segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Um adeus cheio de saudade

Começo este meu último post pela imagem da minha amiga...
Reencontrei esta imagem à algum tempo atrás e não pude deixar de sorrir de saudade.


É sincero e espontâneo o seu sorriso. Foi das últimas noites que vivemos nesta nossa viagem pela américa do sul e por nós mesmas... Nesta imagem eu vejo-a sorridente como tantas vezes a vi, mas com uma energia positiva tão boa, que me recorda a pessoa que é, e que eu tanto gosto.
Cheia de energia, conversadora, alegre...por vezes ansiosa, descontente ou a precisar de atenção (como todos nós por vezes precisamos) esta é a minha amiga. Uma delas pelo menos, mas a que ingressou comigo na aventura que vivi o ano passado.

O ano passado...pois é...já passou... acabou no dia 19 de Dezembro a nossa aventura, precisamente no dia em que se foi embora, de regresso a Lisboa. Desde então já vivi outras aventuras e passei por algumas coisas, mas para mim, esse foi o dia do fim.

A imagem acima relembra-me uma das nossas últimas a verdadeiras aventuras. Uma noite em que nos senti verdadeiramente próximas, excitadas e cheias de vontade de viver a experiência da vida. Foi uma noite animada, dura, solitária, e ao mesmo tempo tão acompanhada. Acho que nunca tinha dormido ao relento com a sensação de que tinha de proteger alguém como naquela noite senti. O frio era algum, e o medo de que aparecêsse alguém naquele vazio era algum também...não vimos o que queríamos, mas para mim foi uma noite intensa e uma das mais vivas na minha memória. Daí para a frente ainda conhecçêmos muita gente, e ainda passeámos, mas recordo-o já como um início do fim da nossa aventura. Intenso, mas já em count-down.

Relembro também esta foto:


Tantos foram os amigos que compareceram na nossa festa de despedida...e com que saudades recordo essa noite, essa festa que me mostrou o quanto é bom dar e receber, o quanto é bom ter amigos, e que bom é vê-los todos juntos. Tenho saudades das festas, das "jolas" pela noite dentro, das saídas, das risadas, abraços e beijos que dei, e que não dei...

Desde essa noite muito mudou na minha vida. Viajei, fiz mais kilómetros em autocarro do que consigo sequer contar, conheci imensa gente, fiz alguns amigos, aprendi a conhecer-me, a ver até onde posso ir e o que realmente quero para mim.
A minha perspectiva de vida mudou e reconheci finalmente o que me dá tranquilidade, o que gosto de fazer, o que posso e o que desejo.
Graças a ti Inês, a mim, aos que nos rodearam, aos momentos de solidão e aos de intensa excitação. Senti saudade, alegria, cansaço, medo, paixão, protecção, isolamento...mas acima de tudo senti que estava a fazer o que tinha de fazer, estava a viver o que tinha de viver, e vivi-o o melhor que sabia e que podia sendo quem sou. Nem sempre foi fácil, mas também não foi complicado tendo alguém de quem gosto por perto.

Assim, resolvi terminar com esta foto de mais um momento de alegria dessa noite ao relento...e com algumas das músicas que me acompanharam nos meus momentos de solidão e que hoje, ao ouvir, além de me relembrarem os pensamentos que tinha na altura, ainda me transportam áqueles bancos reclinados dos autocarros e às noites em que as ouvia incessantemente para tentar adormecer e ser transportada para perto daqueles que quem gosto. Aproveito e aviso que são calminha, afinal, eram elas que me embalavam!! :)

Obrigada por terem acompanhado este blog, e desculpem pela demora do meu último post...acho que estava à espera da inspiração... Não é fácil dizer adeus.

Beijos, e muita saudade....


















Parabéns se conseguiram ouvir todas...e obrigado por nos terem acompanhado através deste blog.

Cláudia

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Volver

E cá estou eu de regresso ao meu país. Contente e triste.
Contente porque as saudades já eram muitas. Tantas que a ansiedade quase tomou conta de mim nos últimos dias de viagem.
Triste porque chegou ao fim a experiência mais enriquecedora da minha vida.
E é neste misto de emoções que lá vou tentando habituar-me à minha velha (e agora nova) realidade.
E aos poucos lá vou digerindo tudo aquilo que me aconteceu ao longo deste ano. Precisava de parar para conseguir fazer bem esta digestão :)
Tenho vontade de escrever aqui também sobre tudo isso. Mas por enquanto ainda não consigo. Vai ficar para mais tarde.
Entretanto deixo o caminho livre para a minha companheira continuar a relatar as suas aventuras. É que para ela a viagem ainda não terminou. Mulher corajosa, mesmo depois de todo este tempo ainda continua com energia para manter o pé na estrada!
E despedir-me seria repetir as gratas palavras dela de uma outra forma. Coisa que também já me fartei de fazer pessoalmente.
Só nós duas sabemos que somos umas vencedoras :)

Espreitem só as fotos de Salvador e São Paulo. Já actualizei o álbum com as minhas também!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O último capítulo? Será?

As tartarugas foram marcantes...tanto, quanto desgastantes!
A directa que fizémos na busca de rastos e ninhos e do vislumbre de alguma carapaça enorme a arrastar-se do mar em direcção à terra foi algo inesquecível e quase doloroso! A rendição ao espectáculo do Tamar e a entrega das tartaruguinhas ao mar foi inesquecível e ao mesmo tempo exasperante pela quantidade de gente e crianças e...e...e tudo o mais que um espectáculo daqueles abarca!
Assim, a viagem de ida para Salvador e depois para Lençóis foi cansativa e originou (pelo menos da minha parte) a rendição ao doce conforto da cama durante toda uma manhã!!

Seguimos para Lençóis directas de Salvador, sem sequer parar para conhecer a cidade, na companhia de Pedro, um Português...o nosso primeiro Português!!!!!! E tivémos sorte, porque além de "gente boa" ainda nos apresentou a sua anfitriã couchsurfer de Lençóis, a Joana!
Residente em Lençóis já há uns bons meses, a Joana guiou-nos um pouco pelas maravilhas das regiões que definem Lençóis como uma das cidades mais belas da Chapada Diamantina! Já para não falar da aula de Birimbau e de todas as explicações, e ainda de um jantar de caril de côco (mas côco a sério, do género de ter de partir a casca e pacientemente retirar a carne do côco à faca!) e abóbora! Não nos podemos queixar!
Além destes dois Portugueses, ainda conhecemos Luis, mais um Português, desta vez ás voltas num tour a grutas e rios muito bonito como podem comprovar pelas fotos já colocadas no Picasa!

Os dias em Lençóis fluiram rápidamente e de lá decidimos seguir para Rio Real, onde nos esperava Rafael, um contacto da Inês. O Rafael trabalha numa coperativa de produtores que estão associados ao comércio justo.

Eu, verdadeira leiga no assunto do comércio justo só posso dizer que valeu bem a pena o desvio da rota para passar estes 2 dias na companhia de Rafael e da sua família.
Tivémos a oportunidade de visitar um dia de grande actividade do mercado da cidade. Ver o mercado com um guia que conhece tanta gente a trabalhar lá é um previlégio! Pudémos aprender um pouco sobre a actividade das pessoas, experimentar coisas novas e aprender bastante. Ainda passámos pelo pequeno espaço da associação onde pudémos conhecer o actual director. Um personagem bastante interessante e bastante comprometido com a sua tentativa de melhorar as condições da coperativa.
Démos uma espreitadinha a uma reunião de produtores, e ainda fomos com um deles, cuja agricultura biológica está bem implementada, fazer uma visita ao seu terreno, onde além de aprendermos sobre a forma astuta como planta e cuida da terra, ainda tivémos o previlégio de provar laranjas directamente da árvore e água e carne de côcos colhidos no momento!
Foi óptimo e digo sinceramente que fiquei encantada ao ponto de já me imaginar a ter um cantinho de terra onde pudésse também eu fazer crescer da terra produtos biológicamente criados! O prazer que é comer sem nos preocuparmos em lavar a fruta!! Ainda se lembram da última vez que fizéram isso sem medo?

Durante o periodo da nossa curta estadia em Rio Real fomos ainda a uma formatura de alunos de uma escola agrícola, que luta por crescer sem grandes apoios, e de onde saem todos os anos cerca de 25 alunos que ali chegaram após rigorosa escolha dos vários municipios dos arredores. Foi memorável, quanto mais não seja pelo facto de nos termos apercebido que estávamos sem a menor hipótese de sair dali (devido ao facto da nossa boleia ser uma das mais importantes personagens da festa e que tinha de permanecer até ao final).
Assistimos uma celebração de gente vestida em traje de festa, com direito a missa, crisma, a um intervalo imenso para colocação de luzes nas tendas, entrega de diplomas um a um, e discurso de todas as pessoas sentadas na mesa (que eram cerca de 8!)...que mais vos posso dizer?...foi memorável! De tal maneira que não hesitámos em apanhar a nossa primeira oportunidade de obrigar o nosso anfitrião a levar-nos a casa! Felizmente, e para amenizar, tivémos direito a um óptimo churrasco brasileiro na companhia do Rafael, esposa e amigos.

Seguimos para Salvador.

O Rafael arranjou-nos um cantacto dele para nos receber, Kiko. Conseguimos encaixar-nos no pequenino apartamento que "simpáticamente" dividiu connosco e ali permanecemos por umas 4 noites.

Passeámos por Itapuã/Itapuan/Itapoan e démos de caras como caloroso Vinicius, perdido no meio de uma praça solarenga. Fomos ao centro, subimos e descemos durante os dias todos que lá estivémos o elevador Lacerda vezes sem conta, passeámos pelas "seguras" ruas do centro e ainda tive o previlégio se ser aldrabada por um dos rapazes pedintes! Pediu-me leite...Para a pequena irmã...e eu, sempre céptica, mas desta vez crente, assim o fiz...e comprei!
Viémos mais tarde a saber que eles depois trocam as embalagens de leite que custam uns 8 reais, por cerca de 2 reais para poderem comprar droga! Uma realidade triste...
Quem nos contou isto da troca do leite por droga foi uma das personagens que nos descobriu no largo do pelourinho!
O nome não me lembro, apesar de nos ter mostrado inúmeros artigos que compilou num caderninho e onde o seu nome aparecia com frequência...apesar de nos ter tentado impingir as xilografias que fazia e que, segundo ele eram apreciadas pelas maiores celebridades do mundo...apesar de ter uma capacidade incrível de contar histórias, fazer rir e ainda de nos fazer perder horas numas escadas de onde só saímos quase ao fim da tarde impossibilitando visitas a museus ou a qualquer outra actividade turistica!

Perdemos demosntrações de Candomblé, e de Olodum...não chegámos nos dias certos...mas tivémos a sorte de ser convidades pelo nosso anfitrião para ir a uma festa de aniversário de um amigo dele, músico percursionista!
Chegámos lá e ao entrar na sala démos de caras com um palco onde os amigos soltavam os dedos na corda de uma guitarra, faziam percursão, cantavam à vez e improvisavam ritmos em instrumentos feitos pelo dono da casa. Uma festa de músicos, onde a música sem dúvida reinou a noite toda e nos encantou!
A Inês teve ainda direito a aula de samba e tudo!!
Ficou combinado que no dia seguinte iríamos assitir a um concerto em homenagem a Aderbal Duarte, um compositor digno de registo. Valeu a pena!
O intérprete, presente na noite anterior na festa de aniversário, embora nervoso, realizou a proeza com grande destreza e adorei descobrir este compositor! A música brasileira tem realmente muita coisa para se descobrir e estou sempre a descobrir novos ritmos!

Que mais posso dizer de Salvador...ah...já sei...foi também a cidade onde nos perdemos a comprar tecidos com flores e mais flores, de corres garridas e cheias de vida!!! "Ele" eram calças, saias, toalhas de mesa...a imaginação voou alto naquela loja de tecidos!! :D

Com a ajuda do Kiko consgeuimos comprar um vôo directo de Salvador até São Paulo e em vez de perdermos um dia e duas noites de viagem de "ônibus", em 2h30 horas estavamos a aterrar em campinas!

São Paulo foi a nossa última cidade.
A viagem acabou nesta metrópole com algo de NY (na minha opinião!)...é enérgica, cheia de ofertas culturais e trânsito...muito trânsito!

Fomos recebidas pelos nossos calorosos amigos Werner e Pedro, que além de nos mostrarem o mais possível a cidade e de nos levarem ao teatro, ainda nos arranjaram dormida na casa da Ítala (namorada do Pedro)e da Tarcila.

E assim chegou ao fim o último capítulo da viagem. Não me vou prolongar nas descrições da cidade de São Paulo, porque terei oportunidade de o fazer quando a minha irmã e o Silvio cá viérem para a passagem de ano.

Da minha parte, ficarei por aqui por hoje, não só porque isto já vai longo (como sempre!) mas também porque as despedidas são sempre difíceis, e esta é a minha despedida para a Inês.

11 meses depois de ter começado, terminou a nossa travessia, a nossa viagem, a nossa parceria. Com o devido descanso de 3 meses a que nos sujeitámos para reunir energias e dinheiro para conseguir terminar a viagem no pais pretendido, aqui estamos nós!

Não vou fazer discursos, nem avaliações...guardarei isso para o fim da minha viagem, que na verdade só será quando encontrar um poiso neste país, ou seja, lá mais para o fim de Janeiro.
No entanto, vou aproveitar o momento para me despedir da minha companheira, que ao longo deste ano me ajudou a perceber quantos paus são mesmo necessários para fazer com que uma canoa não tenha furos e realmente flutue!
Aprendi muito com a minha Amiga, e só lhe posso agradecer por ter sido tão paciente e resistente nos momentos em que parecia que a canoa ia afundar. Não posso dizer que não tenhamos tido os nossos momentos, porque os tivémos, como qualquer parceria que convive 24h sobre 24h...mas não me imagino a ter feito esta viagem com mais ninguém...Obrigada Inês, por teres sido um espelho, e me teres acompanhado sem hesitar, sempre.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Tartarugando

Antes de tudo deixem-me lembrar-vos que foram actualizadas há relativamente pouco tempo as fotos dos ultimos três albuns deste blog!
Cabe-me então agora neste post relatar os acontecimentos desde Aracaju. Na verdade só lá ficámos um dia e meio, o que não me permite tecer grandes comentários sobre a capital de Estado mais pequena do Brasil. Mas posso dizer que é uma cidade simpática!
A nossa ideia era de lá partir para Mangue Seco, uma praia bastante isolada e conhecida por ter sido o cenário da famosa Tieta do Agreste. Mas afinal é tão isolada e inacessível (a não ser que queiramos gastar uma nota preta)que desistimos de lá chegar. Na nossa espera desesperante por companhia para encher o barco, acabámos por conhecer um casal que nos ofereceu uma boleia irrecusável até á Praia do Forte, já bem pertinho de Salvador.
Quando lá chegámos nem queríamos acreditar. Há vinte anos seria uma vila de pescadores, mas que agora está transformada num lugar demasiado turístico. Ficámos sem vontade de permanecer muito tempo até que.... conhecemos o Projecto TAMAR.
Trata-se de um projecto apoiado pela Petrobras (sobre isto muito se poderia especular)de protecção de tartarugas marinhas em perigo de extinção. Ficámos completamente rendidas aos encantos daqueles bichos de carapaça que nós nunca tínhamos visto ao vivo. No primeiro dia que visitámos o projecto andámos horas perdidas pelo recinto a observar aquelas que estão em cativeiro e a absorver toda a informação sobre o seu habitat. Descobrimos uma coisa muito importante: estamos precisamente na época de reprodução. Todas as noites algumas tartarugas sobrem até ao areal e quando se sentem seguras cavam a sua covinha e depositam os seus ovos. Logo após regressam ao mar. Depois de mais ou menos 65 dias os filhotes furam a areia e dirigem-se ao mar para iniciar a sua luta pela sobrevivência. Em média apenas uma tartaruga em mil consegue voltar na idade adulta ao mesmo local. A grande maioria morre pelo caminho, vítima das agressões animais e humanas que o mar oculta.
Decidimos que tínhamos que assistir a este grande acontecimento. Queríamos ver uma tartaruga mãe a desovar! Queríamos ver os filhotes a correr para as ondas!
O problema é que tudo isto só se passa durante a noite e as equipas de monitorização do TAMAR que fazem o controle já não transportam visitantes para acompanhá-los. Teríamos que safar-nos por conta própria. Foi aí que a aventura começou.
Na primeira noite dirigímo-nos à praia (depois de andarmos meio perdidas no meio de condomínios fechados intermináveis que dificultam o acesso ao areal) mas a escuridão assustou-nos e desistimos rapidamente da ideia, não fosse aparecer algum "maldoso" pelo caminho. Fomos antes assistir ao concerto do Paulinho Moska que decorria no largo da igreja. E gostámos!
Na segunda noite sentíamo-nos mais seguras e afoitas. Afinal, toda a gente nos dizia que o território era pacífico e não havia problema.
Ainda pedimos a companhia de um dos colaboradores do TAMAR. Mas o moço depois de tocar e cantar com a sua banda numa festa de rua (onde também estivémos presentes) ficou muito cansado e acabou por adormecer. Mas nós não desistimos! A caminho da praia passámos por um restaurante de sushi e conhecemos os gerentes, dois portugueses do Norte do país que largaram tudo para viver à beira da praia, oferecendo comida e música (um repertório em inglês, bastante incomum nestas paragens) aos seus clientes.
Lá foram então as duas malucas para a praia, sonhando assistir a um dos inúmeros milagres que a natureza nos oferece. Apenas um! Não pedíamos muito!
Andámos, sentámo-nos, fizémos uma covinha na areia para dormir um bocadinho... enfim, uma noite movimentada e tartarugas nem vê-las! Seria exigir muito à nossa sorte de pseudo-biólogas principiantes...
Os biólogos do TAMAR passavam constantemente por nós, na sua ronda e olhavam-nos com estranheza. Nós avisámo-los que estávamos a "tartarugar" mas que iriamos ter cuidado com os ninhos já assinalados e que não iriamos interferir se víssemos alguma tartaruga a dar à costa. Ficaríamos apenas assistindo á distância.
Na madrugada do dia seguinte qual não foi a nossa frustração quando percebemos que bem ao lado do local que tínhamos escolhido para pernoitar, havia o rasto de uma tartaruga que tinha vindo deixar o seu legado. A praia é muito extensa e realmente era preciso ter muita sorte para acertar no sítio exacto!
Enfim, seguimos derrotadas para o hostal e dormimos o resto da manhã na rede do quintal.
Nessa tarde finalmente o destino resolveu brindar-nos com um punhadinho de generosidade. Pudémos assistir à abertura de dois ninhos e à largada dos filhotes para o mar, dentro do recinto do TAMAR.
Uma multidão a assistir, muitas máquinas fotográficas em riste, sem sombra de algum romantismo, mas lá conseguimos saciar um pouco a nossa sede.
Estes primeiros momentos da vida destas pequenas tartaruguinhas não deveriam ser expostos desta forma. E na maioria dos casos não o é. Trata-se apenas de uma estratégia da TAMAR para se tornar mais sedutora para os visitantes e assim conseguir mais apoio para proteger estes animais. Pareceu-me um projecto bastante interessante e bem integrado na comunidade local, com quem é desenvolvido também algum trabalho social.
E não nos podemos esquecer que a extinção é para sempre! Convém evitá-la!
Depois de abandonarmos a Praia do Forte dirigimo-nos directamente para Lençois, a fim de visitar uma parte da Chapada Diamantina. Já estão as fotos disponíveis. Em seguida rumámos a Rio Real para conhecer uma Cooperativa de Comércio Justo composta por produtores de laranjas e maracujá. Agora chegámos finalmente a Salvador e muit haverá para contar num futuro próximo!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Pequenos Paraísos e grandes desilusões

Ora bem...então onde é que nós ficámos?
Paraíso, não foi? Pois, agora a pergunta é, em que paraíso é que ficámos?
Atins, um...Jericoacoara, dois...Fortaleza...aqui a coisa já foi pior!! Pior não, diferente!
A cidade eleita por tantos Portugueses pelas suas praias paradisíacas deixou muito a desejar!
Tivémos o prazer de ser recebidas pelo Adrien, Françês residente por uns meses por estas paragens. Levou-nos a ver o melhor da cidade, que, se reduzia ao forte, à antiga prisão transformada em mercado de artesanato, a prédios que escondiam casas que em tempos devem ter sido esplendorosas, o pequeno centrol cultural e o seu Dragão do mar (um dos poucos locais de referência), o Teatro, a antiga estação de combóios, a famosa praia do Futuro que está perto do que será uma costa da Caparica para nós, a fabulosa e rica universidade que essa sim é invejável não só pela dimensão do campus, como pelo jardim cheio de fontes, a zona de refeições que se assemelhava a um centro comercial...enfim, um mundo! Pelas fotos vão poder perceber que para Paraíso falta um bocadinho! No entanto, foi bom o convívio e foi ainda melhor perceber que a nossa viagem se destaca de várias outras, que nós mesmas já fizémos, quanto mais não seja porque nos permite perceber como estamos condicionados pelas agências de viagem a ir para destinos que hoje em dia de paraíso pouco resta! O turismo puro e duro tudo estraga, e Fortaleza é prova do crescimento desregrado e direccionado que esse turismo em excesso provocou!

Depois foi a vez do Recife...mais uma cidade de renome, que depois de Fortaleza, eu particularmente, temia visitar!
No caminho, no pequeno almoço que comemos a caminho, conhecêmos Carol, uma residente de Fortaleza que ia para o Recife passar o fim-de-semana e a quem nos "colámos" para ir a uma casa de forró famosa por estas bandas, a "Sala de Reboco"! Depois de uma visita pela cidade, que apesar de suja, tem zonas que (um dia) bem recuperadas prometem desenvolver-se e tornar-se em zonas onde a permanência ainda poderá ser bastante agradável!
Havia festas na cidade e isso ajudava a aumentar o espírito de festa...já para não falar de que chegámos a uma sexta, e tudo se preparava para sentir o forró!
A noite foi porreira, e tivémos o prazer de dar um passinho de dança com os locais e ainda conseguir que uns exemplares não "largássem do pé"! A Inês quase que chegou a levar para casa uma t-shirt de faculdade como presente da noite! Foi muito giro, e o convívio com a Carol e o namorado culminou num convite para ir no dia seguinte visitar uma praia perto e Olinda, terra do Frêvo e do Maracatú!
A Praia do Guabi era linda, mas melhor foi mesmo a vibrante cidade de Olinda, que nos brindou com música, arte e artesanato, e uma vista espectacular sobre o Recife...já para não falar do ambiente da cidade, que, formada por um amontoado de casinhas coloridas e muitos espaços verdes, foi um prazer conhecer! Ainda tentámos regressar no dia seguinte para ver os ensaios de maracatú, mas com a dificuldade que tivémos em encontrar "ônibus" que nos levássem até lá a um domingo, acabámos por dar a mão à palmatória e dar apenas mais um passeio por Recife e depois rumar para Porto de Galinhas!

Brevemente que isto já vai longo...Porto de Galinhas...turístico e caro, mas muito bonito e com um excelente açaí! A praia de Maracaípe, logo ao lado e onde nos entretêmos a tirar fotos na água, igualmente um paraíso! O meu único arrependimento é ter comprado lá um azulejo pintado por um rapaz de rua que nos queria "mostrar a sua arte"!...mas isso era uma história longa...digo apenas, que espero ter aprendido a lição e controlar a partir de agora um pouco mais o meu instinto de compradora de arte!!! :D

Paraíso número três...Maragogi... uma vilazinha pacata, onde se pode andar pela rua em segurança mesmo à noite (coisa complicada de fazer nas cidades de Fortaleza ou Recife, ou mesmo Olinda) e onde fomos fazer o meu primeiro snorkling nas piscinas de corais que esta costa nordestina tem!
Foi lindo flutuar acima das ilhas de corais, no meio dos peixinhos de cores fabulosas, dos ouriços e estrelas do mar, e tudo isto apenas pagando a gasolina do barco, pois ao contrário dos outros turistas, nós conheçêmos Paulo, o auto-intitulado hippie que dormia numa "barraca" na praia, e que conhecia o rapaz do barco! Há gente com sorte, né?
Seja como fôr, alêm do passeio de barco ainda aprendemos a fazer peças de artesanato em bronze! Foram dois dias intensos e bastante produtivos!

De Maragogi passámos a correr por Macéio (onde acabámos por não permanecer) e rumámos a Aracajú...mas isso meus amigos, vai ter de ficar para a próxima, que isto já vai longo e tenho de deixar alguma coisinha para a Inês escrever no próximo post!

Beijinhos e saudades do nosso Portugal!!!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Feijão com arroz

Ainda faltou dizer que muito pertinho de Belém visitámos também a ilha onde se localiza a pacata vila de Algodoal, famosa pela beleza da praia da Princesa e pelo ritmo do carimbó, que infelizmente não conseguimos ouvir ao vivo. Apenas na rádio (as aparelhagens do Pará são hiper famosas!) da tasquinha simpática onde jantámos e escutámos histórias alucinantes. "Pai d'égua!"
O mergulho que démos à noite na praia, banhadas pela luz da lua, foi também alucinante :)
A próxima paragem foi então São Luís do Maranhão. Mas apenas de passagem (viémos a saber só mais tarde que a cidade até tem bastante para oferecer), pois seguimos directamente para Barreirinhas, o ponto de paragem obrigatório para quem quer visitar os famosos Lençóis. E nem aí nos demorámos muito tempo, pois recusámos os tours demasiado programados às dunas. Nós queríamos ir por nossa conta e não enfiadas numa carrinha com todos os turistas. Então nada melhor do que apanhar um barco (já tínhamos tantas saudades de andar de barco!) até Atins - demora umas cinco horas - e daí caminhar ou apanhar um transporte alternativo mais económico.
Atins é um lugar a não perder. A primeira praia que considerámos paradisíaca. Ainda bastante selvagem e pouco tocada pelo homem, é o refúgio de vários estrangeiros que escolheram este cantinho para ter uma vida tranquila. Nós tivémos a sorte de conhecer o Federico - um argentino e advogado de Córdoba que ali está a iniciar uma nova fase da sua vida - passeando os seus cinco cães na praia. Ele convidou-nos para jantar peixinho e camarão na sua casa, juntamente com alguns amigos (nomeadamente uma francesa e um espanhol). Estava tudo delicioso e a seguir ainda fomos dançar um pouco no baile de forró lá da terra. Foi a primeira vez que eu assisti e participei (uma participação breve é certo) num baile de forró. E era daquele bem rápido e electrónico! Foi uma experiência. Há quem nos esteja a ler e saiba do que eu falo. Quem não sabe, terá que vir aqui observar porque é indescritível :)
A música é realmente uma componente muito forte da identidade brasileira. E é vivida de uma forma naturalmente sedutora e livre, deixando desarmado qualquer europeu habituado a movimentos rígidos e infantis, aos quais ele chama de dançar :)
Os brasileiros que vivem com o Federico levaram-nos entao na manhã seguinte de moto quatro até à Lagoa Verde, bem no meio do Parque dos Lençois. Foi muito bom! É tão bonito observar aquelas montanhas de areia, mesmo agora que tudo está bastante seco! Imagino como será na época das chuvas, quando a água enche todas as concavidades formando os riachos azuis no meio do branco!
E melhor ainda foi ver essas formas das dunas de madrugada, iluminadas pela luz da luna, no percurso entre Barreirinhas e Tutóia. Não fosse o agressivo bambolear da carrinha e o cheiro intenso a gasolina, o trajecto seria bem romântico :)
Daí até Parnaíba foi um pulinho e depois outro até Jericoacoara, dessa vez de Buggy pela costa com o casal da ardente brasileira e do panhonha americano :)
Jericoacoara foi o nosso segundo paraíso. Talvez porque as expectativas não eram muitas. Talvez porque não esperávamos nada...
Jericoacoara é bem mais turístico do que Atins, mas não deixa de ser acolhedora. Pelo menos nesta época ainda baixa. O destino eleito pelos amantes do kyte surf (?), é uma terra onde os burros pastam à beira-mar (e talvez daí lhe venha o nome - há quem diga que tem a ver com um jacaré) e muitos peregrinam até à duna gigante para ver o magnífico pôr do sol. Nós também lá estivémos e eu até experimentei fazer um bocadinho de sandboard (sentada claro!).
Agora já estamos em Porto de Galinhas vice? Tá ligado?
Entretanto já passámos por Fortaleza e Recife. Pernambuco já é terra de maracatu e frevo, outros ritmos que animam a galera.
Mas depois a Cláudia conta-vos melhor pois o meu testemunho já vai longo e temos que ir arranjar algum transporte que nos leve a Maceió! Sempre prontas para seguir pela estrada fora!
Estamos super fãs do açai (ainda há bocadinho comemos um com banana mel e muesli divinal), da tapioca (ai então aquela com goiabada e queijo!)e de todos os sucos de frutos com nomes impossíveis de decorar (ok, alguns - cupuaçu, acerola, graviola, bacuri...)que temos encontrado por estas fantásticas terras brasileiras :)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Amazonas!!

Os dias passaram lentamente, quentes e lentamente, e cada noite, após o pôr-do-sol avermelhado, com que fomos quase sempre brindadas e que tingia as águas castanhas do rio com tons indiscritíveis, as horas arrastavam-se no embalo de redes penduradas e acompanhadas pelo ruído dos motores do barco!
As vista foi mudando ao longo do percurso, que no total durou duas semanas...a desflorestação, apesar de discreta, é visível quanto mais nos aproximamos do atlântico e vêem-se constantemente fogueiras ao longe a partir da cidade de Manaus...um dia, até cinzas esvoaçávam pelo céu no meio do rio...dá uma certa melancolia quando recordamos as margens cheias de árvores frondosas que aprendemos a reconhecer e até a amar durante os dias em que estivémos na selva amazónica peruana!

O percurso dividiu-se em etapas...3 dias e 2 noites de Iquitos até à fronteira, 4 dias e 3 noites da fronteira (Tabatinga) até Manaus, 3 dias e duas noites de Manau a Santarém, e novamente 3 dias e duas noites de Santarém a Belém, cidade em que nos encontramos de momento! Fomos parando nas cidades para que as costas pudéssem recuperar a linearidade perdida na curva das redes, mas sempre pelo menor tempo possível! Ao longo dos dias os barcos mudaram e as condições também!

Uns tinham comida servida distribuida na rede, por pessoa, outros no refeitório ao toque do sino em horários nada normais (5h30-peq. almoço, 11h -almoço, 17h-jantar!), outros não tinham nada e tivémos de andar de pão e latas de atum em riste, outros tinham mas nós já estávamos tão farta da variedade alimentar (frango, arroz e massa) que acabámos por preferir as tostas do bar...enfim...foi interessante em termos alimentares...de resto, as dormidas...que dizer? Redes amontoadas, e uma tentativa constante de, em cada paragem, evitar que mais gente se colásse a nós reduzindo ainda mais o nosso espaço vital!!! Atenção constante ás malas que aumentaram com as redes e provisões...e calor...muito calor...valia-nos a brisa do fim do dia e o fresco que vinha sempre depois das chuvas que caiam ao fim da tarde! Por falar nisso, tenho de referir que até tivémos direito a uma tempestade!! :D
As Wc, são como previsto anteriormente, de utilização limitada, dadas as condições, que variavam desde chão cheio de água (ou assim queríamos nós pensar que fôsse!), imensas borboletas nocturnas de tamanhos abismais coladas pelas paredes, submarinos flutuantes, mau cheiro...mas...e porque na verdade isto surpreendeu-nos, não foi tão mau como estávamos à espera! Tinham chuveiro e sanita, e algumas até tinham luz! E apesar de tudo, acho que posso dizer que não correu nada mal!!!!

Tivémos enfim, muito tempo para escrever, ler, falar com os nativos aprisionados no barco como nós, e conhecer mais viajantes que de alguma forma solidária animavam o nosso isolamento e davam nova vida aos minutos que adormeciam nas horas!

Pudémos perceber as claras diferenças entre Peruanos e Brasileiros...pelo menos os do Amazonas, que primam pela constante tentativa de engate! Um rabo de saia não está a salvo por estas partes, e até o adultério é tolerado e muito pouco camuflado! Assim, resolvemos dar por iniciada a nossa análise sociológica dos habitantes deste pais!!! Começámos pelo norte, que é, segundo consta, onde os verdadeiros ataques acontecem...rumo ao sul, tenderão a ser mais discretos apesar do à vontade inerente...e nós, verdadeiras aventureiras iremos registando as alterações de comportamento e atempadamente vos comunicaremos!

Para já, fica a nossa vontade de poder vir á net com mais frequência para não manter o nosso blog tão desactualizado. Como disse antes, estamos neste momento na maior cidade do estado do Pará, Belém, na foz do Amazonas. Para trás ficou o estado da Amazónia, e as poucas cidade de conseguimos visitar, Manaus...cidade enorme, quente e húmida, onde apanhámos o Amazonas filme festival e nos encantámos com o artesanato...Santarém, mais pequena, bonitinha, e que tinha bem próximo um paraíso de águas azuis onde disfrutámos de um belo dia de praia (Alter do Chão)...Amanhã partiremos em direcção a São Luis para tentar chegar aos Lençóis Maranhenses e a essas famosas dunas!

Espero que estejam todos bem!
Beijões das ventosas!!!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Nas margens do Amazonas

E o mosquiteiro deu resultado, porque aquela baratinha que estava na casa-de-banho nao nos veio visitar durante a noite! E quando fomos tomar a nossa banhoca de balde, ela tambem já nao estava la :)
Acabámos por só passar um dia na cidade de Iquitos, pois a vontade de pisar a verdadeira selva amazónica falava mais alto.
Dissémos um "até já" à tia da Lupe e partimos de barco com o senhor Carlos até à casa do Lucho e da Maria, em Fátima, nas margens do Amazonas, já a caminho do Brasil.
Ficámos encantadas com aquele lugar. Uma casa toda construida com madeira e folhas de árvores, quase sem paredes e portanto uma vista panoramica verdejante desde o nosso quarto.
Foi uma experiencia bastante intensa. A selva vive-se intensamente.
Fizémos muitas caminhadas guiadas pelo Carlos de catana em punho, que nos ia explicando todos os perigos escondidos por detrás daquelas folhagens. Quase todos os animais sao venenosos. Quase todas as plantas sao medicinais. Os passeios tornavam-se em verdadeiras aulas descritas por alguém com anos de experiencia naquelas paragens e muitas peripécias com turistas para contar. As histórias eram sempre bastante assustadoras, mas nós nunca nos deixámos intimidar! Armadas de botas e repelente estávamos sempre prontas para a aventura! E água, muita água, porque com esta temperatura e humidade aqui transpira-se a valer!
Os bichos mais perigosos (felizmente?) tivémos mesmo que acabar por vê-los em locais seguros e preparados, onde eles vivem em semi-cativeiro (porque nao estao encerrados em jaulas e podem movimentar-se livremente) e se deixam tocar. Apesar de tudo achamos que vivem bem ai e esses lugares nao têm qualquer comparaçao com os tradicionais e tristes zoológicos.
Estivémos entao com papagaios, tucanos, macacos, serpentes, anacondas e até uma capivara! Para nao falar de todos os insectos e rastejantes que fomos encontrando ocasionalmente pelo caminho e que aqui têm dimensoes impressionantes. E de todos aqueles que vinham à noite visitar-nos à nossa casinha e que deixavam a Claudia bastante saltitante :)
E à noite? É impossível descrever o ruido nocturno da selva. Quanta vida escondida naquela escuridao, que apenas era agitado pelos bichinhos luminosos voadores.
E devo dizer que fiz uma pequena caminhada nocturna e admiravelmente nao tive medo do breu! Confesso que normalmente nao me sinto muito confortável sem luz. Começo a imaginar todos os monstros que poderao estar a perseguir-me e que irao surpreender-me a qualquer momento. Mas ali estive sempre tranquila e sentindo-me em perfeita comunhao com a natureza à minha volta. Foi muito bom! Também ajudou o facto de nao termos encontrado nenhuma criatura assustadora. Bem que procurámos as tarantulas, mas elas fizeram greve.
Também tomámos banho no Amazonas, perto dos golfinhos e das garças e fizémos muito mais coisas. Gostámos tanto que a nossa estadia se prolongou por mais uma noite. Mas é impossível contar tudo aqui.
Amanha esperamos apanhar o barco que nos levará até à fronteira com o Brasil. E depois daí ainda seguiremos uns diazinhos... sempre de barco.. sempre lentamente... contemplando....
Talvez tao cedo nao poderemos dar novas noticias, mas prometemos um post para quando chegarmos ao outro lado do gigante Brasil!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Está quase!!!

Um pulinho à praia...a intençao era de facto essa, mas nao foi o que encontrámos em Sta Rosa, mesmo, mesmo ao lado de Chiclayo e onde se faz surf em Totoras (pranchas em palha)...parece interessante, nao?! Pooooiiiissss...

Passo a contar:
Chuva, praia de areias cinzentas e barcos de pescadores em reparaçao e um restaurante acolhedor com petiscos marinhos mesmo à mao de semear...será necessário dizer algo mais!?
Cedemos à tentaçao e do mergulho no atlantico rápidamente abraçámos a causa culinária e nos dedicámos a saborear uma deliciosa tortilla de raia e um belo suadito de peixe congrio!! Dai para o artesanato local de Monsefu foi um pulinho e eis-me de rede (Amaca) em punho, prontinha para a aventura das lanchas amazónicas de viagens intermináveis e wc's cujos relatos de outros turistas nao permitem sonhar com nada de idílico...Já vos dissémos que nos aconselharam uma dieta de frutos para evitar ter de ir fazer...aquilo!?!?!?

Bem, mas antes de aí chegar, tenho de vos falar de Chachapoyas! A cerca de 10 horas de Chiclayo fica a cidade de Chachapoyas. O nome deixa um pouco a desejar, mas o local foi sem dúvida um dos nossos favoritos em todo o Perú! A publicidade à zona nao é muita, o que ajuda a reduzir o número de turistas e nos permitiu estar tranquilamente entre os locais, que, ao contrário do que se passava em Chiclayo, nao nos assustavam constantemente quanto aos "rateros" e aos seus ataques aos turistas deprevenidos! Em Chachapoyas o ambiente é outro! Colonial, e perdida no meio de uma zona pré amazónica de 2000m de alttura, a regiao de Chachapoyas conserva ruinas imponentes, uma flora e fauna digna de visita e umas paisagens marcantes. Se algum dia alguém se inspirar neste blog para visitar o Perú, por favor nao se esqueçam de lá ir!
O nosso tempo nao era muito e de tanto que havia para ver, reduzimos os tours a uma cascata de 771 m de altur (a 3 maior do mundo), a Huancas, terra de cerâmica e com um desfiladeiro impressionante e à propria cidade...
...muito ficou por ver, e as ruinas de Keulap ficaram-nos atravessadas pois paracem ainda mais impressionantes do que foi Machupichu...mas enfim, nao se pode ter tudo, e tínhamos vôo de Lima a Iquitos marcado para dia 24!!

Conclusao, e até porque isto já vai longo e nao quero que os corajosos que chegaram até aqui dedistam de ler as cenas dos próximos episódios... depois de 23h de autocarro, 2h de espera de aeroporto e mais 1h30 de aviao, conseguimos chegar até Iquitos onde a familia da Lupe nos esperava!!! Foi a primeira vez que tivémos recepçao à chegada!!!!

Lembram-se dos 4 estarolas nos terem visitado em Maio? Nessa altura ainda ponderámos vir até Iquitos, mas a distancia e tempo de viagem de barco obrigaram-nos a desistir dessa proeza que agora nós, lá conseguimos finalmente atingir!!!

É verdade amigos, voltámos à luta dos mototaxis!! Pó, poeira e mosquitos atirados a grande velocidade contra os dentes...os olhos semicerrados para tentar ver alguma coisa, e buzinas por todos os lados... calor...muito calor, e finalmente redes mosquiteiras postas a uso!!! Nao que houvésse grande vontade de passar por isto, mas se pensarmos que já as tinhamos desde maio na mochila à espera deste dia...já para nao falar dos repelentes...ainda no outro dia a Inês deitou um fora por estar ultrapassado o prazo de validade! Há que cumprir os prazos, né?

Seja como for, a verdade é que chegámos finalmente a um dos ponto altos da viagem...a selva amazónica e a viagem de barco até à costa atlântica brasileira!! 9 meses depois de iniciada a viagem, aqui estamos!

Infelizmente com as ligaçoes de net que temos apanhado nao conseguimos ainda pôr fotos de nada desde o reencontro das ventosas, mas nao esta esquecido... estejam atentos...

...e assim me despeço...com amizade...até ao Brasil!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

As ventosas estao juntas outra vez!

É verdade, depois de uma pausa, cada uma em seu cantinho do mundo, cada uma atarefada com diferentes coisas, uma no campo e outra na cidade, as mochileiras voltaram a encontrar-se em Lima no dia 14 de Outubro.
Despedi-me de Uspallata e de todos os seus encantos de inicio de primavera e rumei ao norte, para me reunir com a minha amiga que deu um pulinho a Portugal mas voltou para me acompanhar neste ultimo pedaço da viagem.
As saudades eram grandes e havia (e continua a haver) muito para contar!
Fomos acolhidas por uma familia muito simpática em Lima e a nossa estadia acabou por se estender um pouco mais do que o previsto. Tivémos direito a muita música nativa e boa comida.
Neste momento estamos em Chiclayo e entretanto já fizémos uma paragem em Trujillo.
Continuamos a conhecer o legado de antigas civilizaçoes. Em termos de preservaçao do patrimonio cultural, de sociedades incas e pre-incas, o Peru tem-se demonstrado imbativel.
Ontem visitamos a ruinas de Chan Chan e hoje a tumba do senhor de Sipan, um lider que governou nesta zona nos séculos I a V.
Amanha vamos dar um pulinho a praia. Será que é desta que mergulhamos no Pacifico? O tempo aqui ainda nao esta grande coisa...
Estamos contentes e entusiasmadas por estar novamente com o pé na estrada e cheias de energia para esta etapa.
nao percam os proximos episodios porque em breve estaremos na selva. 40 graus e muita bicharada :)