consgeuimos comprar um vôo directo de Salvador até São Paulo e em vez de perdermos um dia e duas noites de viagem de "ônibus", em 2h30 horas estavamos a aterrar em campinas!

São Paulo foi a nossa última cidade.
A viagem acabou nesta metrópole com algo de NY (na minha opinião!)...é enérgica, cheia de ofertas culturais e trânsito...muito trânsito!

Fomos recebidas pelos nossos calorosos amigos Werner e Pedro, que além de nos mostrarem o mais possível a cidade e de nos levarem ao teatro, ainda nos arranjaram dormida na casa da Ítala (namorada do Pedro)e da Tarcila.

E assim chegou ao fim o último capítulo da viagem. Não me vou prolongar nas descrições da cidade de São Paulo, porque terei oportunidade de o fazer quando a minha irmã e o Silvio cá viérem para a passagem de ano.

Da minha parte, ficarei por aqui por hoje, não só porque isto já vai longo (como sempre!) mas também porque as despedidas são sempre difíceis, e esta é a minha despedida para a Inês.

11 meses depois de ter começado, terminou a nossa travessia, a nossa viagem, a nossa parceria. Com o devido descanso de 3 meses a que nos sujeitámos para reunir energias e dinheiro para conseguir terminar a viagem no pais pretendido, aqui estamos nós!

Não vou fazer discursos, nem avaliações...guardarei isso para o fim da minha viagem, que na verdade só será quando encontrar um poiso neste país, ou seja, lá mais para o fim de Janeiro.
No entanto, vou aproveitar o momento para me despedir da minha companheira, que ao longo deste ano me ajudou a perceber quantos paus são mesmo necessários para fazer com que uma canoa não tenha furos e realmente flutue!
Aprendi muito com a minha Amiga, e só lhe posso agradecer por ter sido tão paciente e resistente nos momentos em que parecia que a canoa ia afundar. Não posso dizer que não tenhamos tido os nossos momentos, porque os tivémos, como qualquer parceria que convive 24h sobre 24h...mas não me imagino a ter feito esta viagem com mais ninguém...Obrigada Inês, por teres sido um espelho, e me teres acompanhado sem hesitar, sempre.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Tartarugando

Antes de tudo deixem-me lembrar-vos que foram actualizadas há relativamente pouco tempo as fotos dos ultimos três albuns deste blog!
Cabe-me então agora neste post relatar os acontecimentos desde Aracaju. Na verdade só lá ficámos um dia e meio, o que não me permite tecer grandes comentários sobre a capital de Estado mais pequena do Brasil. Mas posso dizer que é uma cidade simpática!
A nossa ideia era de lá partir para Mangue Seco, uma praia bastante isolada e conhecida por ter sido o cenário da famosa Tieta do Agreste. Mas afinal é tão isolada e inacessível (a não ser que queiramos gastar uma nota preta)que desistimos de lá chegar. Na nossa espera desesperante por companhia para encher o barco, acabámos por conhecer um casal que nos ofereceu uma boleia irrecusável até á Praia do Forte, já bem pertinho de Salvador.
Quando lá chegámos nem queríamos acreditar. Há vinte anos seria uma vila de pescadores, mas que agora está transformada num lugar demasiado turístico. Ficámos sem vontade de permanecer muito tempo até que.... conhecemos o Projecto TAMAR.
Trata-se de um projecto apoiado pela Petrobras (sobre isto muito se poderia especular)de protecção de tartarugas marinhas em perigo de extinção. Ficámos completamente rendidas aos encantos daqueles bichos de carapaça que nós nunca tínhamos visto ao vivo. No primeiro dia que visitámos o projecto andámos horas perdidas pelo recinto a observar aquelas que estão em cativeiro e a absorver toda a informação sobre o seu habitat. Descobrimos uma coisa muito importante: estamos precisamente na época de reprodução. Todas as noites algumas tartarugas sobrem até ao areal e quando se sentem seguras cavam a sua covinha e depositam os seus ovos. Logo após regressam ao mar. Depois de mais ou menos 65 dias os filhotes furam a areia e dirigem-se ao mar para iniciar a sua luta pela sobrevivência. Em média apenas uma tartaruga em mil consegue voltar na idade adulta ao mesmo local. A grande maioria morre pelo caminho, vítima das agressões animais e humanas que o mar oculta.
Decidimos que tínhamos que assistir a este grande acontecimento. Queríamos ver uma tartaruga mãe a desovar! Queríamos ver os filhotes a correr para as ondas!
O problema é que tudo isto só se passa durante a noite e as equipas de monitorização do TAMAR que fazem o controle já não transportam visitantes para acompanhá-los. Teríamos que safar-nos por conta própria. Foi aí que a aventura começou.
Na primeira noite dirigímo-nos à praia (depois de andarmos meio perdidas no meio de condomínios fechados intermináveis que dificultam o acesso ao areal) mas a escuridão assustou-nos e desistimos rapidamente da ideia, não fosse aparecer algum "maldoso" pelo caminho. Fomos antes assistir ao concerto do Paulinho Moska que decorria no largo da igreja. E gostámos!
Na segunda noite sentíamo-nos mais seguras e afoitas. Afinal, toda a gente nos dizia que o território era pacífico e não havia problema.
Ainda pedimos a companhia de um dos colaboradores do TAMAR. Mas o moço depois de tocar e cantar com a sua banda numa festa de rua (onde também estivémos presentes) ficou muito cansado e acabou por adormecer. Mas nós não desistimos! A caminho da praia passámos por um restaurante de sushi e conhecemos os gerentes, dois portugueses do Norte do país que largaram tudo para viver à beira da praia, oferecendo comida e música (um repertório em inglês, bastante incomum nestas paragens) aos seus clientes.
Lá foram então as duas malucas para a praia, sonhando assistir a um dos inúmeros milagres que a natureza nos oferece. Apenas um! Não pedíamos muito!
Andámos, sentámo-nos, fizémos uma covinha na areia para dormir um bocadinho... enfim, uma noite movimentada e tartarugas nem vê-las! Seria exigir muito à nossa sorte de pseudo-biólogas principiantes...
Os biólogos do TAMAR passavam constantemente por nós, na sua ronda e olhavam-nos com estranheza. Nós avisámo-los que estávamos a "tartarugar" mas que iriamos ter cuidado com os ninhos já assinalados e que não iriamos interferir se víssemos alguma tartaruga a dar à costa. Ficaríamos apenas assistindo á distância.
Na madrugada do dia seguinte qual não foi a nossa frustração quando percebemos que bem ao lado do local que tínhamos escolhido para pernoitar, havia o rasto de uma tartaruga que tinha vindo deixar o seu legado. A praia é muito extensa e realmente era preciso ter muita sorte para acertar no sítio exacto!
Enfim, seguimos derrotadas para o hostal e dormimos o resto da manhã na rede do quintal.
Nessa tarde finalmente o destino resolveu brindar-nos com um punhadinho de generosidade. Pudémos assistir à abertura de dois ninhos e à largada dos filhotes para o mar, dentro do recinto do TAMAR.
Uma multidão a assistir, muitas máquinas fotográficas em riste, sem sombra de algum romantismo, mas lá conseguimos saciar um pouco a nossa sede.
Estes primeiros momentos da vida destas pequenas tartaruguinhas não deveriam ser expostos desta forma. E na maioria dos casos não o é. Trata-se apenas de uma estratégia da TAMAR para se tornar mais sedutora para os visitantes e assim conseguir mais apoio para proteger estes animais. Pareceu-me um projecto bastante interessante e bem integrado na comunidade local, com quem é desenvolvido também algum trabalho social.
E não nos podemos esquecer que a extinção é para sempre! Convém evitá-la!
Depois de abandonarmos a Praia do Forte dirigimo-nos directamente para Lençois, a fim de visitar uma parte da Chapada Diamantina. Já estão as fotos disponíveis. Em seguida rumámos a Rio Real para conhecer uma Cooperativa de Comércio Justo composta por produtores de laranjas e maracujá. Agora chegámos finalmente a Salvador e muit haverá para contar num futuro próximo!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Pequenos Paraísos e grandes desilusões

Ora bem...então onde é que nós ficámos?
Paraíso, não foi? Pois, agora a pergunta é, em que paraíso é que ficámos?
Atins, um...Jericoacoara, dois...Fortaleza...aqui a coisa já foi pior!! Pior não, diferente!
A cidade eleita por tantos Portugueses pelas suas praias paradisíacas deixou muito a desejar!
Tivémos o prazer de ser recebidas pelo Adrien, Françês residente por uns meses por estas paragens. Levou-nos a ver o melhor da cidade, que, se reduzia ao forte, à antiga prisão transformada em mercado de artesanato, a prédios que escondiam casas que em tempos devem ter sido esplendorosas, o pequeno centrol cultural e o seu Dragão do mar (um dos poucos locais de referência), o Teatro, a antiga estação de combóios, a famosa praia do Futuro que está perto do que será uma costa da Caparica para nós, a fabulosa e rica universidade que essa sim é invejável não só pela dimensão do campus, como pelo jardim cheio de fontes, a zona de refeições que se assemelhava a um centro comercial...enfim, um mundo! Pelas fotos vão poder perceber que para Paraíso falta um bocadinho! No entanto, foi bom o convívio e foi ainda melhor perceber que a nossa viagem se destaca de várias outras, que nós mesmas já fizémos, quanto mais não seja porque nos permite perceber como estamos condicionados pelas agências de viagem a ir para destinos que hoje em dia de paraíso pouco resta! O turismo puro e duro tudo estraga, e Fortaleza é prova do crescimento desregrado e direccionado que esse turismo em excesso provocou!

Depois foi a vez do Recife...mais uma cidade de renome, que depois de Fortaleza, eu particularmente, temia visitar!
No caminho, no pequeno almoço que comemos a caminho, conhecêmos Carol, uma residente de Fortaleza que ia para o Recife passar o fim-de-semana e a quem nos "colámos" para ir a uma casa de forró famosa por estas bandas, a "Sala de Reboco"! Depois de uma visita pela cidade, que apesar de suja, tem zonas que (um dia) bem recuperadas prometem desenvolver-se e tornar-se em zonas onde a permanência ainda poderá ser bastante agradável!
Havia festas na cidade e isso ajudava a aumentar o espírito de festa...já para não falar de que chegámos a uma sexta, e tudo se preparava para sentir o forró!
A noite foi porreira, e tivémos o prazer de dar um passinho de dança com os locais e ainda conseguir que uns exemplares não "largássem do pé"! A Inês quase que chegou a levar para casa uma t-shirt de faculdade como presente da noite! Foi muito giro, e o convívio com a Carol e o namorado culminou num convite para ir no dia seguinte visitar uma praia perto e Olinda, terra do Frêvo e do Maracatú!
A Praia do Guabi era linda, mas melhor foi mesmo a vibrante cidade de Olinda, que nos brindou com música, arte e artesanato, e uma vista espectacular sobre o Recife...já para não falar do ambiente da cidade, que, formada por um amontoado de casinhas coloridas e muitos espaços verdes, foi um prazer conhecer! Ainda tentámos regressar no dia seguinte para ver os ensaios de maracatú, mas com a dificuldade que tivémos em encontrar "ônibus" que nos levássem até lá a um domingo, acabámos por dar a mão à palmatória e dar apenas mais um passeio por Recife e depois rumar para Porto de Galinhas!

Brevemente que isto já vai longo...Porto de Galinhas...turístico e caro, mas muito bonito e com um excelente açaí! A praia de Maracaípe, logo ao lado e onde nos entretêmos a tirar fotos na água, igualmente um paraíso! O meu único arrependimento é ter comprado lá um azulejo pintado por um rapaz de rua que nos queria "mostrar a sua arte"!...mas isso era uma história longa...digo apenas, que espero ter aprendido a lição e controlar a partir de agora um pouco mais o meu instinto de compradora de arte!!! :D

Paraíso número três...Maragogi... uma vilazinha pacata, onde se pode andar pela rua em segurança mesmo à noite (coisa complicada de fazer nas cidades de Fortaleza ou Recife, ou mesmo Olinda) e onde fomos fazer o meu primeiro snorkling nas piscinas de corais que esta costa nordestina tem!
Foi lindo flutuar acima das ilhas de corais, no meio dos peixinhos de cores fabulosas, dos ouriços e estrelas do mar, e tudo isto apenas pagando a gasolina do barco, pois ao contrário dos outros turistas, nós conheçêmos Paulo, o auto-intitulado hippie que dormia numa "barraca" na praia, e que conhecia o rapaz do barco! Há gente com sorte, né?
Seja como fôr, alêm do passeio de barco ainda aprendemos a fazer peças de artesanato em bronze! Foram dois dias intensos e bastante produtivos!

De Maragogi passámos a correr por Macéio (onde acabámos por não permanecer) e rumámos a Aracajú...mas isso meus amigos, vai ter de ficar para a próxima, que isto já vai longo e tenho de deixar alguma coisinha para a Inês escrever no próximo post!

Beijinhos e saudades do nosso Portugal!!!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Feijão com arroz

Ainda faltou dizer que muito pertinho de Belém visitámos também a ilha onde se localiza a pacata vila de Algodoal, famosa pela beleza da praia da Princesa e pelo ritmo do carimbó, que infelizmente não conseguimos ouvir ao vivo. Apenas na rádio (as aparelhagens do Pará são hiper famosas!) da tasquinha simpática onde jantámos e escutámos histórias alucinantes. "Pai d'égua!"
O mergulho que démos à noite na praia, banhadas pela luz da lua, foi também alucinante :)
A próxima paragem foi então São Luís do Maranhão. Mas apenas de passagem (viémos a saber só mais tarde que a cidade até tem bastante para oferecer), pois seguimos directamente para Barreirinhas, o ponto de paragem obrigatório para quem quer visitar os famosos Lençóis. E nem aí nos demorámos muito tempo, pois recusámos os tours demasiado programados às dunas. Nós queríamos ir por nossa conta e não enfiadas numa carrinha com todos os turistas. Então nada melhor do que apanhar um barco (já tínhamos tantas saudades de andar de barco!) até Atins - demora umas cinco horas - e daí caminhar ou apanhar um transporte alternativo mais económico.
Atins é um lugar a não perder. A primeira praia que considerámos paradisíaca. Ainda bastante selvagem e pouco tocada pelo homem, é o refúgio de vários estrangeiros que escolheram este cantinho para ter uma vida tranquila. Nós tivémos a sorte de conhecer o Federico - um argentino e advogado de Córdoba que ali está a iniciar uma nova fase da sua vida - passeando os seus cinco cães na praia. Ele convidou-nos para jantar peixinho e camarão na sua casa, juntamente com alguns amigos (nomeadamente uma francesa e um espanhol). Estava tudo delicioso e a seguir ainda fomos dançar um pouco no baile de forró lá da terra. Foi a primeira vez que eu assisti e participei (uma participação breve é certo) num baile de forró. E era daquele bem rápido e electrónico! Foi uma experiência. Há quem nos esteja a ler e saiba do que eu falo. Quem não sabe, terá que vir aqui observar porque é indescritível :)
A música é realmente uma componente muito forte da identidade brasileira. E é vivida de uma forma naturalmente sedutora e livre, deixando desarmado qualquer europeu habituado a movimentos rígidos e infantis, aos quais ele chama de dançar :)
Os brasileiros que vivem com o Federico levaram-nos entao na manhã seguinte de moto quatro até à Lagoa Verde, bem no meio do Parque dos Lençois. Foi muito bom! É tão bonito observar aquelas montanhas de areia, mesmo agora que tudo está bastante seco! Imagino como será na época das chuvas, quando a água enche todas as concavidades formando os riachos azuis no meio do branco!
E melhor ainda foi ver essas formas das dunas de madrugada, iluminadas pela luz da luna, no percurso entre Barreirinhas e Tutóia. Não fosse o agressivo bambolear da carrinha e o cheiro intenso a gasolina, o trajecto seria bem romântico :)
Daí até Parnaíba foi um pulinho e depois outro até Jericoacoara, dessa vez de Buggy pela costa com o casal da ardente brasileira e do panhonha americano :)
Jericoacoara foi o nosso segundo paraíso. Talvez porque as expectativas não eram muitas. Talvez porque não esperávamos nada...
Jericoacoara é bem mais turístico do que Atins, mas não deixa de ser acolhedora. Pelo menos nesta época ainda baixa. O destino eleito pelos amantes do kyte surf (?), é uma terra onde os burros pastam à beira-mar (e talvez daí lhe venha o nome - há quem diga que tem a ver com um jacaré) e muitos peregrinam até à duna gigante para ver o magnífico pôr do sol. Nós também lá estivémos e eu até experimentei fazer um bocadinho de sandboard (sentada claro!).
Agora já estamos em Porto de Galinhas vice? Tá ligado?
Entretanto já passámos por Fortaleza e Recife. Pernambuco já é terra de maracatu e frevo, outros ritmos que animam a galera.
Mas depois a Cláudia conta-vos melhor pois o meu testemunho já vai longo e temos que ir arranjar algum transporte que nos leve a Maceió! Sempre prontas para seguir pela estrada fora!
Estamos super fãs do açai (ainda há bocadinho comemos um com banana mel e muesli divinal), da tapioca (ai então aquela com goiabada e queijo!)e de todos os sucos de frutos com nomes impossíveis de decorar (ok, alguns - cupuaçu, acerola, graviola, bacuri...)que temos encontrado por estas fantásticas terras brasileiras :)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Amazonas!!

Os dias passaram lentamente, quentes e lentamente, e cada noite, após o pôr-do-sol avermelhado, com que fomos quase sempre brindadas e que tingia as águas castanhas do rio com tons indiscritíveis, as horas arrastavam-se no embalo de redes penduradas e acompanhadas pelo ruído dos motores do barco!
As vista foi mudando ao longo do percurso, que no total durou duas semanas...a desflorestação, apesar de discreta, é visível quanto mais nos aproximamos do atlântico e vêem-se constantemente fogueiras ao longe a partir da cidade de Manaus...um dia, até cinzas esvoaçávam pelo céu no meio do rio...dá uma certa melancolia quando recordamos as margens cheias de árvores frondosas que aprendemos a reconhecer e até a amar durante os dias em que estivémos na selva amazónica peruana!

O percurso dividiu-se em etapas...3 dias e 2 noites de Iquitos até à fronteira, 4 dias e 3 noites da fronteira (Tabatinga) até Manaus, 3 dias e duas noites de Manau a Santarém, e novamente 3 dias e duas noites de Santarém a Belém, cidade em que nos encontramos de momento! Fomos parando nas cidades para que as costas pudéssem recuperar a linearidade perdida na curva das redes, mas sempre pelo menor tempo possível! Ao longo dos dias os barcos mudaram e as condições também!

Uns tinham comida servida distribuida na rede, por pessoa, outros no refeitório ao toque do sino em horários nada normais (5h30-peq. almoço, 11h -almoço, 17h-jantar!), outros não tinham nada e tivémos de andar de pão e latas de atum em riste, outros tinham mas nós já estávamos tão farta da variedade alimentar (frango, arroz e massa) que acabámos por preferir as tostas do bar...enfim...foi interessante em termos alimentares...de resto, as dormidas...que dizer? Redes amontoadas, e uma tentativa constante de, em cada paragem, evitar que mais gente se colásse a nós reduzindo ainda mais o nosso espaço vital!!! Atenção constante ás malas que aumentaram com as redes e provisões...e calor...muito calor...valia-nos a brisa do fim do dia e o fresco que vinha sempre depois das chuvas que caiam ao fim da tarde! Por falar nisso, tenho de referir que até tivémos direito a uma tempestade!! :D
As Wc, são como previsto anteriormente, de utilização limitada, dadas as condições, que variavam desde chão cheio de água (ou assim queríamos nós pensar que fôsse!), imensas borboletas nocturnas de tamanhos abismais coladas pelas paredes, submarinos flutuantes, mau cheiro...mas...e porque na verdade isto surpreendeu-nos, não foi tão mau como estávamos à espera! Tinham chuveiro e sanita, e algumas até tinham luz! E apesar de tudo, acho que posso dizer que não correu nada mal!!!!

Tivémos enfim, muito tempo para escrever, ler, falar com os nativos aprisionados no barco como nós, e conhecer mais viajantes que de alguma forma solidária animavam o nosso isolamento e davam nova vida aos minutos que adormeciam nas horas!

Pudémos perceber as claras diferenças entre Peruanos e Brasileiros...pelo menos os do Amazonas, que primam pela constante tentativa de engate! Um rabo de saia não está a salvo por estas partes, e até o adultério é tolerado e muito pouco camuflado! Assim, resolvemos dar por iniciada a nossa análise sociológica dos habitantes deste pais!!! Começámos pelo norte, que é, segundo consta, onde os verdadeiros ataques acontecem...rumo ao sul, tenderão a ser mais discretos apesar do à vontade inerente...e nós, verdadeiras aventureiras iremos registando as alterações de comportamento e atempadamente vos comunicaremos!

Para já, fica a nossa vontade de poder vir á net com mais frequência para não manter o nosso blog tão desactualizado. Como disse antes, estamos neste momento na maior cidade do estado do Pará, Belém, na foz do Amazonas. Para trás ficou o estado da Amazónia, e as poucas cidade de conseguimos visitar, Manaus...cidade enorme, quente e húmida, onde apanhámos o Amazonas filme festival e nos encantámos com o artesanato...Santarém, mais pequena, bonitinha, e que tinha bem próximo um paraíso de águas azuis onde disfrutámos de um belo dia de praia (Alter do Chão)...Amanhã partiremos em direcção a São Luis para tentar chegar aos Lençóis Maranhenses e a essas famosas dunas!

Espero que estejam todos bem!
Beijões das ventosas!!!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Nas margens do Amazonas

E o mosquiteiro deu resultado, porque aquela baratinha que estava na casa-de-banho nao nos veio visitar durante a noite! E quando fomos tomar a nossa banhoca de balde, ela tambem já nao estava la :)
Acabámos por só passar um dia na cidade de Iquitos, pois a vontade de pisar a verdadeira selva amazónica falava mais alto.
Dissémos um "até já" à tia da Lupe e partimos de barco com o senhor Carlos até à casa do Lucho e da Maria, em Fátima, nas margens do Amazonas, já a caminho do Brasil.
Ficámos encantadas com aquele lugar. Uma casa toda construida com madeira e folhas de árvores, quase sem paredes e portanto uma vista panoramica verdejante desde o nosso quarto.
Foi uma experiencia bastante intensa. A selva vive-se intensamente.
Fizémos muitas caminhadas guiadas pelo Carlos de catana em punho, que nos ia explicando todos os perigos escondidos por detrás daquelas folhagens. Quase todos os animais sao venenosos. Quase todas as plantas sao medicinais. Os passeios tornavam-se em verdadeiras aulas descritas por alguém com anos de experiencia naquelas paragens e muitas peripécias com turistas para contar. As histórias eram sempre bastante assustadoras, mas nós nunca nos deixámos intimidar! Armadas de botas e repelente estávamos sempre prontas para a aventura! E água, muita água, porque com esta temperatura e humidade aqui transpira-se a valer!
Os bichos mais perigosos (felizmente?) tivémos mesmo que acabar por vê-los em locais seguros e preparados, onde eles vivem em semi-cativeiro (porque nao estao encerrados em jaulas e podem movimentar-se livremente) e se deixam tocar. Apesar de tudo achamos que vivem bem ai e esses lugares nao têm qualquer comparaçao com os tradicionais e tristes zoológicos.
Estivémos entao com papagaios, tucanos, macacos, serpentes, anacondas e até uma capivara! Para nao falar de todos os insectos e rastejantes que fomos encontrando ocasionalmente pelo caminho e que aqui têm dimensoes impressionantes. E de todos aqueles que vinham à noite visitar-nos à nossa casinha e que deixavam a Claudia bastante saltitante :)
E à noite? É impossível descrever o ruido nocturno da selva. Quanta vida escondida naquela escuridao, que apenas era agitado pelos bichinhos luminosos voadores.
E devo dizer que fiz uma pequena caminhada nocturna e admiravelmente nao tive medo do breu! Confesso que normalmente nao me sinto muito confortável sem luz. Começo a imaginar todos os monstros que poderao estar a perseguir-me e que irao surpreender-me a qualquer momento. Mas ali estive sempre tranquila e sentindo-me em perfeita comunhao com a natureza à minha volta. Foi muito bom! Também ajudou o facto de nao termos encontrado nenhuma criatura assustadora. Bem que procurámos as tarantulas, mas elas fizeram greve.
Também tomámos banho no Amazonas, perto dos golfinhos e das garças e fizémos muito mais coisas. Gostámos tanto que a nossa estadia se prolongou por mais uma noite. Mas é impossível contar tudo aqui.
Amanha esperamos apanhar o barco que nos levará até à fronteira com o Brasil. E depois daí ainda seguiremos uns diazinhos... sempre de barco.. sempre lentamente... contemplando....
Talvez tao cedo nao poderemos dar novas noticias, mas prometemos um post para quando chegarmos ao outro lado do gigante Brasil!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Está quase!!!

Um pulinho à praia...a intençao era de facto essa, mas nao foi o que encontrámos em Sta Rosa, mesmo, mesmo ao lado de Chiclayo e onde se faz surf em Totoras (pranchas em palha)...parece interessante, nao?! Pooooiiiissss...

Passo a contar:
Chuva, praia de areias cinzentas e barcos de pescadores em reparaçao e um restaurante acolhedor com petiscos marinhos mesmo à mao de semear...será necessário dizer algo mais!?
Cedemos à tentaçao e do mergulho no atlantico rápidamente abraçámos a causa culinária e nos dedicámos a saborear uma deliciosa tortilla de raia e um belo suadito de peixe congrio!! Dai para o artesanato local de Monsefu foi um pulinho e eis-me de rede (Amaca) em punho, prontinha para a aventura das lanchas amazónicas de viagens intermináveis e wc's cujos relatos de outros turistas nao permitem sonhar com nada de idílico...Já vos dissémos que nos aconselharam uma dieta de frutos para evitar ter de ir fazer...aquilo!?!?!?

Bem, mas antes de aí chegar, tenho de vos falar de Chachapoyas! A cerca de 10 horas de Chiclayo fica a cidade de Chachapoyas. O nome deixa um pouco a desejar, mas o local foi sem dúvida um dos nossos favoritos em todo o Perú! A publicidade à zona nao é muita, o que ajuda a reduzir o número de turistas e nos permitiu estar tranquilamente entre os locais, que, ao contrário do que se passava em Chiclayo, nao nos assustavam constantemente quanto aos "rateros" e aos seus ataques aos turistas deprevenidos! Em Chachapoyas o ambiente é outro! Colonial, e perdida no meio de uma zona pré amazónica de 2000m de alttura, a regiao de Chachapoyas conserva ruinas imponentes, uma flora e fauna digna de visita e umas paisagens marcantes. Se algum dia alguém se inspirar neste blog para visitar o Perú, por favor nao se esqueçam de lá ir!
O nosso tempo nao era muito e de tanto que havia para ver, reduzimos os tours a uma cascata de 771 m de altur (a 3 maior do mundo), a Huancas, terra de cerâmica e com um desfiladeiro impressionante e à propria cidade...
...muito ficou por ver, e as ruinas de Keulap ficaram-nos atravessadas pois paracem ainda mais impressionantes do que foi Machupichu...mas enfim, nao se pode ter tudo, e tínhamos vôo de Lima a Iquitos marcado para dia 24!!

Conclusao, e até porque isto já vai longo e nao quero que os corajosos que chegaram até aqui dedistam de ler as cenas dos próximos episódios... depois de 23h de autocarro, 2h de espera de aeroporto e mais 1h30 de aviao, conseguimos chegar até Iquitos onde a familia da Lupe nos esperava!!! Foi a primeira vez que tivémos recepçao à chegada!!!!

Lembram-se dos 4 estarolas nos terem visitado em Maio? Nessa altura ainda ponderámos vir até Iquitos, mas a distancia e tempo de viagem de barco obrigaram-nos a desistir dessa proeza que agora nós, lá conseguimos finalmente atingir!!!

É verdade amigos, voltámos à luta dos mototaxis!! Pó, poeira e mosquitos atirados a grande velocidade contra os dentes...os olhos semicerrados para tentar ver alguma coisa, e buzinas por todos os lados... calor...muito calor, e finalmente redes mosquiteiras postas a uso!!! Nao que houvésse grande vontade de passar por isto, mas se pensarmos que já as tinhamos desde maio na mochila à espera deste dia...já para nao falar dos repelentes...ainda no outro dia a Inês deitou um fora por estar ultrapassado o prazo de validade! Há que cumprir os prazos, né?

Seja como for, a verdade é que chegámos finalmente a um dos ponto altos da viagem...a selva amazónica e a viagem de barco até à costa atlântica brasileira!! 9 meses depois de iniciada a viagem, aqui estamos!

Infelizmente com as ligaçoes de net que temos apanhado nao conseguimos ainda pôr fotos de nada desde o reencontro das ventosas, mas nao esta esquecido... estejam atentos...

...e assim me despeço...com amizade...até ao Brasil!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

As ventosas estao juntas outra vez!

É verdade, depois de uma pausa, cada uma em seu cantinho do mundo, cada uma atarefada com diferentes coisas, uma no campo e outra na cidade, as mochileiras voltaram a encontrar-se em Lima no dia 14 de Outubro.
Despedi-me de Uspallata e de todos os seus encantos de inicio de primavera e rumei ao norte, para me reunir com a minha amiga que deu um pulinho a Portugal mas voltou para me acompanhar neste ultimo pedaço da viagem.
As saudades eram grandes e havia (e continua a haver) muito para contar!
Fomos acolhidas por uma familia muito simpática em Lima e a nossa estadia acabou por se estender um pouco mais do que o previsto. Tivémos direito a muita música nativa e boa comida.
Neste momento estamos em Chiclayo e entretanto já fizémos uma paragem em Trujillo.
Continuamos a conhecer o legado de antigas civilizaçoes. Em termos de preservaçao do patrimonio cultural, de sociedades incas e pre-incas, o Peru tem-se demonstrado imbativel.
Ontem visitamos a ruinas de Chan Chan e hoje a tumba do senhor de Sipan, um lider que governou nesta zona nos séculos I a V.
Amanha vamos dar um pulinho a praia. Será que é desta que mergulhamos no Pacifico? O tempo aqui ainda nao esta grande coisa...
Estamos contentes e entusiasmadas por estar novamente com o pé na estrada e cheias de energia para esta etapa.
nao percam os proximos episodios porque em breve estaremos na selva. 40 graus e muita bicharada :)

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Vindimas a Voigny!!

A verdade é que não há como o trabalho do campo para descansar o corpo e a mente... ou melhor, a mente, porque o corpinho andou uns tempinhos a resvalar os limites da dor!!

Que o diga o meu amigo Luis, que este ano aceitou o convite para se juntar a mim em mais um ano de vindimas em Voigny, uma pequena aldeia localizada na região de champagne de França.

Para mim, já se trata de uma tradição, algo que faço há anos e onde cada ano torno a reencontrar pessoas que já se tornaram parte da minha familia e de quem gosto imesurávelmente.

Este ano pensava que não conseguiria comparecer, mas quis o destino que o meu estômago adepto de gastroentrites juntamente com a necessidade de ganhar dinheiro para seguir a viagem, me proporcionaram o regresso à Europa, e com ele, o regresso a estas terras que tanto adoro!

O Luis, coitado, apesar de avisado da dureza do esforço fisico necessário e da resistência que se tem de ter, acabou logo no segundo dia por sucumbir a uma tendinite no pulso!! Apesar disso, é de louvar a sua persistência e os Ibuprofenos que todas as manhãs e todas as tardes se predispôs a tomar para conseguir chegar ao fim dos 9 dias e meio que este ano vindimámos.

Ainda nos viéram visitar e dar uma mãozinha a Guida e o Hugo, cuja curiosidade por esta façanha era alguma e que, apesar das dores, também se puderam aperceber do que me motiva a regressar quase todos os anos desde há 9 anos.

A Guida e o Hugo já não conseguiram aproveitar tudo e tiveram azar essencialmente no tempo, mas eu e o Luis ainda apanhámos dias de sol escaldante e infelizmente também alguns de chuva...encontrámos gente que ainda não tinha tido a oportunidade de conhecer e pelo caminho reencontrei outros quantos... Fizémos festas e convivios e bebêmos champagne até enjoar do cheiro, comêmos as delicatéssens da Irene ao ponto de eu me dar ao luxo de engordar os quilos que tinha perdido com o stress Lisboeta e hoje, posso finalmente dizer, que apesar do cansaço estou pronta para seguir viagem!

Tivémos ainda oportunidade de assistir, ainda que meio adormecidos pelo cansaço, a uma noite de caça ao pato!! A caça por estas zonas é intensa. Dos javalis, aos veados, passando pelos patos, coelhos... enfim, não fosse assim e nunca teria a oportunidade de experimentar pratos que só por cá se cozinham frequentemente e com aquele toque caseiro que nenhum restaurante consegue imitar!! Isto para já não falar das tartes, sopas carregadas de queijo Gruyére e natas, entradas requintadas, molhos e molhengas, crepes, uma variedade enorme de cogumelos e tudo o mais que aqui se come em doses generosas para compensar a dor aguda que pica nas costas cada vez que nos levantamos na vinha e acreditem, que compensa mesmo!

Posto isto, e como tudo o que é bom também acaba, hoje pusémos as rodinhas das nossas malas carregadas de garrafas de champagne de volta à estrada e seguimos até Paris, onde ficaremos a aguardar o dia do regresso a Lisboa em casa de mais uns amigos/"familia".

Vai ser bom regressar e rever todos novamente, ainda que seja por uns poucos dias mais...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

arte e agricultura

Mais uma visitinha de médico ao cyber.
Mais um post curtinho, apenas para abrir o apetite.
Desde que voltámos de Buenos Aires, começou a actividade intensa.
Abrimos finalmente um puestito de artesanato na Plaza de los Artisanos, no "centro" de Uspallata. É muito bonito e vai-se enchendo com cada vez mais artigos, à medida que vamos produzindo. Apostamos principalmente em objectos feitos com materiais reciclados, ou que normalmente sao considerados lixo. Ainda nao fizémos muitas vendas mas os comentários dos visitantes têm sido positivos :)
Aparte isso, cultivei a terra pela primeira vez na minha vida e adorei.
Fizémo-lo no primeiro dia da Primavera, aproveitando tambem o poder da lua cheia. Dizem os entendidos que foi o momento perfeito. Ontem plantámos abóboras, milho, manjericao, pimentos e cebola e hoje vamos continuar. E o mais bonito de tudo é que trabalhámos a terra de forma completamente artesanatl, com o esforço das nossas maos (os calos assim o evidenciam). De enxada em punho tambem construimos o caminho da água até à nossa quintinha, transformados em castores, moldando aos poucos o terreno deste pequeno paraiso rural.
Hoje vou construir um espantalho :)
Ando a ler Saramago. Desta vez em castelhano. "Levantado do chao" traz-me a lembrança do meu querido Alentejo, também ele cheio de histórias da vida no campo.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A penitência

Dois meses passaram e apesar de isso significar tão pouco na escala do tempo e da minha vontade de usufruir desta bela cidade e da minha família e dos amigos, a verdade é que me pareceram uma eternidade de cansaço, mesquinhices e luta para não me deixar afundar num mundo que descobri que desgosto bastante!

As obras…as obras são a realização material do que foi sonhado por alguém, e é impressionante como esse sonho em tão pouco tempo se transforma numa marcha penitente que a meio já nos arrependemos de ter iniciado algum dia. Todo um conjunto de ideias, desejos, ilusões e investimento pessoal são depositados nas mãos de alguém que acreditamos que sabe o que está a fazer e que no final, inevitavelmente, em vez de prazer, nos traz descontentamento e desilusão, e tudo o que um dia nos pareceu boa ideia se transforma numa tormenta pela qual não queríamos ter de passar.

Nem toda a gente pensará assim, mas pude comprovar mais uma vez nesta minha curta estadia por Lisboa, o quão penoso pode ser acompanhar obras de perto ou ter uma pessoa próxima a fazer obras na sua casa e caber-nos a nós o seu acompanhamento.
Como sabem, arranjei trabalho enquanto estou por Lisboa. Fiz acompanhamento de obras para a empresa que resolveu aproveitar os meus conhecimentos ao mesmo tempo que essa mesma empresa está a fazer obras na casa da minha mãe! Não o procurei, aconteceu. Na altura achei que era uma sorte bem-vinda... hoje fico feliz por finalmente ter acabado o trabalho que me predispus a fazer para eles durante um mês e meio de modo a juntar o dinheiro que preciso para seguir viagem.

Descobri que é um mundo mesquinho, em que em vez do profissionalismo e rigor o que fala mais alto são os valores do dinheiro. Anda meio mundo a enganar outro meio. Fazem-se orçamentos fora de escala que os clientes ingenuamente aceitam por acreditarem estar nas mãos de gente competente, e eu, no meio disto luto com a minha consciência que é obrigada a ceder aos mandos do “Patrão”, mas que ao mesmo tempo está a ver o cliente a ser ludibriado sem piedade pelo empreiteiro, que com discursos mansos passa por cima de questões, pedidos e chamadas de atenção.

O cliente implora, choraminga para que parem com a matança, que deixem de lhe sugar o papel verde que a custo guardou no banco e que agora vê voar a uma velocidade assustadora e imprevista. Não fica plenamente satisfeito com quase nada do que pediu para ser feito!

No início tudo era perfeito, tudo era possível, tudo fácil de realizar e tudo cheirava a satisfação. No decorrer de algum tempo o amargo do bolso vazio e das ilusões desfeitas começam a tomar forma. Tudo é mais complicado do que parecia, tudo demora mais do que o previsto por isto ou por aquilo, tudo exige paciência e nada pode ser como ele quer, porque afinal é leigo no assunto e eles é que são profissionais, eles é que sabem como e quando se faz.

E chega o dia em que finalmente tudo descamba…o Dono de obra explode de raiva acumulada, ouvem-se discussões tidas como irracionais e todos os pedaços de silicone que foram sendo postos para esconder imperfeições são arrancados à unha.
O vidro parte e só depois de limpar os destroços e sucumbir às evidências é que ele aceita a derrota como mais um golpe da vida que vai ter de conseguir encaixar.
A obra da minha mãe foi assim…as obras que acompanhei também não estiveram longe deste cenário…e hoje recordo a obra da minha própria casa que tanta dor de cabeça me deu…as obras do atelier onde trabalhei, com tantas disputas e saturação por parte dos clientes…

…Hoje estou no avião para Paris na companhia do Luis. Vou fazer as vindimas mais uma vez. Vou juntar mais uns trocos, mas desta vez a dor será apenas física, a cabeça, sei que essa estará leve e flutuante. Finalmente vou sair do suplício que me tirou toda a paz que tinha conseguido durante a viagem à América do Sul. Sinto-o como uma batalha que não venci, e que apesar de não ter sido derrotada levou-me à exaustão, ao cansaço físico e mental, ao conflito e acima de tudo á descoberta de que não quero viver assim, e que qualquer que seja o rumo que a minha vida siga, espero conseguir manter-me longe desta exaustão, porque a vida é para ser vivida, não é para aceitarmos ser espancados pelo trabalho e chegar ao fim com uns tostões no bolso que nos são entregues em tom de compensação pelos danos causados. Espero lembrar-me disto sempre, que estas lições são para guardar!

Bem, e com isto vai longo o texto e qualquer dia expulsam-me deste blog! Porque afinal, aqui pode-se viver ao sabor do vento!!

domingo, 29 de agosto de 2010

Um saltinho à capital

Desta vez, para cambiar um pouco a rotina campesina, escrevo-vos da cidade.
Viémos a Buenos Aires, mais precisamente ao tranquilo bairro de Quilmes, de onde provém a famosa cerveja com o mesmo nome, antigamente explorada por imigrantes alemaes.
As condiçoes cibernéticas nao me permitem fazer já o download das fotos, por isso um post mais detalhado e ilustrado virá mais tarde. Ai vou poder apresentar toda a simpática família Ganzero Casasco, nomeadamente a pequena Violeta, que adora fazer poses do alto dos seus dois aninhos.
Por enquanto digo-vos apenas "hola" desde aqui do quilombo urbano:)
Também qualquer dia tenho que partilhar convosco a adoraçao argentina pela cozinha. Se, como eu, pensavam que o povo português fala muito de comida e que quase todos os portugueses adoram comer, desenganem-se. Os argentinos dao um outro requinte ao culto da gula. Estou a aprender os nomes de todas as partes da vaca. É claro que aqui em Bs As já fizémos um fantástico asado e é claro que me pediram para preparar o famoso bacalhau com natas. Nao sao muito amantes de peixe, mas com este ficaram rendidos :)
Em breve regressamos a Uspallata e volto a dar noticias!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Lisboa menina e moça

Casa é onde nos sentimos bem...e a nossa terra, por muito que se viaje pelo mundo, será sempre a nossa terra, e onde o nosso coração está!
O regresso foi fácil...bem, a viagem até cá nem por isso pois demorei um total de 5 dias desde o momento em que saí de Uspallata até ao momento em que finalmente pus um pézinho em terras Lisboetas. Foi duro! Das viagens mais canstivas e longas que alguma vez fiz, mas valeu a pena!

Resolvemos, eu e a Inês, que precisávamos de juntar dinheiro para seguir rumo ao nosso destino final, o Brasil...por força de várias circunstâncias acabei por me ver de volta a Portugal, para juntar aqui o dinheiro que preciso para o tempo de viagem que ainda queremos fazer. Depois, regressar até à América do Sul e reencontrar-me com a minha companheira, que, por motivos já vossos conhecidos, optou por ficar por terras Argentinas a fazer o mesmo que eu me proponho a conseguir durante o período de 3 meses que permanecerei em Portugal...Juntar todo o dinheiro possível e fugir novamente!

O regresso tem sido fácil, aliás, sinto-o como se nunca tivésse saído de cá, e os 5meses e meio que deambulei por terras desconhecidas, tornaram-se em algo vago, longinquo e distante. A rotina do viajante, das mochilas e sacos e, no meu caso, didgeridou, entranhou-se em mim enquanto por lá estive, ao ponto de me parecer que era capaz de fazer daquilo a minha vida...anos e anos a percorrer o mundo, a conhecer gente, a ver o sol nascer e por-se nos lugares mais remotos do nosso pequeno mundo...mas hoje, de volta ao nosso Portugal, tudo ficou para trás.

Desde que cá estou, foram festas, passeios, saídas à noite, Bairro alto, Alfama, Sines, Ericeira, a rotina de um trabalho novo que arranjei para cumprir o meu objectivo, sol, praia, MUITO calor...e amigos...e familia...e eu mais uma vez embrulhada na rotina de que já tinha saudades...mais uma vez a correr entre os tempos de uns e outros, mais uma vez a tentar chegar a todos, mais uma vez a não querer que o tempo voe...

Estarei por Lisboa até Outubro, pelo meio irei às vindimas a França e este é todo o plano que tenho para já…depois, como já estão habituados, será mais uma vez ao sabor do vento, desta vez, Brasileiro!!! Mas até lá...até lá...as minhas palavras continuarão por aqui...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Artigo de jornal da Inês!

Suenan los bombos y las bocinas de los camiones. Hay desconcierto en el pueblo. La gente parece revuelta pero se manifiesta pacíficamente. Yo, una turista portuguesa que decidió pasar unos días en Uspallata, me encontré el 9 de Julio con este escenario y me informan que se trata de un corte de ruta informativo (distribución de panfletos a toda la gente que pasaba por la ruta 7), alertando por el problema de las minerías a cielo abierto. Mi formación en sociología me estimuló la curiosidad por este fenómeno. Siendo ciudadana europea, y buscando información para conocer más como mi país, perteneciendo a la Unión Europea, enfrenta este tema, en diferencia de lo que pasa aquí en Latino América. Hice una investigación y concluí que se tratan de dos realidades completamente distintas. Me quedé indignada. ¿Como puede Argentina estar apoyando un proyecto de minerías de este tipo, cuando en Europa recién (el 11 de Mayo de 2010) se aprueba una resolución que prohíbe el uso de cianuro (considerado uno de los principales contaminantes, y que puede tener un impacto catastrófico e irreversible en el medio ambiente y en la salud humana) antes del fin de 2011 con el objetivo de proteger los recursos hídricos y la biodiversidad (Resolución B7-0240/2010)? Además se dice que acá quieren incluir en los programas escolares información a favor de las minerías!
Mientras los eurodiputados piden al Ejecutivo comunitario que apoye la reconversión de las zonas donde está presente este tipo de minería, concediendo apoyo financiero para impulsar industrias ecológicas, energías renovables y el turismo; en Argentina se esta a punto de invertir millones en un emprendimiento que utiliza cianuro y acido sulfúrico cerca de nacientes de agua que alimentan diversas provincias y cerca de una de las zonas vitícolas más importantes del país.
Felizmente se constata que esas políticas, no agradan a muchos movimientos de vecinos y ecologistas argentinos, que siguen movilizándose contra el uso de estas sustancias contaminantes, como lo demuestra el caso de Uspallata, donde se creó especialmente para ese propósito una radio comunitaria (La Paquita 88.9 FM) que da voz a sus reivindicaciones, siendo una de las primeras radios en Argentina en luchar contra las minerías a cielo abierto.
La Cámara Argentina de Empresarios Mineros destaca el incremento del empleo en ese sector. Entonces ¿porque dentro de los considerandos que motivaron la decisión del Parlamento Europeo, se encuentra “que el uso de cianuro en la minería crea poco empleo y solo por un periodo de entre 8 y 16 años, pero puede provocar enormes daños ecológicos transfronterizos que, por lo general, no son reparados por las empresas explotadoras responsables, que suelen desaparecer o declararse en quiebra, sino por el Estado correspondiente, es decir, por los contribuyentes” y también que “en los últimos 25 años, se han registrado en todo el mundo más de 30 accidentes importantes relacionados con vertidos de cianuro”?.
Ya las presidencias española, belga y húngara habían tratado las políticas del agua como prioritarias y ya la Republica Checa y Alemania habían promulgado la prohibición de lixiviación con cianuro en la minería (la lixiviación es el proceso que utilizan las minas a cielo abierto para separar, de forma química, los metales de la piedra y consiste en derramar toneladas de líquidos contaminantes sobre montañas de escombros).
De esta forma Europa responde a la proclamación de 2010 como Año Internacional de la Diversidad Biológica, la cual invita al mundo a actuar para salvaguardar la biodiversidad en la Tierra.
En junio de 2007 Mendoza se convertía, a nivel nacional en una de las pioneras respecto del cuidado del medio ambiente, con la aprobación de la Ley Nº 7.722, que prohíbe la utilización de cianuro y otras sustancias toxicas en la actividad minera. Uspallata debería orgullecerse de pertenecer a esa provincia que protege la naturaleza … pero desgraciadamente hoy esa ley parece estar en riesgo. Además, Uspallata pertenece al Departamento de Las Heras, cuyas preocupaciones parecen ser solidarias con los intereses de las empresas mineras. Si Uspallata perteneciese al Departamento de Lujan de Cuyo talvez los acontecimientos serian diferentes…
San Carlos es un ejemplo de suceso. El Concejo Deliberante aprobó por unanimidad la Ordenanza 1.068/05 que prohíbe, dentro de los límites del departamento, “el empleo de técnicas de lixiviación con sustancias tóxicas” en las actividades mineras. Esta ordenanza surgió a raíz de una propuesta del grupo de Vecinos Autoconvocados.
Actualmente, la mayor parte de los participantes en minerías en Argentina son holdings extranjeros. Hablamos de conglomerados empresariales australianos, británicos, canadienses y norteamericanos. Talvez, si la opinión publica de estos países fuese alertada para esta situación, muy probablemente, se opondría a tal negocio.
Uspallata no se opone a la actividad minera en general, sino a un determinado modo de explotación a gran escala que implica el uso de tóxicos que causan efectos irreparables en la sociedad y el territorio. Y sabemos que existen alternativas. Basta existir voluntad política para ponerlas en acción.
Yo, una turista en Uspallata, comprendí la irritación de la gente que se manifiesta por las calles y me sentí solidaria con su lucha. Prometo difundir este problema que no es de Argentina si no de el mundo, a través de todos los vehículos informativos que pueda alcanzar, con la esperanza de que mi mensaje pueda juntarse al protesto colectivo y servir como pequeña contribución para impedir la destrucción de los colores hermosos de estas montañas y de todo el ecosistema universal.

Inês Cardoso

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Vida campesina e boa onda argentina

Ola ola directamente do Valle de Uspallata, entre a pré cordilheira e a cordilheira dos Andes, aqui bem pertinho do Aconcágua ;)
Estive a tentar publicar mais fotos aqui no blog mas esta internet é de terror e acabei por desistir...
Por isso vao ter que se contentar com um simples post, para vos pôr a para daquilo que ando a fazer por aqui, pois já me apercebi que a curiosidade é imensa :)
No campo há sempre muita coisa para fazer, mas tudo corre a um ritmo tranquilo e relaxado.
Nos nossos passeios, nunca nos escapa nenhuma plantinha autóctone, que levamos para o nosso viveiro particular. Temos feito muitas germinaçoes. Tenho particular fé nuns moranguinhos que plantei e que deverao estar a despontar na Primavera. Apercebi-me que os frutos vermelhos sao os meus predilectos :) E aquela maçaroca colorida que trouxémos de Jujuy lembraste Clau? Parece que também vai pegar! :)
Merecem também destaque alguns apontamentos gastronómicos que têm aguçado um pouco a melancolia: na nossa ida mensal à grande cidade descobrimos no supermercado "sardinhas portuguesas"! É obvio que delirámos e fizémos uma super sardinhada no dia seguinte... nem pensem que me podem meter inveja com as vossas sardinhadas de Verao! Esta, em pleno inverno, foi um êxito! Além disso comprámos também bacalhau e já existe um argentino rendido aos encantos das nossas receitas. Principalmente com natas no forno! Yammi! E agora que o forninho novo já está completamente finalizado, também nos temos fartado de fazer pao. E que bom que é fazer o nosso próprio pao! É oficial, a minha alcunha da Tuna começa agora a fazer algum sentido.
O programa da Rádio La Paquita também continua sobre rodas. Às vezes lá é forçada a minha participaçao, com o meu sotaque exótico, nomeadamente para reivindicar contra um projecto de minha a céu aberto que está planeado para esta zona. Trata-se de uma luta local bastante forte, a qual foi aliás o motivo principal para a criaçao desta Radio Comunitaria. As minas a céu aberto já foram alvo de uma resoluçao do Parlamento Europeu, no sentido da sua eliminaçao até 2011, devido aos efeitos devastadores para a biodiversidade que acarreta o uso de cianuro e outras substancias quimicas no processo de lixiviaçao dos metais. Também já tive oportunidade de escrever um artigo sobre este problema num jornal local.
Entretanto soube que através de um observatório astronómico situado no Chile, foram descobertas várias estrelas gigantes, uma delas 300 vezes maior que o sol. É claro que isso por aqui tem dado azo a vários comentários sobre o fim do mundo profetizado pelos Maias, o qual deverá ocorrer em 2012. Ainda muito se virá a escrever e dizer sobre essa profecia, que nestes países acaba por ter um impacto muito mais forte. O fim do mundo nao será... mas algo irá acontecer! Quem sabe uma grande mudança de consciencia...
Entretanto, enquanto muitos de voces vao estar em Sines, no domingo vou celebrar o dia da Pacha Mama, ao som de muitos tambores e com direito a uma grande oferenda à mae natureza, para que a comida continue a ser saborosa e abundante!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Para onde o vento soprou...

O amor tem destas coisas...
O amor que eu tenho pela minha amiga levou-me a querer fazer com ela esta viagem, e esse mesmo amor que por ela sinto não me permite outra coisa senão dar-lhe o espaço que ela merece para ser quem é, e para fazer o que quer, tal como eu sei que ela me dá a mim.
A nossa viagem, segundo o meu ponto de vista, sempre nos permitiu dar liberdade uma à outra...se por algum momento os caminhos tinham de seguir direcções opostas, assim foi, mas sempre com previsão de regresso...a nossa viagem é feita a duas e longe ou perto, eu estou com ela, e ela comigo.

Tudo isto para dizer, que depois do nosso reencontro, e de passarmos pelos sítios onde a ventosa morena vos descreveu, seguimos rumo à terra que roubou o coração da minha companheira de viagem. A nossa viagem seguiu caminhos opostos quando fui à ilha de Páscoa e enquanto estive na Bolivia. Cada uma de nós viveu experiências diferentes, que nos deram novo brilho e crescimento...

Foram algumas as horas de bus que ainda tivémos de percorrer até chegar lá...eu, que não tinha motivos para isso, acho que estava tão excitada com a perspectiva de ir conhecer Uspallata como ela devia estar no dia em que resolveu largar tudo e seguir para lá.
Chegámos de noite, e pouco depois aparece o rapaz que nos acolheu...o Dom Quixote de Uspallata! Argentino de gema, romântico de coração.
Acho que estávamos os dois nervosos (eu e ele)...acho que estávamos os três contentes...
Posso contar isto Inês?!!?? Permites-me?
Se me permites então contarei também, que gostei muito de ai estar....gostei muito de o conhecer e toda a realidade campestre que a ti também te cativou. Se me permites, vou contar ao mundo que existem galinhas, porcos e leitões, um gato e dois cães enormes, montanhas lindas e um casal de apaixonados escondido numa cabana pintada de cores vivas. Se me permites vou contar que construímos um forno enquanto ai estive, que passeámos a cavalo... vou dizer que conheci amigos vossos cujo coração superava o corpo, se me permites vou ainda dizer que te vi brilhar como há muito tempo não via, e que me sinto feliz de ter testemunhado esses momentos, em que a vida atinge a simplicidade do dia-a-dia, em que o amor justifica tudo, e em que estiveste com uma plenitude como eu nunca te vi antes...
Se me permites Inês, vou contar ao mundo que estás feliz, e que eu estou feliz por ti, e que mesmo longe, sei que continuamos perto...eu em Lisboa, tu em Uspallata...

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Um pulinho ao Norte

Depois de quase um mês de afastamento, as ventosas reuniram-se em Jujuy, no Norte da Argentina. Foi um reencontro bastante emocional :)
Há muito que queríamos conhecer esta cidade, mas ainda nao tínhamos tido oportunidade.
Visitámos Pumamarca, um pequeno pueblo nos arredores e contemplámos o seu fabuloso Cerro das Siete Colores, bem do alto de um monte onde sentimos o amor universal :)
Também fizémos um tour por umas lagunas lindíssimas (e mais uma vez a nossa estrelinha brilhou e pudémos disfrutar da boleia de um senhor tao simpático, tao simpático, que fez uma viagem de propósito só para nos ir buscar) e descobrimos um pequeno paraíso onde fizémos um pic-nic e treinámos um pouco os nosso instrumentos de sopro.
Depois conhecemos tambem Salta, uma cidade bastante maior e bem bonita, principalmente à noite, com todos os monumentos iluminados. Tem também uns parques enormes e bem acolhedores.
Entretanto comprei uma máquina fotográfica, por isso já estou armada para vos mostrar novas imagens.
Depois de Jujuy e Salta viémoa novamente para Uspallata.. mas como eu já escrevi demasiado sobre esta vila, deixo agora que seja a Clau a tecer as suas consideraçoes. Serao publicadas em breve! :)

domingo, 4 de julho de 2010

Resumo de quase um mês de viagem alone!

Parte I - Zona Norte

Ora cá estamos novamente...desta vez, para dar as últimas informaçöes sobre os dias passados na Bolívia!
La Paz, foi fixe, de lá segui para Cochabamba, abaixo do altiplano, e cujo principal atractivo é a variedade gastronómica. Segundo a guia, começam o dia com uma sopa, a meio da manhä uns fritos ou umas batatas "rellenas", ao almoço o menú completo (sopa e segundo), a meio da tarde bora lá a umas empanadas e ao jantar siga o menú novamente!
Pareceu-me o lugar ideal para recuperar da segunda gastro e assim sendo lá segui rumo a esta simpática cidade na companhia do Basco. Felizmente além de comer ainda tive a oportunidade de assitir a um concerto de jazz com músicos muito criativos! Valeu a pena o dia lá passado!

Seguimos depois para o que seria zona de selva, Villa Tunari, onde encontrámos amigos de La Paz (Solene e Guilhermo) e um novo amigo cataläo (Lluis). Mais uma vez, num dia démos a volta ao "pueblito" e ainda aproveitámos para ver os "monitos" do parque Machia. Foi o ponto alto do dia! :D Vejam as fotos!
Ás 2h da manhä, pusémo-nos ao lado da rua que seguia até Santa Cruz à espera dos buses que vinham de Cochabamba. O plano era pará-los e entrar...prática corrente nestas terras...Assim foi, pouco tempo depois aparece um bus, que só tinha um lugar livre, e como nós éramos 3 (eu e os espanhóis) näo deu...esperámos mais um bocadinho e surge o veículo alado onde viajaríamos entalados entre mamitas, em bancos de molas soltas e aroma saturado. O pormenor mais interessante desta viagem, foi que nos puséram as bagagens num dos alçapöes da parte baixa do autocarro...e dizem voçês: Perfeitamente normal!...E sim, até seria, se nao estivésse a dormir lá uma pessoa durante toda a viagem e nem quando chegámos a Sta Cruz, e retirámos a mala aquela alma de lá saiu!! Precisarei de dizer mais alguma coisa?
Em Sta Cruz näo parámos...o objectivo final era a simpática vila de Samaipata. Turística ao que consta, mas com ruinas Inkas por perto e carregadinha de caminhos para percorrer no meio da natureza! Assim sendo, e como diziam que em Sta Cruz nao valia a pena parar, apanhámos logo outro bus pequeno e seguimos viagem.

Samaipata foi sem dúvida o meu ponto alto da Bolívia! Vila pequena, com alguns alemäes e estrangeiros de outras nacionalidades a coordenar alguns restaurantes e padarias que me mataram a saudade de tantas "delicatéssem" europeias! E o tempo era óptimo, e verde por todo o lado, e uma sensaçao de conforto e de estar no lugar certo!
Fiquei a saber que se iria festejar o solstício de inverno numa das maiores ruínas Inkas do pais, numa pedra/rocha totalmente talhada no topo de uma montanha sagrada. Era o que precisava de ouvir para me decidir a ficar ali à espera deste grande festejo. Uma semana foi o tempo que ali passei e dou por bem gastos os dias de ritmo lento e pouca ocupaçao. No início da semana, para aproveitar a estadia de poucos dias dos espanhóis, ainda fui fazer uma caminhada e tentei ir até Vallegrande ver o balneário onde o CHE foi fotografado morto, o "lavadero" onde o limparam, e todas as esculturas e obras em sua honra. Neste dia fatídico näo passei da casa de banho do museu, onde tive uma poderosa recaída da gastro, a minha terceira, e acabei por ter de passar o dia na clínica mais próxima. Vallegrande definitivamente näo é cidade para ninguém, que o diga o companheiro Che!!
Este foi mais um dos motivos que me levou a permanecer no pequeno paraíso que tinha encontrado neste pais. Armada de desculpas para ali permanecer, apenas vos posso dizer, que entre aulas de artesanato, fogueiras nocturnas e dias de sol deitada a rede, tive uns dias santos de espera pelo famoso solstício. E assim, no dia 21 subímos ao monte onde a cerimónia decorreria e lá esperámos toda a noite pelo amanhecer que os Xamans da regiäo iriam abençoar. Uma cerimónia simples, com insensos, cânticos e uns quantos raios de sol a espreitar por entre as núvens...Que emoçäo!!!

Parte II- Partida para o Sul

Um novo ano Inka nasceu!! Dia 21 começou o novo ano e para mim começou uma nova etapa de viagem...a descida ao sul!

Relatei-vos num pequeno/grande texto anterior a este, alguns dos problemas que eu e a Soléne encontramos na nossa tentativa de seguir viagem de forma económica. Só para que tenham uma ideia mais precisa do que foi, acrescento que se tivéssemos ido de bus directamente de Samaipata demorávamos 12h...com o caminho que acabámos por escolher por confiarmos nas vozes do povo, demorámos cerca de 2 dias e duas noites...enfim, Bolivia no seu melhor!!

O pior, foi que depois de uma semana de paz e sossego, tive uma semana de corrida contra o tempo, poucas horas de sono e pouco conforto.

A saída de Samaipata já sabem como foi, e quando finalmente chegámos a Sucre, a täo desejada cidade, tive logo de comprar o bilhete de bus para seguir ainda mais para sul, para Tupiza, de onde faria um tour de 3 dias pelo salar de Uyuni, um dos maiores do mundo. Tudo isto, para conseguir estar a tempo e horas na cidade Argentina onde combinei com a Inês o reencontro. O tempo urgia e näo foi fácil cumprir com o prometido, ainda assim, como dizia, chegámos de manhä a Sucre, dei uma volta pela cidade, papei uma comidinha que desconhecia no mercado central e ao fim do dia estava de novo no bus a caminha de Tupiza.

Cheguei a Tupiza as 5h da matina, e na propria estaçao de bus encontrei um Françês e um Quebéquiano com intençöes de fazer o mesmo tour que eu, com saida nesse mesmo dia o mais cedo possível! Depois de uma horas de espera para que as agências abrissem, lá conseguimos o que procurávamos...gastei até ao último centavo boliviano e americano que tinha comigo, e lá fui eu fazer o meu último tour neste país...o täo esperado Salar de Uyuni!!!

Três dias e duas noits a dormir em hoteis sem água e camas duras, mas com um guia e cozinheira! Comi que me fartei o dia todo, mas para compensar, e porque o tour normal era de 4 dias e nós quisémos fazê-lo em 3 por causa da falta de tempo, dormi sempre cerca de 5/6 horas, e isto porque íamos para a caminha as 21h!!! Sim, porque saímos sempre as 3h/4h da manhä para conseguirmos precorrer os Km diários necessários para cumprir os prazos!!
O bom de tudo isto foi que tivémos sempre a possibilidade de ver o nascer e o pôr-do-sol naquelas paisagens lindíssimas e quase lunares...excluindo o magnifico salar, cuja brancura e planura me espantaram mais do que imaginava! Mais uma vez...espreitem as fotos!!

A prova foi superada com êxito e lá corri eu de novo para o bus, passei a fronteira da Bolívia e eis-me de novo nas terras civilizadas e galäs da Argentina! Mesmo de pele e feiçöes parecidas aos Bolivianos, bastou passar a fronteira para imediatamente a espontaneidade das pessoas e o conforto dos buses mudar!! Que bom estar de volta ás viagens de horas a fio com filmes e refeiçöes a bordo!!! Saudades deste conforto!!!

E pronto...foi assim que passei as minhas semanas na Bolivia...no inicio mais "despacito", no fim mais a correr pela falta de tempo...num misto de ódio e amor pela passividade Boliviana, num misto de repulsa e curiosidade pela comida que tanto mal me fez mas que täo boa era...
Hoje posso sem dúvida dizer que quero voltar...sabe-se lá quando, mas é um pais com muito para ver e eu fiquei com a sensaçäo de que me faltou mesmo muito...

terça-feira, 29 de junho de 2010

Bolivianísses...

Na clínica de saúde, numa recaída de gastro (again!):
Médico- Entäo diga-me lá, de onde é?
Eu- Portugal
uns minutos...
Médico- Entao diga-me lá, de onde é no Canadá?
Eu- Sou de Portugal...
Médico- Ah, pois, já me tinha dito!
Depois de fazer umas coisas..
Médico- Percorreu uma grande distância para chegar até aqui. EU gosto muito do Canadá!
Eu- Pois...mas eu sou de Portugal...tb é uma grande distancia...
Médico- Hummm
um pouco mais tarde:
Médico- Isto aqui até näo está mal de tempo, no Canadá agora é inverno, näo é?


No dia em que eu e a Soléne resolvemos ir à boleia até Sucre no terminal de Samaipata perguntámos:
Nós- O bus para Sucre quanto custa?
Sr.- 90 bolivianos
Nós- Entäo e há outro bus mais barato?
Sr.- Näo, só este.
Nós- E se formos até Vallegrande e de lá tentarmos apanhar um bus para Sucre, será mais barato? Existem autocarros de lá?
Sr.- Sim, de lá podem facilmente ir até Sucre.
Nós- Boa!

Apanhamos boleia de um camiäo até Vallegrande...chegamos de noite e dirigimo-nos ao terminal:
Nós- Boa noite, há autocarro esta noite para Sucre? Queríamos viajar de noite...
Sra.- Näo, para ir para Sucre têm de ir por Mataral..
Nós- Nao?!?! Mas existe uma estrada no mapa!
Sr.- Sim, mas essa rota é muito má, e só há colectivos (mini-bus cheios de gente!) ao domingo e segunda e hoje é terça!
Nós- É que nós acabámos de passar por lá! Nao queríamos voltar para trás e muito menos ter de esperar pelo próximo domingo...Existe alguma outra possibilidade de sair de Vallegrande em direcçao a Sucre?
Sr.- Nao

Dormimos essa noite em Vallegrande e resolvemos tentar no dia seguinte boleia pela estrada má, rumo a sul para nao ter de voltar atrás na rota. No mercado, depois do pequeno almoço:

Nós- Bom dia, sabe se há colectivos hoje para Sucre?
Sra.- Humm...nao sei...ò maria, há colectivos hoje? Sim!? têm de ir até villa Serrano primeiro? Ah, entao têm de ir até à rua X
Nós- sim?!?! entao e a que horas passa?
Sra.- Deve ser lá para as 12h30/13h

Chegadas à rua X somos abordadas por uma taxista:

Taxista- Para onde väo?
Nós- Estamos à espera do coletivo para ir até Villa Serrano..
Taxista- Isso hoje näo väo conseguir! Os colectivos para lá säo só aos domingos e segundas! O melhor que têm a fazer é ir de taxi até XPTO e de lá depois irem de colectivo, que de lá hoje há!
Nós- Nao há colectivo? Disseram-nos que sim!
A Taxista insiste, junta-se gente...cada um opina num dia em que o colectivo passa, mas o que é certo é que nao existe hoje!
Infelizes vamos até à loja do canto ver se havia pilhas, que näo tinhamos...um sr à porta pergunta:

Sr- Para onde väo?
Nós- Queríamos ir até Villa Serrano para chegar a Sucre. Existe colectivo hoje, ou alguma maneira de ir em direcçäo ao sul hoje?
Sr.- Sim, podem apanhar o colectivo até Villa Serrano nos arredores da cidade!
Nós- Mas há hoje?
Sr.- Sim...deve passar lá para as 14h.
Nós- 14h? Disseram-nos 13h!
Sr.- Näo...sigam até à escultura do cavalinho esperem lá e por volta das 14h há-de passar o colectivo!

Seguimos de mochilas ás costas e didge em punho, como havíamos estado desde o início rumo aos arredores da cidade, à procura da escultura do cavalinho.
Esperamos... Passa uma sra:

Sra.- Estao à espera do colectivo?
Nós- Sim!
Sra.- Hoje nao há! Só Domingos e Segundas!
Nós- Mas disseram-nos que havia hoje e que passava às 14h.
Sra.- Olhem que nao...

Resolvemos esperar e ir pedindo boleia até as 15h e se nao passásse nenhum carro desistiamos e andavamos para trás, para Mataral e de lá ir a Sucre! Esse existia de certeza!
15h...pegamos nas coisas e pomo-nos a caminho do terminal. Estado de espírito: Sentimento de frustraçao e de um dia perdido!
A caminho do terminal resolvemos perguntar a uns srs. que nos dizem para esperar até às 17h, que nesse dia havia de certeza 3 companhias que passavam até Villa Serrano e que de lá havia bus de noite até Sucre.
16h30 aparece um bus...negociamos o preço e lá entramos rumo a Villa Serrano! Afinal existia! Perguntamos a uma Suiça que estava no bus até que horas era suposto chegarmos. Diz-nos que no terminal lhe disseram que seria às 19h, mas que quando entrou no bus o motorista lhe disse que seria só as 24h!!!

Nós- E há bus para sucre à noite?
Ela- Näo, parece que o primeiro é às 5h da manhä!
Nós- Bem, com o atraso que o bus deve ter, só devemos chegar à 1h da manhä...näo deve valer a pena pagar quarto...esperamos 4 horas no terminal e dormimos depois no bus!
Ela- Ficarei com voçês!

Chegadas a Villa Serrano à praça central da vila, ás 24h30...perguntamos a um sr. a que horas saem os bus para Sucre. Responde que só as 6h da manhä
Resolvemos esperar na praça e entretemo-nos o resto da noite a conversar na praça, enroladas nos saco-cama.
5h30 da manhä aparece uma sra. Perguntamos a que horas abre o mercado para podermos ir tomar o peq. almoço. Diz-nos que só as 6h. Perguntamos a horas sai o primeiro bus para Sucre...diz que será as 7h da manhä...
6h vamos até ao mercado comer... 7h vamos até ao guichet do bus para Sucre que entretanto abriu com o nascer do sol:

Nós- A que horas sai o bus para Sucre?
Sra.- às 7h30

NO COMENTS!!!!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Êxodo urbano

Finalmente cá estou eu a dar noticias. Nao foi por falta de vontade que nao o fiz mais cedo...simplesmente o acesso à internet tem sido limitado...afinal de contas estou enfiada num Vale no meio do campo :)
Enfim, as saudades apertaram e resolvi revisitar a Argentina, mais precisamente Uspallata. E por aqui tenho estado nesta terra lindissima (é uma pena nao poder mostrar-vos mais fotos deste lindo lugar, mas já sabem o triste fim que teve a minha máquina fotográfica...)a entreter-me com uma série de coisas nomeadamente ajudar (entenda-se que apenas com apoio moral) a preparar um programa de uma rádio comunitária, ir assistir a corridas de galgos com uma família bem campesina que tem 3 niños bem listos, ir passear junto ao rio com o Amador, que é um cao que parece uma ovelha de tao felpudo (e que cresceu imenso desde a ultima vez que o vi!)... correr atrás da porca, quando ela está com as regras e se enfurece e decide fugir da sua "residencia"... enfim, acima de tudo disfrutar desta calmaria e desta rotina "gringa" que tanto me agrada.
Mas entretanto, vale a pena voltar um pouco atrás, para vos dar conta da minha visita ao Museo de la Coca, ainda em La Paz. Foi das poucas coisas uteis que consegui fazer naquela cidade onde nao senti boas vibraçoes...
Enfim, nao quero tecer grandes comentários, mas apenas dizer que,apesar de pequenito e um pouco pelado (já foi vitima de alguns furtos), o museu está bastante completo. No início a pessoa tem a impressao de que está presente apenas uma perspectiva: a da defesa acérrima daquela folha milgarosa, utilizada já desde o tempo dos incas para efeitos médicos (imaginem como era preciso anestesiar o corpo para fazer cirurgias naquela época), espirituais (era também um símbolo de contacto com o divino)e mais tarde como alento para os trabalhos forçados que eram impostos pelos espanhóis.
Mas afinal fala-se também dos tratamentos químicos,da produçao de cocaina e dos efeitos nocivos desta droga no cérebro do homem branco, que a transformou em veneno (claro que sempre segundo a optica de que os países ricos do Norte vieram apropriar-se deste tesouro e sugar todos os seus dividendos (a industria farmaceutica é disso um exemplo paradigmático). A exposiçao termina com a ligaçao directa entre a folha de coca e a Coca-Cola, com a assunçao de que inicialmente esta marca de refrigerante utilizava a coca na confecçao da bebida. Parece que isto é um dado adquirido e eu era das únicas tontas que ainda nao sabia... mas sinceramente nao fiquei convencida... apesar de tudo é demasiado fácil associar este símbolo do capitalismo a uma adiçao mal afamada. Por outro lado o nome é realmente comprometedor...enfim, cada um que retire as suas conclusoes...
Entretanto, por falar em coca, registo ainda outro episódio: o facto de, na minha viagem rumo ao Sul, ter ficado retida durante duas horas na periferia de La Paz, devido ao controle da mercadoria. Aparentemente tinha havido uma denuncia. Aparentemente estava a sair da Bolivia mais coca do que era permitido. Todos os veículos tiveram que ser inspeccionados.
Depois desse contratempo, todo o resto da viagem se desenrolou pacificamente. Intrigou-me particularmente o facto de, no sul da Bolivia, o percurso do autocarro acompanhar e cruzar várias vezes a Panamericana, mas raramente seguir sobre ela. Avistamo-la longa e pavimentada ao nosso lado, mas o motorista insiste em seguir pelos trilhos de terra batida aos solavancos... E de tempos a tempos avistam-se operários que trabalham na sua construçao. Quando tiver mais tempo hei-de investigar mais sobre esta famigerada estrada, projectada desde há tanto tempo, que tanta polémica tem gerado... e que se teme interminável...como as obras de Santa Engrácia!
E por falar em Santa Engrácia, viva Lisboa e vivam os Santos Populares!
Lembrei-me bastante da minha cidade nestes dias e imaginei as ruas cheias de gente, o cheirinho a sardinha assada e a música do bailarico popular.
Espero que todos se tenham divertido muito! A Bica é linda!
E amanha a ver se consigo ver o jogo de Portugal! A vitória será celebrada pela única tuga que circula por estas bandas. prometo dar o meu melhor :p

domingo, 6 de junho de 2010

Segue a aventura...

Pois é...uma semana após, muita coisa já passou e nós sem darmos sinal.
Motivos?
Por onde começar...?
Chegámos a La paz na quinta passada. Cá encontrámos o nosso amigo Alexis e muito rapidamente fizémos mais amigos...Tom, Josú, Cristian, Lorena, Xani...em pouco tempo La Paz revelou-se uma cidade difícil de largar...de tal maneira, que ainda cá estou! :D

Nos primeiros dias tivémos a felicidade de apanhar a festa do Gran Poder, onde infelizmente o Alexis ficou sem carteira e a Inês sem a sua máquina fotográfica...Afinal é verdade a fama que tem esta cidade!! Felizmente que a máquina tinha um cartao com poucas fotos, e já tinha alguma idade...nevertheless, foi uma pena!

Tive oportunidade de ir dançar a uma "Peña" (discoteca local) onde os autóctones nos acolheram com grande meiguice, nao se cansando de nos tentar ensinar a dançar como eles, abanando a cabeça e os braços como uma galinha louca!! Parece estranho, mas cheguei à conclusäo que deve ser a única maneira de conseguir dançar as músicas bolivianas! Já no cortejo da festa do Gran Poder, que tivémos o prazer de apreciar no dia seguinte à nossa chegada, e que dura das 8h da manhä até as 24h, todos dançavam dentro deste estilo mas desta feita com trajes coloridos e máscaras!
No meio da confusäo ainda reencontrámos um casal françês que também esteve connosco em Säo Pedro de Atacama, o Greg e a Cecile.

La Paz revelou-se um ponto de encontro e toda a gente mais tarde ou mais cedo vem aqui parar e estranhamente tem dificuldade em sair!! Eu sou exemplo disso!
Depois das festas e de entretanto também eu ter ficado sem o meu cartäo de multibanco porque uma máquina o resolveu engolir (felizmente parece que o vou reaver na segunda!) resolvi dedicar-me à aventura!

Nada como começar a semana com a famosa estrada da morte de bicicleta!!
Ruta de la Muerte!!
Famosíssima por ser uma estrada de montanha que desce dos 4700m até aos 1200m por entre vegetaçao tropical, onde muitos acidentes aconteceram até que o governo finalmente resolveu pôr apenas um sentido na dita cuja, e mais tarde impedir o trânsito que lá circulava e fazer outra estrada... Posso dizer que mete medo sim sr...Eu ainda por cima apanhei tempo de chuva e neblina.

Éramos 4 (eu, o Josú (basco), e um casal de franceses, Marion e Romain), equipados a meio gás (nada como fazer as coisas na empresa mais barata, ver os outros de capacetes fechados e impermeável e nós de capacetezinho de bicicleta, e molhados até aos ossos!! Ninguém avisa!!!!!) mas sempre de boa disposiçäo!
Eu, como nao podia deixar de ser, era a última! Sempre antes do carro patrulha...chegaram-me a doer os dedos de tanta força a agarrar o guiador, mas fiz tudo, e vale realmente a pena! Nada como uma estrada de pedra, areia e precipício para nos mostrar que a vida vale demasiado!
Para complementar esta sensaçao, tínhamos um guia muito porreiro (de seu nome Elvis) que ia contando as histórias da estrada e referindo os locais onde no ano passado morreu uma pessoa em maio, um guia em agosto (altura em que parece que a terra tem sempre fome e precisa de carne!) por se ter desiquilibrado enquanto tirava uma foto ao grupo, e este ano, há cerca de dois meses uma Israelita...muitas cruzes pelo caminho e eu nem queria imaginar onde acabava o precipicio, pois a neblina impedia que se visse tudo...Felizmente que os travöes nunca falharam!! :D

Depois disto, e uma vez que a grupeta formada para esta aventura funcionou, fui convidada, juntamente com o Basco a juntarmo-nos ao casal françês e fazer um treck de 3 dias pela famosa Ilha do Sol no lago Titicaca! De referir que esta seria a terceira vez que tentaria lá ir, pois com a minha irmä já havia tentado 2 vezes...escusado será dizer que neste momento só posso concluir que só me estava destinado a mim fazer tal visita, pois finalmente os astros permitiram o meu acesso a esta fabulosa ilha localizada neste lago sagrado a cerca de 3800m de altura. O pico mais alto da ilha foi a cerca de 4100m.

No final de 3 dias passou a 4 e foi muito muito bom! As vistas eram fantásticas, as ruinas muito bonitas e a experiência do camping selvagem foi do melhor! E o pôr-do-sol e o amanhecer säo indescritíveis!
Cozinhámos sempre na bela da fogueira feita com o que se encontrava no local onde resolvíamos acampar...nem sempre foi fácil, mas comêmos sempre!! heheh
Ao todo conseguímos o milagre da multiplicaçao, e fizémos render 2 abacates, 0.5kg de kenua, 0.5kg de arros, 5 salsichas frescas, tomate, pepino, 20 päes, duas sopas instantâneas e 4 cebolas para os 4 dias para as 4 pessoas!! Eu näo achei nada mau!!

Agora, de volta ao aconchego do hostel em La Paz, continuei as visitas e hoje fui ver as ruinas Pré-Inkas de Tihuanaku. Valem a pena, mas näo estäo no seu melhor estado de conservaçao e säo muito caras!
Mais...ainda pensei em fazer parapente aqui na fabulosa e autêntica cidade de LA Paz, cuja configuraçao deve valer bem a pena ser vista de cima...mas o preço... :( ...é que isto aqui é barato...mas o meu orçamento começa a ficar reduzido e com tudo oque ainda falta ver neste pais tenho de ser comedida!

Já estäo cansados de ler?
Entäo vá, deixo para o próximo post a descriçao deste povo...que embora muito parecido ao peruano vale a pena uma pequena descriçäo!

sábado, 29 de maio de 2010

O tempo voa...mas a Gastroentrite näo!!

Pois é meus amigos...Näo há quem páre o tempo!
Ainda há pouco estávamos em Lisboa e nao tarda faz 4 meses que estamos fora...ainda há pouco estiveram cá as Anas...
Ainda há pouco as ventosas se separam e fui à Ilha de páscoa...ainda há pouco sairam de cá os fabulosos 4...e sem dar por ela, tenho a sensaçao que foi ontem que tive a minha primeira gastro, e afinal, ela nao tinha passado com o tempo, como tudo o resto...esta veio para ficar!!!! Ahahahaha

Pois é, regressei de Nazca, onde me despedi da minha querida irmä e Vilhs com muita tristeza e de gastro em grande ebuliçao...uma vez mais! Já nao posso ouvir falar da dita cuja e no entanto näo há meio dela perceber que nao a quero por perto!

Mas antes que me esqueça...
Nazca! Fomos os três "pa"Nazca e foi lindo!
Cometêmos a loucura de estoirar mais uns dólares e resolvemos subir a uma avioneta e ver as famosas linhas lá do cimo e valeu bem a pena!
Estávamos os 3 eufóricos, parecíamos miúdos! É bastante mais impressionante do que imaginava e só tenho pena que as fotos nao permitam que se perceba a magnificência de tudo o que vimos, porque eu voltei de lá encantada!

Após täo extenuante visita démo-nos ainda ao luxo de dar um saltinho à piscina do hotel que nos vendeu os bilhetes, e a noite terminou com um belo jantar e uma saida ao que julgámos que seria a discoteca local!
As únicas descriçoes que me atrevo a fazer: meninas de indumentária algo reduzida, homens baixinhos...muitos...e sem porta no WC que dava directamente para a sala!!! Luz vermelha, um palco com um varao no meio onde esperámos a qualquer momento ver uma "senhora" empoleirada, e uma wc de mulheres onde pingava (sabe-se lá o quê, pois felizmente as luzes eram muito poucas!) em cima de quem quer que tentásse realizar as suas necessidades na sanita...todo este cenário só me deixa concluir, que o meu corpinho sentiu-se tao confortável que no dia seguinte me agradeceu com o retorno da minha amiga Gastro!! Aquele local, foi algo que nunca esquecerei, e que coroou o fim da estadia da minha irmä e do Vilhena! Viva a disco de Nazca!!! :D

E assim foi que regressei aos braços da minha querida companheira de viagem que me esperava em Arequipa: em total desarranjo!

Após 3 dias de dormir horas a fio, café e molenguice, eis que resolvêmos que estava na hora de seguir viagem em direcçao à Bolivia! A viagem estava marcada para a noite...ao fim do dia aqui a "je" começou novamente a sentir-se mal (como já vai sendo hábito!) mas mesmo assim seguimos viagem para o que pensámos que seriam as últimas horas de bus no Perú.

O bus...esse täo amado meio de transporte sul americano...foi a minha desgraça!
O cheiro era intenso e nauseabundo...atrás de mim um senhora vomitava..o meu estômago ás voltas...frio...o meu intestino ás voltas...e nao aguentei mais...tentei ir à wc...trancada...fui ao condutor e a resposta foi:
-Senhorita, tiene que usar los baños ecológicos!
No bus a Inês, mais tarde, disse-me que se ouviu rir...
Eu ainda hesitei...perguntei: E isso onde é?
- A fuera senhorita! Atrás, donde encuentre! Disse o motorista perante a minha cara de incrédula...e eu juro que só me apetecia saltar-lhe em cima!!!!
Que amargura, que afliçao...lá fora só homens a urinar ao ar, nem um local abrigado p mim, eu com medo de ir muito longe nao fosse alguém estar por lá e me atacar...e as cólicas...ai as minhas cólicas...Foi, infernal esta viagem!!! Infernal!!!

Conclusao, dada a situaçao, acabámos por nao chegar ao destino, e resolvemos ficar numa vila antes, onde procurámos um hostal as 3h da manhä onde eu pudésse descansar e no dia seguinte ir ao hospital! Abençoada Inês que se nao estivésse a meu lado nao sei se nao teria corrido pior...Só me lembro dela, de manta polar de riscas aberta, só com a cabecinha por cima, a tapar-me enquanto tentava libertar ao mundo o meu mau estar e deixava atrás de mim um rio... Pobres de nós, senhoritas perdidas neste mundo sem regras!!!!

Dos dias seguintes apenas me lembro que a grande Inês nada deixou que faltásse, e a vila que nos acolheu, afinal tinha mesmo um hospital bem agradável e onde fui muito bem tratada, e onde até um concurso de danças na escola local tivémos o prazer de apreciar! Foi uma estadia santa, de muita calma e tranquilidade e onde pude finalmente ser diagnosticada e medicada convenientemente! É DESTA QUE A MATO DE VEZ!!!

Hoje, já em La Paz, posso afirmar que foi o melhor que fizémos, e que foi uma das vilas que melhor nos acolheu! Obrigada Juli!!!!

Acho que depois desta posso finalmente deixar de falar do meu problema "gastroentrítico" e voltar a falar do bom que é viajar e estar aqui, e conhecer tanta gente interessante!! Viva, viva, viva!!!!! :D

sexta-feira, 21 de maio de 2010

O Perú visto daqui

Agora que terminaram as 3 semanas alucinantes às voltas pelo Perú, na companhia dos 4 estarolas (neste momento eles já estarao no aviao a caminho de Lisboa) tenho um tempinho a sós (a Claudia foi "pa"Nazca e só regressa a Arequipa hoje à noite) para calmamente poder colocar a conversa em dia.
Impoe-se entao um post mais analítico, resultante da "digestao" de todas as vivências que fomos tendo neste país e dos seus costumes.
Desde que entrámos no Perú, que observámos a atroz diferença entre esta economia e a dos outros dois países por onde tínhamos passado. E sentimos que tínhamos chegado a um território designado (classificaçao já ultrapasada mas enfim) de "terceiro mundo". Fomos obrigados a esquecer a sociedade acéptica em que normalmente vivemos, protegidos pelas regras da ASAE e da Uniao Europeia.
Aqui, a carne é cortada e vai secando nos balcoes dos mercados, com uma higiene duvidosa e sem qualquer tipo de refrigeraçao. Aqui encontram-se baratas nos restaurantes e nos quartos dos hostais. Aqui as casas de banho nunca têm papel e algumas nem sequer água canalizada. Aqui vende-se sumo em sacos de plástico com uma palhinha espetada e copos de gelatina que aquece à temperatura ambiente. Aqui as crianças que vivem no meio rural têm as bochechas em crosta, tostadas pelo sol intenso e impiedoso em peles frágeis que nunca viram a cor de um protector contra raios ultravioleta. Aqui as casas estao eternamente inacabadas. O tijolo à vista e os ferros espetados nos telhados revelam o desejo de um futuro acrescento (para quando houver dinheiro, ou quando os filhos constituirem família, oxalá nao haja nenhum terremoto que destrua tudo e os obrigue a construir tudo de novo!). Aqui anda sempre uma pessoa pendurada nas portas dos autocarros a gritar o destino para onde se dirigem e a angariar fregueses (durante o tempo que estou aqui neste cyber, vou ouvindo consecutivamente esses vários pregoes). Aqui temos que estar sempre a regatear o preço de TUDO (e sabemos que por mais que baixemos a fasquia, estamos sempre a ser enganados, como bons turistas que se prezem) e quando recebemos uma nota, temos que verificar vezes sem conta que nao é falsa (eu fui a primeira contemplada com uma dessas e a partir daí nunca mais nos deixámos enganar! deixa cá ver a qualidade do papel! deixa cá ver se os números brilham, se se vê à transparência!).
Como já vimos nos posts anteriores, também fomos obrigados a esquecer as regras de transito e os limites de velocidade. Aqui os motoristas revelam um total desrespeito pelo valor da vida humana . Assistimos a várias ultrapassagens que nos meteram os cabelos em pé. Além disso, aqui uns meros 200 km demoram sempre 6h a ser percorridos devido ao mau estado das estradas.
De resto, apesar de todo este caos, os peruanos assemelham-se aos seus vizinhos sul americanos. Sao um povo simpatico e relativamente acolhedor. Muito devotos a todos os santos, bastante musicais (aqui também existe o culto dos clássicos anos 80) e tendo o turismo como uma das principais fontes de receita (tudo é pretexto para sacar mais alguns soles aos estrangeiros).
Estou agora em Arequipa e aqui pretendo permanecer uns diazinhos de relaxe, para recuperar do ritmo acelerado dos ultimos dias.
Arequipa é a segunda cidade do Perú. Está bastante cuidada. Sobrevivem muitos edifícios, igrejas e mosteiros do tempo dos espanhóis. É uma cidade repleta de vida, recheada de mercados onde se vende de tudo e todas as ruas se enchem de animaçao desde o alvorecer (em contrapartida, às nove da noite já quase nao se avista vivalma). Visitámos um museu que guarda uma das múmias mais bem conservadas do Mundo, encontrada perto da cratera de um vulcao aqui próximo, Juanita de seu nome, e oferecida àquela montanha como prova da devoçao dos incas aos seus deuses. Aí pudémos aprender um pouco mais sobre os significados presentes nos rituais fúnebres daquele povo, diferentes consoante as classes sociais de onde provinham as crianças sacrificadas, as quais deveriam possuir uma beleza imaculada.
Nos últimos dias o grupo separou-se. Três dos estarolas seguiram para Nazca e foram avistar as famosas linhas que desenham figuras gigantescas nos campos, cuja percepçao total apenas se pode ter a partir de céu (ou de uma avioneta). A outra ventosa depois nos contará a experiencia.
Eu cá fiquei com o Russo e a Mila. Fomos até Chivay, um pueblito a 4h de distancia. Dormimos num hostal bem simpático, onde vivia uma família e um lama bebé que parecia um cao. Visitámos o Valle e o Cañon del Colca, um dos mais profundos do Mundo e avistámos muitos condores, a planar bem juntinho dos nossos olhos. Também aprendemos a diferença dos trajes típicos entre quechuas e aymaras, collaguas e cabanas, solteiras e casadas :)

terça-feira, 18 de maio de 2010

Perú update!

Pois que a ventosa aniversariante aqui está entäo para relatar os últimos acontecimentos!!
O festejo do meu aniversário foi, como descrito, algo complicado devido a uma fabulosa gastroentrite viral que adquiri sabe-se lá como!! Em Cuzco como disse a Inês, quando começaram as celebraçoes, ainda apenas estava com um mau estar que poderia ser também devido à altitude (o que na verdade correu muito bem, porque os meus amiguinhos aproveitaram o dia em que fiquei na caminha para me comprarem todo o tipo de regalos!! só presentes...häo-de ver as fotos!), mas em Águas Calientes o estado da coisa já era täo mau que teve mesmo de ser chamado um médico ao quarto e aqui a "je" ficou a liquidos durante uns bons dias!!

Ainda estive assim durante um tempo em Puno, primeira cidade junto ao Lago Titicaca onde "atracámos"! Fomos como sempre "atacados" no terminal de bus pelos autóctones que nos tentavam impingir estadia e mais uma vez lá encontrámos um lugar que nos satisfez aos 6. Foi um dia complicado, pois o regresso de Águas Calientes, além de longo e dentro daquela camioneta de 12 apertada e cheia de sustos devido há boa conduçao dos peruanos, ainda continuou com uma corrida até ao terminal de Cuzco para apanhar o bus da noite para Puno...penso que falo por todos quando afirmo que já nao há quem nos assuste com viagens de bus! Depois da experiência das longuissimas e agitadas viagens de bus pelas estradas do Perú, näo haverá nenhuma pequena viagem até trás-os-montes que nos assuste!!!

Puno é uma cidade animada e acolhedora...o sol brilhava e o frio só aparecia à noite...fomos até ás ilhas flutuantes dos Uros e apanhámos a maior desilusäo da viagem!! Tirando o Vilhena, que se animou com a aventura turística, a opiniäo foi unânime...é demasiado preparado para os turistas, e toda a encenaçao é täo evidente que näo há como ter uma opiniao muito positiva daquele lugar. Vale pelo facto das ilhas serem feitas pelo Homem e por termos a capacidade de imaginar como aquilo teria sido originalmente porque de resto....mau!!!!

Seguimos de Puno para a Bolívia...mais propriamente Copacabana, do outro lado do lago Titicaca!! Os meninos e meninas ficaram com o carimbo da Bolivia e eu e a Inês enchemos mais meia página com mais dois carimbos...começo a duvidar que com tantas passagens de fronteira, que as folhas dos nossos passaportes sejam suficientes!!!

Ficámos duas noites em Copacabana, levantámo-nos duas manhäs bem cedo para apanhar o barco para as ilhas do Sol e da Lua, e duas vezes fomos pedir a devoluçäo do dinheiro do barco até lá devido ao vento que se levantou sobre o lago e que impossibilitou a navegaçao...ainda houve um barco que se aventurou, mas rapidamente teve de regressar...enfim, uma das nossas primeiras frustraçöes e sem dúvida a maior dos nossos 4 companheiros!!
Valeu sem dúvida pela possibilidade da compra de muitos regalos a preços mais baixos...täo baixos que quase nos desgraçámos!!! Bem...na verdade...desgraçámo-nos à grande!!!

Para fugir à tentaçao das compras estamos agora em Arequipa...Perú de novo...
Mas isso vai ter de ficar para o próximo post que o tempo de net está-se a esgotar e a fome aperta!!!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Trinta no Machu

Cabe-me agora entao a mim relatar os ultimos dias, passados na companhia dos 4 estarolas. Ja tanta coisa aconteceu que nao sei por onde começar...
Bem, a viagem até Cuzco foi das mais cansativas que fizémos até agora. Quase 24 horas dentro de um autocarro, com pouca comida, quase todos com umas cólicas agrestes devido a uns hamburgers malfadados que tinhamos comido em Lima e dirigidos por um motorista louco (mais tarde viriamos a aperceber-nos que todos os motoristas no Peru sao doidos varridos, mas naquela altura viviamos ainda na inocência).
Cuzco é uma cidade que nao representa minimamente o resto do país. É agradável, limpinha e bonita. Tudo está preparado para o turista (o que também se reflete nos preços). E está também a uma altitude considerável. Mas nós, armados em fortes, resolvemos instalar-nos num hostal situado no cimo da rua mais acidentada. Pobres dos nossos organismos frágeis de tuguinhas, apenas habituados às colinas de Lisboa! Bem podem imaginar como ficávamos de lingua de fora e com o coraçao a querer saltar pela boca. Mas sempre com um sorriso nos lábios pois claro!
No primeiro dia acabámos por nos perder nos inúmeros mercados de artesanato que existem espalhados pela cidade. No segundo dia fomos conhecer o Valle Sagrado. A paisagem nos arredores de Cuzco é toda lindíssima e ficámos fascinados com as construçoes incas e com tudo o que aprendemos sobre esta civilizaçao que adorava o Sol, a Lua e as montanhas.
Entretanto, na pausa do almoço, seguimos atentamente os relatos do jogo da final do campeonato em Portugal, que chegavam através de sms aos telemóveis dos estarolas lampioes e acabámos por celebrar efusivamente a vitória do glorioso (pronto ok, nao tao euforicamente como no Marquês...).
E a partir das seis da tarde (meia-noite em Portugal) começamos também a festejar o aniversário da menina Claudia que, muito bem, resolveu passar a trintona no meio da América Latina rodeada de amigos que a apaparicaram com imensas prendinhas bonitas.
O jantar foi no chinês, com direito a bolo de chocolate com velinha e tudo!
E no dia seguinte a celebraçao continuou. Era um dia muito importante: partimos para Águas Calientes, porta de entrada para uma das Sete Maravilhas de Mundo!
Soubémos que o trilho inca até Machu Picchu estava esgotadíssimo. Como autênticos mochileiros pé de chinelo que somos, optámos pela alternativa mais económica que nos levou até à cidade inca. Qual duas horas de comboio? Vamos mas é partir às 4h da manha, numa carrinha minuscula e recheada com 12 marmanjos, fazer seis horas de viagem por entre desfiladeiros e selva (com um condutor louco pois claro) e depois caminhar mais 3h! Boa! E assim foi.
Uma verdadeira aventura. Particularmente para a Mila, que teve que ultrapassar alguns contratempos: nao só teve que pôr à prova o seu estômago mais "sensível" a curvas e contra-curvas a mais de 3000 metros de altura, como depois teve que ignorar os nervos e atravessar um rio através de um mini-carrinho suspenso por cordas puxadas à mao (os nossos guias esqueceram-se de nos revelar esta "situaçao" com alguma atecedência e fomos completamente apanhados de surpresa. Uma boa surpresa para quem gosta da adrenalina das alturas. Nao tao boa para quem sofre de vertigens). Assim que pudermos colocamos aqui fotos desse grande momento.
Uma fiel história da ida a Machu Picchu nunca fica realmente completa, sem a descriçao do caminho até lá. No entanto, é muito difícil transmitir a beleza destas montanhas. Sao de uma imponência que nos tira o fôlego. Nao admira que os incas as considerassem deuses. Depois as fotos hao-de ajudar tambem!
E no dia seguinte finalmente fomos conhecer a cidade perdida. Como a trintona estava um pouco enferma devido a excessos de gula, em vez de palmilhar escadas durante 2 horas, resolvemos armar-nos desta vez em turistas de luxo e seguimos até ao topo de autocarro.
A primeira impressao foi um pouco assustadora. Como verdadeira ex libris que é, estava pejada de gente por todos os lados. Tal como nós, todos querem ver aquela pequena maravilha. Nao os podemos censurar...
Apesar disso, aquele lugar tem muita força e sentimos a sua energia na pele. Conseguiriamos passar horas a fio apenas a contemplar a magnificencia daquela obra arquitectónica, perdida no meio daquele verde, cuja origem até hoje ainda ninguém soube bem explicar (apesar dos milhentos estudos - também nao ajuda que todos os objectos ali encontrados há quase cem anos continuem na posse de uma universidade norte-americana) e cujo abandono também continua por desvendar.
Conseguimos colar-nos a grupos com guias e aproveitar para perceber que aquela pedra aponta exactamente a Norte e que por aquela janela entra o primeiro raio de sol, no dia do solestício de inverno.
Enfim, podia continuar aqui a contar imensas coisas interessantes que temos aprendido sobre os incas, mas já se faz tarde, já todo o grupo está a dormir e eu também tenho que me render ao leito. Até porque a esta noite nao foi nada mansinha, para nao variar. Fizémos novamente uma longa viagem de autocarro, com bastantes solavancos. Estamos agora em Puno e já fomos visitar as ilhas flutuantes do Lago Titicaca. Mas sobre isso a outra ventosa escreverá um próximo post ;)